A média etária dos professores está nos 50 anos. Portugal é o país da União Europeia com a classe docente mais envelhecida e há poucos jovens em cursos que dão acesso à carreira docente.
O alerta para esta autêntica bomba relógio, é feito na edição 2023 do Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal, relatório anual da Fundação José Neves. “Apesar do número de inscritos em licenciaturas ter aumentado 8% entre 2013/2014 e 2020/2021, a tendência na área de formação de professores foi a inversa, com uma queda de 18%. A discrepância é ainda mais acentuada nos mestrados, com um aumento de 23% nos inscritos, mas com uma queda de 22% nos cursos de formação de professores”.
Segundo o documento, o panorama atual de escassez de professores não pode ser dissociado das condições de trabalho e progressão na carreira dos professores, que “tornam a profissão pouco atrativa” e resultam em “elevados níveis de insatisfação profissional”.
Realidade que os números confirmam. Cerca de um em cada cinco professores portugueses era contratado em 2020/2021 e tinha um salário bruto abaixo dos 1.500 euros, já com o subsídio de refeição. “O salário dos professores no início da carreira é inferior ao de outros trabalhadores com formação equivalente nas áreas CTEM, da Saúde e do Direito”, acrescenta.
Ainda segundo o documento, mais tarde na vida, e devido à dificuldade na progressão da carreira, o fosso salarial é mais desfavorável para os professores, com salários abaixo de todas as áreas CTEM e de várias outras áreas de formação.
O Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal propõe em concreto que se aumente a atratividade da carreira docente e se combata a falta de professores.