Desde cedo que sempre ouvi os meus pais dizerem “comecei a trabalhar com 6 anos com o teu avô na lavoura” ou “aos 14 anos cozinhava para pôr uma refeição quente em cima da mesa aos teus avós” e bem, fazendo parte da geração Milénio não enfrentei essas conquistas precoces e carregadas de responsabilidade que, de certa forma, despertaram um sentido de proatividade desde cedo neles.
Enfrento-me neste momento com o medo irracional de “não ter um trabalho”, seja porque não tenho experiência na área há mais de um ano ou porque não fiz as formações certas (formações estas que custam dinheiro e sou uma simples recém-licenciada sem emprego à vista), logo se tivesse começado desde cedo a trabalhar provavelmente teria os tais anos de experiência que pedem (ou não, obviamente).
Hoje em dia os tempos estão diferentes, para muitos chega-se aos 18 anos e toma-se a decisão “Quero ou não estudar?” e se a resposta for positiva “Vou estudar o quê? O que é que eu gosto?” passadas as fases iniciais de interrogações esperamos para ser aceites numa universidade que, passados 3 anos, nos dará um papel fino azul, com uma marca d’água da instituição e é-se licenciado.
Bem, posso dizer que ser licenciada não foi das melhores sensações que tive na minha vida porque lá está, a minha cabeça estava centrada em todas as preocupações que vinham acorrentadas ao grau de licenciada. Não houve um festejo concreto, um sabor intenso de vitória, simplesmente uma correria para ter tudo concluído durante aqueles dias e voltar à minha rotina (quase que me atrevo a dizer que ser dona de casa até é interessante).
Agora a minha rotina passa por enviar currículos, com 22 anos, licenciada. Sendo uma pessoa muito energética confesso que esta cruz não é fácil, não obter respostas e quando se obtém não serem positivas ou então como tem acontecido nos últimos meses “ficaste apurada para a última final de recrutamento, necessitamos que envies estes exercícios resolvidos para compreendermos a tua perspetiva”, como é óbvio e toda contente a elaboração dos exercícios são feitos e enviados mas… a resposta nem à vista.
Uma vez ouvi dizer “não respondo a metade dos currículos que me enviam porque não me apetece” e o aperto no coração cresce porque temos que pensar da seguinte forma: quando estava nessa posição também era desesperante aguardar por uma resposta, portanto não farei isso quando me tornar profissional numa área que goste, mas parece que muitos se esquecem desta fase que passaram (caso não tenham tido cunhas claro).
Infelizmente são poucas as empresas que respondem, posso dizer que sempre recebi respostas de empresas internacionais (inclusive de uma empresa sediada na Alemanha para verem o quão longe a pessoa vai quando não tem oportunidades no seu país) mas das nacionais, aquelas que deviam ter mais consciência, pois são de cá, não o fazem. Não é fácil ser-se recrutador, mas também não é fácil ser-se desempregado e algumas empresas parece que não entendem esse conceito.
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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