A nota mais atribuída pelos professores é de 17 valores nas escolas públicas e 19 nos colégios, segundo estatísticas que mostram que metade dos estabelecimentos públicos e 86% dos colégios têm alunos do secundário com notas máximas. Os alunos do ensino privado têm melhores notas internas no secundário do que os colegas das escolas pública, havendo uma diferença média de quase dois valores.
Os dados constam do relatório divulgado esta segunda-feira pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), que analisou as classificações finais dos alunos dos cursos científico-humanísticos (CCH) do ensino secundário nos últimos sete anos letivos (entre 2017/18 e 2023/24) e concluiu que as notas atribuídas por colégios e escolas públicas têm vindo a aumentar.
Num universo de quase 111 mil alunos, a nota mais atribuída pelos professores das escolas públicas, no passado ano letivo, foi de 17 valores, numa escala de zero a 20. Os dados mostram que as notas têm vindo a subir e que parece haver cada vez mais alunos de excelência, tanto no ensino público como no privado.
Nos colégios, por exemplo, a moda há cinco anos era de 18 valores mas, no ano letivo de 2020/2021 subiu para os 19 valores, mantendo-se inalterada até agora, segundo os dados disponibilizados pela DGEEC. O relatório mostra ainda que metade dos quase 500 estabelecimentos públicos tem alunos com classificações internas médias entre os 19 e os 20 valores a pelo menos uma disciplina.
Em pelo menos oito escolas públicas, 30% dos alunos tiveram notas de topo
Entre os colégios, essa percentagem dispara: em 100 estabelecimentos de ensino privados analisados, 86 atribuíram classificações internas médias entre os 19 e os 20 valores a pelo menos uma disciplina.
O relatório revela ainda as disciplinas em que as notas são habitualmente muito altas: nas escolas públicas, por exemplo, a nota mais atribuída a Aplicações Informáticas B, Física e Química, Inglês e Direito foi de 20 valores. Os investigadores tentaram perceber se a atribuição de notas tão altas era pontual ou se denunciava uma prática recorrente e, cruzando vários fatores, encontraram oito escolas públicas onde, pelo menos, 30% dos alunos tiveram notas de topo.
Os dados não revelam o nome das escolas nem a região onde se localizam, mas mostram que esta é uma prática ainda mais recorrente no ensino privado.
No último ano letivo, dos 100 estabelecimentos analisados, 86 atribuíram classificações internas médias entre os 19 e os 20 valores a, pelo menos, uma disciplina. Só no ano passado, 36 colégios tiveram 35% de alunos com média de classificações finais entre 19 e 20 valores a todas as disciplinas e 44% a pelo menos uma disciplina.
Das 100 escolas, 21 repetiram esse padrão durante vários anos. No ensino privado, a nota mais atribuída passou de 18 para 19 valores, numa escala de zero a 20, sendo Educação Física a disciplina trienal com a média mais elevada (18,2 valores).
Privados: 20 foi a nota mais frequente em 10 disciplinas nos últimos sete anos
Nos colégios, o 20 foi a nota mais atribuída a dez disciplinas nos últimos sete anos. Neste lote de disciplinas aparecem Geometria Descritiva A ou Inglês. No último ano em análise, a moda das notas de 14 disciplinas era 20. Nas disciplinas bienais, destacam-se com as médias mais elevadas Inglês, Filosofia, Biologia e Geologia e a Economia A. Das disciplinas anuais, Aplicações Informáticas B e Inglês tiveram sempre as médias mais elevadas, estando próximas dos 19 valores.
No geral, os alunos do ensino privado têm melhores notas internas no secundário do que os colegas das escolas públicas, segundo o relatório, que aponta para uma diferença média de quase dois valores.
No passado ano letivo, por exemplo, a média das classificações internas finais do total das disciplinas nas escolas públicas foi de 15 valores, enquanto no privado foi de 16,9 valores, refere o relatório hoje divulgado, confirmando uma tendência que se regista há, pelo menos, sete anos.
Aplicações Informáticas B e Inglês continuam a ser as disciplinas anuais com notas mais altas, havendo uma elevada percentagem de alunos que conseguem a nota máxima (20) ou 19 valores.
Sobre as “classificações internas invulgarmente elevadas” nas disciplinas anuais do 12.º ano, os investigadores apontam como possíveis razões serem opcionais e, por isso, uma escolha do aluno, mas também o facto de os estudantes saberem que a nota irá contar para a média de acesso ao ensino superior.
A nota mais atribuída nas escolas públicas foi 17 valores, segundo o estudo que mostra que a moda das classificações internas tem vindo a subir: Em 2017/18 era de 15 valores, passou depois para 16 valores e, nos últimos quatro anos, foi de 17 valores. Já nos colégios, a nota mais atribuída foi 19. Numa comparação entre áreas, o estudo mostra que os alunos com melhores notas são os dos cursos de ciências e tecnologias, seguidos de ciências socioeconómicas.