Nós, jovens, também temos o direito a sonhar


Escrevo isto com toda a sinceridade e, talvez, quem saiba, a incentivar outros jovens que, igual a mim, se sentem presos ao sistema.

Recentemente terminei o mestrado, e fui a duas entrevistas de emprego que acabaram por ser surreais, pelo lado negativo, sendo que acredito serem inerentes a um problema de fundo maior. No decorrer da faculdade, sempre fui um aluno que queria saber sempre mais, que queria crescer, aprender com os mais professores experientes e saber tanto como eles. Ingénuo da minha parte? Talvez… Mas adorava a adrenalina de tentar ser melhor. No entanto, nunca senti uma boa receção dos professores perante este comportamento e a verdade é que nunca fui o aluno calmo, paciente, com ar de estudioso e que parece querer agradar aos professores. Sempre sonhei com as estrelas, e não com a lua, e sentia prazer nisso; na garra, na exuberância, nos sonhos grandes! Sempre quis ter voz própria e não deixar que os professores me dissessem o meu valor. Escusado será dizer que raramente corria bem, tive boas notas penalizadas por comportamento entre outras coisas, não obstante, nunca senti medo.

Nós temos o direito de sonhar! Sonhar com uma vida melhor, sonhar que somos capazes de grandes coisas, ter as mesmas oportunidades que os nossos professores tiveram, que, agora, tanto escasseiam para alunos com talento e potencial. Não temos de aceitar “as migalhas”, às vezes nem isso, deixadas pelos mais velhos, o desprezo pela “inexperiência” dos mais jovens, no pressuposto de que juventude é ignorância ou é jovem e não sabe nada. Podemos chegar longe, podemos vingar e podemos ser mesmo bons sem os “20, 30, 40 anos de experiência”. Somos jovens, temos talento, garra e motivação de fazer mais e melhor e, não aceito que, APENAS e SÓ com base na premissa da juventude, nos seja negado sonhos e oportunidade de uma vida melhor. Claro que agora vou generalizar falaciosamente, mas quantos de nós já tivemos professores e nos perguntámos “Como é que ele chegou ali? Não domina isto”.

É uma luta constante contra o sistema, mas acredito piamente que temos de dar a cara à luta, contra um sistema baseado na idade e não na meritocracia. Ter coragem e a determinação, e sempre com muito sacrifício, de lutar por algo com o qual acreditamos, a ideia de que, nós jovens, temos talento e não temos de aceitar uma atitude de condescendência.

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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

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