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Porque não se deve reduzir as vagas nas universidades e politécnicos de Porto e Lisboa

O Governo anunciou há dias a intenção de diminuir em 5% as vagas em praticamente todos os cursos do ensino superior oferecidos no Porto e em Lisboa, com a expectativa de que isso leve os estudantes a optarem por outras possibilidades fora dos grandes centros urbanos. Na minha opinião, isto gera mais problemas que benefícios.

Na verdade, ao reduzir o número de vagas nestes centros, não se diminui a procura pelos mesmos, isto é, as primeiras opções dos estudantes (generalizadamente) não deixarão de ser Porto ou Lisboa, o que acontecerá é que haverá mais estudantes a entrar na 3ª, 4ª, 5ª ou 6ª opção, ou seja, haverá mais estudantes longe do seu sonho. Contiguamente, existirá um aumento das médias de entrada nestes cursos das grandes cidades (já de si altas), o que serve para instalar um pânico ainda maior nos estudantes do ensino secundário em busca do curso que pretendem.



Além disso, e não sendo um problema maior, também não é um menor, corre-se o risco de existir um subaproveitamento das instalações existentes. Por outras palavras, os edifícios não estariam tão ocupados como hoje, passando a existir espaços não utilizados, o que levanta problemas de ineficiência.

Então, perguntam-me se não acho que se deve apoiar uma política descentralizadora. Sim, acho, mas não nestes moldes. Aquilo que precisa de ser feito é motivar as pessoas a escolher, por si próprias, estudar fora dos grandes centros urbanos, e não limitar as suas opções de escolha. Como é que se faz isso?

Investindo mais nessas instituições, promovendo aí a investigação científica de forma mais “efetiva” do que hoje se faz, promovendo ofertas letivas mais inovadoras, entre outros. Ou seja, devem ser feitas mudanças estruturais, por forma a promover a imagem das universidades e politécnicos fora de Porta ou Lisboa. Desta forma, teriam uma maior projeção (que se refletiria, eventualmente, também nos rankings internacionais), levando a que mais alunos optassem por colocar essas instituições nos primeiros lugares das suas opções. Assim, consegue-se o objetivo (ter menos estudantes no Porto ou em Lisboa, rejuvenescendo o interior) de forma sustentada e livre – os estudantes, ao invés de ficarem insatisfeitos por estarem na Covilhã ou em Bragança, estariam felizes.

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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

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