Young woman sitting on bed and looking through window

Negação de um futuro

De certo que partilho a minha dor com alguns de vós, com muita pena minha.

Quando queimamos mais do que as pestanas, enfiamo-nos nos livros durante dias e dias e mergulhamos naquele oceano infindável com profundidade superior a duas fossas das Marianas, e chegando aos exames, logo se solta o pânico!

Como controlar esta ansiedade?

Como fazer valer a pena três anos de excelência com um término excecional do secundário?



É que se existe uma receita para isso, eu preciso dela.

Bom, como já devem ter percebido este é um post de revolta. O meu sonho de ser médica foi destruído pelo nervosismo e pressão das média altíssimas.

Até á última acreditei que conseguia, acabei o meu 12º ano com as melhores notas que podia ter.

Devo confessar que me rendi à rebeldia no 10º ano, onde não estudava para aí além, e como no básico as aulas chegavam, pensei que seria o mesmo. Foi um balde de água fria. Sim, faço parte do grupo que sentiu um grande impacto na transição de anos letivos. Mas, passando isso, ergui-me. Até que a meio do 11º ano, tomei uma das maiores decisões da minha vida acadêmica, a palavra “medicina” começou a ser assídua no meu vocabulário, especialmente quando me questionavam sobre o que gostaria de seguir. Naturalmente, as vontades já as tinha todas recolhidas, mas algo travava o voo da minha passarola: As minhas notas do 10º ano, que não eram assim tão baixas, mas nada próximo do extraordinário.

Senti que ali tinha nascido um sonho, e era esse o plano que eu queria por em prática na minha vida, por isso foquei-me, lancei-me aos livros. Para mim, tudo corria bem, recuperei tudo o que tinha a recuperar, e acabei o secundário com uma média jeitosinha , pronta para me lançar aos exames e sacar uns belos 18 valores, sim, plural, porque fiz 4 exames neste ano.

Sou uma pessoa que confia muito pouco em si própria , nunca acreditei real e profundamente que conseguia obter aqueles resultados, mas tive sempre esperança, que remédio. Dei-me sempre ao luxo (quase como quando a nossa mãe nos perdoa de exercer as tarefas chatas em casa) de colocar uma margem de um valor nas notas dos exames nacionais, e entrar noutra cidade. Naturalmente esse era o meu plano A, alargado a 7 universidades portuguesas. Como pessoa organizada e que sofre por antecipação que sou , tinha também o B C D E , que passavam por Medicina Dentária , Veterinária, e uns cursos de que me lembrava de um momento para o outro e disparava para o ar. Mas , sinceramente, coisa que não fiz, foi pensar a fundo nas minhas outras opções, não sei se por medo de ter de pensar nelas ou meramente por preguiça e falta de tempo para isso.

A verdade é que, depois da minha choradeira e completo desespero e quase trauma com a palavra “exame”, o assunto está mais sério.

Vi as minhas hipóteses de ingressar em medicina reduzidas a 0, tais como os meus planos B C D e outros que tais. Sim, caiu-me o mundo, quando algo fica fora do meu controlo entro ligeiramente em paranóia, e neste momento, não podia estar tudo mais ao sabor do vento sem eu poder manusear a corrente.

Não vou ser, certamente, daquelas pessoas que vivem com o gosto de dizer “não entrei em medicina por duas decimas”, vou ser profundamente rejeitada e a minha candidatura dará vontade de rir até ao sistema informático que trata das colocações (salvo o erro).

Os exames nacionais deram-me cabo da vida (frase que reina a minha mente nos últimos tempos) não propriamente o grau de dificuldade, mas sim a situação e a consciência de que só tenho aquela oportunidade.

Sei que posso tentar os anos que eu quiser, mas entre esse espaçamento de exames nacionais, há um ano que não estou no lugar onde quero estar.

Por isso agradeço com o sentimento mais irônico e profundo do meu coração, ao meu sistema nervoso que não aguenta a sala do exame e o mexer dos ponteiros do relógio.

Obrigada ao meu foro psicológico por não aguentar estudos intensivos sem se desgastar.

E , o mais importante , obrigada sistema de educação, por teres estes dois pontos em consideração especialmente quando se trata de adolescentes, que, honestamente, não tem poder para delinear uma vida em 2 ou 3 horas.