A 17 de novembro celebra-se o Dia Internacional dos Estudantes, na sequência da sua resistência, na antiga Checoslováquia, aos invasores nazis em 1939. Nesse dia a sua atuação representou uma das muitas oposições que, durante vários anos, até ao culminar da 2.ª Grande Guerra, simbolizaram uma crença num mundo novamente livre, igualitário, justo e sem líderes repressores.
Hoje, os desafios dos estudantes são imensos. Quer ao nível da educação em si mesma, baseada na interiorização de conteúdos infinitos para várias disciplinas e unidades curriculares, quer na sua relação com outras realidades igualmente complexas e que podem potenciar ou constranger a ação dos jovens:
- a habitação, quando um estudante decide deslocar-se para outro território onde existe uma instituição ou um curso por si preferida/o, que está a preços cada vez mais elevados e que comprometem a autonomia destas pessoas;
- a articulação das matérias programáticas com o mercado de trabalho, em que o nível teórico de alguns conteúdos excede o necessário em termos cognitivos e, simultaneamente, é insuficiente face ao requisitado pelo contexto profissional;
- a mobilização cidadã, relativamente à qual os jovens têm muita importância, pois são os maiores agentes da sua concretização nas ruas, contudo, também os que frequentemente parecem menos importar-se com o voto e as suas consequências políticas;
- a aplicação das aprendizagens pedagógicas em termos culturais e artísticos, fomentando a literatura, a pintura, a música ou o cinema;
- a criação de laços comunitários que permitem aos estudantes compreender melhor o local onde vivem, quem o habita e em que condições se encontram estas pessoas;
- a saúde mental, que tantas vezes sai abalada perante a carga horária, o tipo de avaliações e a relação com os outros agentes educativos como os professores, os diretores e mesmo a família;
- entre tantos outros que poderiam ser enumerados.
Na atualidade, ser-se jovem e estudante são dois processos que existem em constante transformação. Compreender-se, bem como entender o sentido em que segue o país e o mundo, é uma tarefa hercúlea que pessoas em tão tenra idade sentem quase como impossível. Por isso, quando sucedem momentos como o vivido em 1939, em que rapazes e raparigas se juntam para resistir a um mal comum, conseguimos perceber o valor da juventude como motor para a sobrevivência do nosso próprio modo de vida democrático.
Assim, o Dia Internacional do Estudante vem alertar para isso mesmo: a relevância na aposta em políticas educativas capazes de chamar a atenção dos jovens e permitir que estes aprendam de forma construtiva e, até, divertida, e, posteriormente, de conectar o que ocorreu em sala de aula com uma nova realidade de emprego, é enorme. Logo, a multidimensionalidade do ser estudante e do ser jovem deve ser valorizada e acionada para que consigamos alcançar um futuro mais próspero. Mais: os próprios estudantes devem unir-se cada vez mais, porque é a sua voz que coloca os temas na linha da frente dos debates. E, convenhamos, que os seus muitos problemas – psicológicos, pedagógicos, económicos… – somente devem ser uma oportunidade para que os representantes políticos criem uma sociedade de bem-estar à imagem das verdadeiras preocupações atuais.
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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