Há uns dias lembro-me de estar a conversar com uma pessoa, com 10 anos de experiência no ramo dos RH, que às tantas me disse uma coisa que retive: “vocês saem da Universidade sem saberem fazer a maior parte do que precisam para trabalhar na vossa área”.
Fiquei a matutar naquele assunto. Bem sei que é uma ideia generalizada, que saímos da universidade sem saber o que nos espera no mundo do trabalho, e sem saber se vamos conseguir executar as tarefas que nos serão propostas, mas nunca pensei profundamente sobre o assunto.
Quando temos o 1º contacto com o mundo do trabalho vamos a medo, sem saber muito bem o que esperam de nós, se vamos saber fazer o que nos pedem e que é suposto sabermos mas, aí está, não é. E se pensarmos no tema sobre este prisma somos capazes de alcançar alguma tranquilidade e paz de espírito quanto a essa mesma experiência.
No meu caso, grande parte das ferramentas que necessito dominar para trabalhar diariamente não se aprendem na Faculdade, em nenhum mestrado, nem licenciatura. No máximo em cursos breves e pós-graduações, mas em experiências sempre fugazes e introdutórias. Temos de investir muito tempo online em múltiplos cursos, outras vezes em presencial pós-laboral, com custos bastante elevados, sempre posteriormente à licenciatura e mestrado, para podermos ter alguma experiência com essas ferramentas que vamos necessitar para trabalhar. Mas se invisto 5 anos da minha vida na Universidade, não deviam essas competências, que pelos vistos são tão relevantes, serem uma boa parte da minha formação curricular?
Fui investigar mais sobre o tema. Apercebi-me que em Portugal temos coisas muito estanques. Se é Gestor, não pode fazer marketing, se é de RH não pode fazer financeiro, se é de Design não pode fazer comunicação, e por aí adiante. Porque temos as coisas em caixas? Não seria mais fácil munirmo-nos do máximo de informação possível dentro da nossa área? Ok, é especialista em finanças, mas no dia que o marketeer lhe falte não sabe fazer um post? Ou uma campanha? É Engenheiro ou até arquiteto, mas raramente vai à obra e passa os dias no escritório? E qual o papel das universidades nesta situação? Não deveríamos nós exigir, a estas entidades que nos formam, contas sobre aquilo que andamos a aprender? Pagamos propinas anualmente para receber formação desadequada à realidade do mundo do trabalho?
Fui mais fundo. Percebi então uma coisa que até agora não tinha entendido: cada um está no seu trilho, e se nos fornecessem a todos essas ferramentas, estaríamos em pé de igualdade, tornando-nos assim ainda mais competentes, o que levaria a que tivéssemos de receber salários que as empresas não nos podem pagar.
Portanto o meu conselho vai nesse sentido: Façam formações extra! Há imensas online e gratuitas que podem fazer a diferença num processo de seleção e recrutamento. E lembrem-se, atualmente não chega termos as mais altas qualificações académicas sem sabermos trabalhar no mundo real.
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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