Decerto que o jovem estudante pré-universitário se questiona acerca do seu rumo profissional no momento em que vislumbra aquelas listas que inundaram por completo as redes sociais e outros meios de comunicação – as listas dos “cursos com mais empregabilidade” ou então, mais escandalosamente ainda, a lista dos “cursos com melhores salários”.
É normal, de facto, que um futuro estudante universitário – consequentemente um futuro profissional – esteja a par de todos estes rankings e listas, por uma simples razão curiosa (ou então mesmo por preocupação). Neste último caso, a situação torna-se ainda mais grave.
Existe claramente uma grande disparidade entre cursos, algo que já seria de esperar – há aquelas carreiras de cariz mais prático, aquelas de essência mais teórica, umas que estudam o passado já perdido, outras que se debruçam com questões do futuro. Em geral, há (e devia haver) um dado curso para cada tipo de gosto pessoal. Erradamente pensamos isso. O que existem são uma meia dúzia de cursos “ótimos”, uma dezena de cursos “aceitáveis” e uma vasta panóplia de cursos “irrelevantes”. Infelizmente, é assim que são classificados hoje em dia.
Será saudável moldar o futuro de alguém com base em meros dados estatísticos? É falando nos cursos “com maior empregabilidade” que os jovens serão melhores profissionais?
Resposta simples: não.
Razão igualmente simples: jamais se poderá ser um ótimo profissional sem uma dose ou outra de esperança e de uma boa medida de gosto pessoal – fazer aquilo que se odeia não leva ao profissionalismo; leva ao suicídio mental. E escolher uma carreira com base em dados estatísticos incompletos e incoerentes é meio caminho andado…
Mas afinal, a quem (ou a quê) devemos conceder a culpa para esta falaciosa “classificação”?
De facto, o pecado vem de todos nós. Evoluímos para uma sociedade cravada com “classificadores”, sejam de cursos, de mestrados, de empregos, de teses… Parece que hoje em dia qualquer indivíduo encontra-se apto para criticar profissionalmente a vida de cada um. E, com isto, estamos a cometer um autêntico homicídio, tanto aos jovens talentosos que se encontram perdidos nesta vasta e confusa malha profissional, como também aos pequenos sonhadores que gradualmente encurralamos numa sala escura de onde a sua imaginação não conhece cor nem futuro. Formatam-se mentes livres, criativas, diferentes.
Cada vez mais perde-se a essência do que realmente significa ser “diferente”, uma variável intrínseca ao ser-humano de uma enorme importância para o seu desenvolvimento. E é simples perceber porque – ser “diferente” implica possuir um leque de atribuições e de características único, original.
Por isso – por essa formatação implacável e absurda que os nossos jovens estão a ser vítimas diariamente – devemos repensar a nossa maneira de educar as mentes do futuro.
Onde existir corrupção, que haja integridade; onde houver preconceito, que haja liberdade; onde viver a escuridão, que se faça luz. Todos os jovens merecem a oportunidade de brilhar naquilo que realmente gostam.
E não deverá ser por um punhado de rankings demolidores ou de ideias corruptos que o futuro daqueles que ainda não tiveram oportunidade de brilhar seja apenas “um sonho”.
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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