O conflito que se vive atualmente entre a Rússia e a Ucrânia é apenas um dos muitos conflitos existentes a nível mundial. Para além da guerra, a própria pandemia de Covid-19 tornou as pessoas mais vulneráveis e dependentes da ajuda de outros. De facto, alguns dos principais causadores das crises humanitárias são: motivos políticos, causas ambientais, fome e desnutrição, falta de serviços básicos e deslocamentos populacionais, por exemplo.
Assim, é crucial a existência de profissionais com formação em Ação Humanitária, os quais possam fazer a melhor gestão das consequências dos conflitos gerados e ainda prevenir potenciais novos conflitos. Estes profissionais garantirão que as populações em risco não se encontram numa situação de vulnerabilidade insustentável, ao fornecer-lhes não só alimentação como assistência à saúde e auxílio na reconstrução de infraestruturas.
Lecionado em português e em regime pós-laboral, o Mestrado em Ação Humanitária destina-se não só aos profissionais que já trabalham nesta área como a todos os que pretendam vir a trabalhar em organizações humanitárias ou organismos públicos de apoio a catástrofes, tanto a nível nacional como internacional.
Concebido de forma a dotar os estudantes com uma formação académica sólida, multidisciplinar e interdisciplinar, aliado ao desenvolvimento do pensamento crítico, da criatividade e autonomia, o Plano de Estudos deste Mestrado, oferecido pelo Iscte — Instituto Universitário de Lisboa, contempla ainda a possibilidade da realização de um estágio durante o 2º ano, como forma de contactar com a vertente mais prática do curso, num conjunto diversificado de organizações do setor humanitário e afins.
Para te ajudar a compreender melhor o que podes esperar do Mestrado em Ação Humanitária, fomos conversar com a Carla Solé, estudante do 2º ano e a quem desde já agradecemos pela disponibilidade para nos dar o seu testemunho sobre a sua experiência neste curso:
1) Porquê um Mestrado em Ação Humanitária? O que te levou a escolher este curso?
Sempre tinha sonhado em poder fazer algo que tivesse um impacto positivo no mundo, mas nunca me tinha atrevido a tomar a decisão. Após três anos a trabalhar num trabalho que não me satisfazia, decidi que era tempo de arriscar e estudar algo que me permitisse trabalhar diretamente a apoiar outras pessoas.
Escolhi o Mestrado em Ação Humanitária no ISCTE porque é muito abrangente. O mestrado pertence à Escola de Gestão e à Escola de Sociologia e Políticas Públicas, o que significa que não só se concentra no trabalho humanitário técnico, mas confere competências de gestão e coordenação de projetos, o que achei muito interessante.
2) Na tua opinião, qual a importância da Ação Humanitária (e dos conhecimentos adquiridos neste Mestrado) nos dias atuais?
Os três pilares da Acão Humanitária são: salvar vidas, aliviar o sofrimento e proteger a dignidade humana, por isso penso que sempre foi e sempre será relevante. Infelizmente há muitas pessoas cujas vidas estão em risco, que sofrem e cuja dignidade não é respeitada, por isso precisamos de profissionais formados que saibam agir da melhor maneira possível para as apoiar.
3) Houve algum momento no curso que te tenha marcado de forma bastante positiva?
Penso que desde a primeira aula senti uma conexão com o curso, os professores e os meus colegas estudantes. Todos os dias sinto-me afortunada por poder estudar algo tão valioso e necessário como a Acão Humanitária.
Em particular, as histórias das professoras que trabalharam durante anos no terreno, pois ajuda-me a perceber o imenso trabalho que estes trabalhadores humanitários fazem diariamente e as enormes dificuldades que ultrapassam para tentarem fazer um bom trabalho.
4) Que caraterísticas gostarias de destacar como mais relevantes para um profissional desta área?
Trabalhar na Acão humanitária implica respeitar os princípios de neutralidade, imparcialidade, humanismo e independência. Isto significa que todo o sofrimento merece a nossa ação; não podemos tomar partido, mesmo que por vezes seja muito difícil. É aqui que a Acão humanitária difere da cooperação para o desenvolvimento, que consiste em ações mais politizadas e a mais longo prazo. Penso que esta é uma distinção muito importante que talvez nem todos nós conhecíamos quando começámos o Mestrado, e recomendo que os estudantes que queiram trabalhar nesta área pensem com que abordagem se identificam mais. Caso pretendam algo mais voltado para a cooperação e desenvolvimento, o ISCTE também oferece um Mestrado em Estudos de Desenvolvimento.
Além disso, deve ter-se em mente que a Acão Humanitária necessita de profissionais de muitos campos diferentes, pelo que características diferentes podem ser úteis ou aplicáveis em campos diferentes.
5) Qual a tua opinião sobre as saídas profissionais deste curso e a exigência psicológica do mesmo (uma vez que podem prestar apoio a vítimas de catástrofes)?
As oportunidades de carreira são amplas; infelizmente a Acão Humanitária ainda é muito necessária, e espera-se que as necessidades humanitárias continuem a crescer nos próximos anos. No entanto, é um campo onde é necessário ter muita experiência e formação para ser contratado, por isso penso que pode ser difícil começar, como em muitas outras áreas. O interessante sobre o Mestrado é que permite fazer um estágio no segundo ano, e esta experiência é crucial para ter mais possibilidades de ser contratado numa organização.
Penso que o efeito psicológico de trabalhar em catástrofes é definitivamente grande, e é um trabalho constante cuidar da sua saúde mental e a dos seus colegas de equipa. Infelizmente ainda não trabalhei no terreno, por isso não posso falar da minha perspetiva pessoal, mas penso que há muitas pessoas a trabalhar todos os dias para tentar mitigar os efeitos psicológicos nocivos desta profissão, para que os trabalhadores tenham melhor saúde e possam prestar serviços de maior qualidade, mesmo que ainda haja muito trabalho a fazer.
6) Que conselho darias a um futuro aluno deste curso?
Eu diria para pesquisar exatamente em que consiste a Acão Humanitária, ler um pouco sobre ela, sobre as condições de trabalho (há muitas vezes necessidade de viajar, trabalho temporário para projetos, as condições psicológicas de que falávamos antes…) e decidir se é realmente o que se quer. Se a Acão Humanitária estiver de acordo com os vossos valores e os vossos objetivos profissionais, digo-vos para não hesitarem, que é um trabalho muito interessante e que o Mestrado é muito completo e dá uma boa preparação para o mundo do trabalho.
Se o testemunho da Carla te cativou, marca na tua agenda: tens até dia 23 de Maio para formalizares a tua candidatura ao Mestrado em Ação Humanitária. Após esta data ainda poderás submeter a tua candidatura à fase seguinte, estando as candidaturas a decorrer em permanência. Sabe aqui quais os critérios de seleção e os requisitos necessários.
Artigo elaborado em parceria com o Iscte — Instituto Universitário de Lisboa