“Aqui chegamos inocentes.” É um dos hinos mais entoados e também o mote para este texto.
Quando se sai do Secundário abre-se todo um leque de oportunidades. É quando a voz se torna grave e o puto que antes era um menino agora é um homem. Escolhi crescer na Veneza Portuguesa e foi o Moliceiro que me deu boleia para esta viagem de três anos na Universidade de Aveiro.
Fui embarcando nos encantos de Aveiro e entrei em Biotecnologia, um curso que liga as áreas da Química, Bioquímica, Biologia e Eng. Química e que é tudo menos fácil. No entanto, quando nos deparamos com um desafio desta índole, a forma de o levar a cabo é misturar um pouco de sentimento, de partilha, respeito e amizade. Neste sentido, conheci pessoas que nunca pensei vir a conhecer. Os “olás” envergonhados rapidamente se tornaram em sorrisos e abraços. Partilho com estas pessoas momentos que jamais se esquecem. É nesta família que vejo o que é o “amor à camisola” e é impressionante como em tão pouco tempo acabamos por nos entranhar desta forma.
Por outro lado, e porque o mais importante nos dias de hoje é formar jovens com um variado leque de Soft Skills, vou falar de algo realmente grande, uma das coisas que mais me prende a Aveiro: o Associativismo.
Se há problema que eu sempre tive foi ser péssimo a “simplesmente existir”. E com isto quero dizer que um mundo sem desafios não é para mim, tenho de estar em constante movimento, mantendo-me ocupado com alguma coisa que, de certa forma, me enriqueça não só pessoalmente, mas também profissionalmente.
No meu primeiro ano de Universidade entrei no Núcleo de Estudantes de Química da Associação Académica da Universidade de Aveiro (NEQ-AAUAv) e foi um dos maiores desafios até então. Sabe-se pouco acerca do processo de seleção. Sabe-se apenas que foi numa noite de Receção ao Caloiro, apelidada de Hug pela Academia Aveirense, que aquele que viria a ser o Coordenador do Núcleo, me abordou, com dois copos de fino na mão – um para mim e outro para ele, dizendo: “ouvi dizer que fizeste para aí um vídeo, tu não queres vir para o Núcleo?”. Tinha acabado de chegar, não sabia muito bem o que era o Núcleo, mas via já que era uma entidade de referência para os Estudantes, então aceitei. Se foi a melhor coisa que poderia ter feito? Provavelmente não, mas claramente que sim. Digo isto porque neste primeiro ano, um ano em que a nossa experiência no ensino superior é nula, houve muitos sacrifícios que tive de fazer, muitas noites mal dormidas, muitos dias que pareciam não acabar. Mas se fazer parte deste projeto parece que é humanamente impossível, por outro lado, foi possível estreitar muitas amizades, retirar muitas lições, muitas aprendizagens, muito conhecimento que não só será útil para o meu sucesso profissional, como para a vida.
Já é o meu segundo ano nesta entidade que representa mais de 700 estudantes dos vários ciclos de estudo do Departamento de Química da Universidade de Aveiro, primeiramente fui vogal do Setor de Comunicação e Imagem e neste momento sou Responsável Financeiro.
O NEQ-AAUAv tem como principal objetivo ser o elo de ligação entre a Associação Académica da Universidade de Aveiro e os Estudantes, mantendo uma política de proximidade de forma a que os estudantes possam ter uma voz ativa no seio da sua vida académica. São várias as atividades que o NEQ-AAUAv promove, sendo elas de caráter pedagógico, desportivo e cultural.
Em paralelo a este desafio que é o NEQ-AAUAv, tive também a oportunidade de fazer parte da Comissão Organizadora do XII Encontro Nacional de Estudantes de Bioquímica na qual fui Vice-presidente do Setor de Divulgação durante um ano. Neste projeto coordenei uma equipa de meninas que ficaram encarregues de reproduzir visualmente tudo aquilo que viria a ser este encontro, e fui, ainda, apresentador do mesmo durante quatro longos, mas extremamente enriquecedores, dias para uma plateia de cerca de quinhentas pessoas.
Depois desta descrição de algumas das coisas que fui fazendo ao longo destes anos, resta-me questionar: “Porquê ter tantas preocupações quando posso muito bem viver uma vida muito mais relaxada e sem trabalho?”. Pois bem, o futuro é dos jovens, é meu e teu, e somos nós que o que traçamos mediante os nossos atos. O desinteresse no associativismo, em aprender mais do que aquilo que é ensinado na escola/universidade, no desenvolvimento de soft skills é cada vez maior e isto apenas reflete que estamos a passar por uma sociedade cada vez mais despreocupada e que se conforma com futilidades. Nos dias de hoje, os empregadores procuram pessoas dinâmicas, capazes de se desenrascar fora da sua zona de conforto, pessoas autónomas e criativas. Portanto, um conselho que deixo a todos os jovens é que procurem fazer mais, procurem não ser iguais a todos, pois tal como Sócrates um dia disse, “Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida.”.
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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