Terminei agora o 12° ano e candidato-me também este ano ao Ensino Superior. Este parece ser o percurso mais comum entre os jovens que terminam o secundário. Todos queremos ter um bom emprego no futuro, fazer algo de que realmente gostamos. Mas tomar essa decisão não é tarefa fácil…
Tudo começa no final do 9° ano, quando somos obrigados a escolher a área científico-humanística pela qual queremos envergar. Muitos de nós acabam mesmo por escolher uma dessas áreas, ainda que a medo, ou sem certezas. Tal como para muitos outros nenhuma dessas áreas é cativante que chegue e acabam a escolher um curso profissional. Com 15 anos somos obrigados a tomar uma decisão que pode limitar o nosso futuro. A quantos alunos aconteceu chegarem ao 1° ano do secundário e mudarem de curso? A quantos acontece, chegar ao fim do secundário e perceberem que andaram 3 anos a estudar numa área completamente diferente daquela em que querem trabalhar? Quantos alunos de ciências e tecnologias acabam a tirar uma licenciatura em línguas? Para que é que serviu Físico-Química, Biologia, Matemática? Com 15 anos somos obrigados a tomar uma decisão demasiado difícil. A primeira de muitas.
No secundário, há todo o tipo de alunos. Os que estão na área certa, os que estão na errada, os que sempre souberam o que queriam, os que não sabiam e acabaram a escolher mal, etc… Se escolher entre os diversos cursos de nível secundário foi difícil, escolher entre a panóplia de licenciaturas é o pesadelo. Tudo está em jogo: médias, exames, provas de ingresso, notas de candidatura, nota do último colocado do ano anterior. Alguns alunos sabem desde o 10° ano qual a licenciatura que querem seguir. Outros, descobrem no 11° ou até no 12°. Para quem sempre soube o que quis, é mais fácil trabalhar em direção a esse objetivo. Para quem descobre mais tarde, torna-se ainda mais assustador.
Se há quem erre na escolha da área/curso profissional no Ensino Secundário, errar na escolha da licenciatura é ainda mais provável. Mais escolha, maior a probabilidade de errar. E nós, alunos do secundário, temos medo de errar. Queremos escolher algo que dê futuro, que tenha uma taxa de empregabilidade alta, que nos permita estudar algo pelo qual realmente temos gosto. Mas temos medo, muito medo de errar. Quando chega a hora de fazer a candidatura, paramos. Embora já tenhamos pensado mil e uma vezes nas opções, até submeter a candidatura tudo o que paira são dúvidas, receios…
No fundo acho que nunca podemos ter a certeza se tomámos a decisão correta até lidarmos com as consequências desta. Nunca nenhum de nós teve a certeza de que estávamos na área certa até conhecer em 1° mão as disciplinas específicas e o pesadelo que elas podem ser. Nem nenhum de nós pode ter a certeza que a nossa 1° opção de candidatura terá sido a certa até sermos oficialmente universitários. É certo que nunca vamos adorar todas as disciplinas, nem todos os professores, e até mesmo termos sempre boas notas… Talvez até haverão dias em que nos perguntamos porque raio temos de estudar aquilo para sermos médicos, jornalistas, engenheiros, etc… Mas isso não significa que estejamos no curso errado.
Com apenas 14/15 anos temos de tomar uma grande decisão, que implica o nosso futuro. Com 17/18, uma decisão ainda maior. O meu conselho para todos aqueles que terão de passar por estas decisões, é que sejam ponderados. Pensem nos prós e contras, tirem dúvidas, informem-se, procurem mais. Não tenham medo de errar.
Desejo a todos boas escolhas e muito boa sorte. Que possam todos sentir que tomaram a decisão certa.
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Este texto faz parte de uma nova série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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