Praxe, um bicho de sete cabeças

Com o início do ano letivo e consequente chegada dos caloiros à universidade, a praxe é um bicho de sete cabeças para muita gente.

Muito se fala e questiona quanto à veracidade de certas coisas relacionadas com a praxe e quando este é o tema de conversa, as opiniões divergem e dividem-se, geralmente, em dois grupos: os anti-praxe e os a favor da praxe.

Ingressei o ano passado no ensino superior em Ciências da Comunicação na UTAD e, vendo por este prisma e tendo como ideia base estes dois grupos, sou a favor da praxe.



Sempre levei a praxe na brincadeira (às vezes na brincadeira demais e cheguei a ser repreendida mais que uma vez com o típico “ri-me fodi-me”, não fosse eu a Caloira Risinhos) e sempre vi a praxe não só como um excelente meio de integração como também de comunicação, o que é crucial num curso como o meu.

Não posso falar pelos outros mas posso falar por mim. Participar na praxe foi das melhores decisões que tomei!

O primeiro contacto que tive com a praxe foi logo no primeiro dia de aulas.

Recém-chegada à universidade, completamente sozinha e com o normal friozinho na barriga de quem vai sem saber o que vai encontrar, cruzei-me com eles. Devidamente trajados pois a circunstância assim o pedia, abrigavam-se debaixo das escadas do complexo pedagógico e à sua frente já estavam aqueles que iriam ser os meus colegas de turma. Partners, perdão, porque colegas são as put*s. Mal me viram a olhar perguntaram-me se era caloira de Ciências da Comunicação ao que respondi afirmativamente fazendo-me juntar aos partners que já lá estavam. Apresentamo-nos um a um dizendo o nome, idade e de onde vínhamos. “Anabela, 17 anos, Guimarães” e seguiram-se uns gritos de duas doutoras que vim a saber mais tarde serem do Berço da Nação, tal como eu! Seguiram-se as apresentações dos doutores e, mal terminaram, ouviu-se lá do meio “Estamos apresentados. Agora, olhos no chão caloiros!” e começava assim aquilo que viria a ser das melhores coisas que Vila Real me deu!

Desde esse dia que virou rotina. Sair de casa de manhã com roupa de guerra, zero maquilhagem e disposição para entrar nas brincadeiras e participar na praxe com o intuito de conhecer as pessoas que me irão acompanhar nos próximos anos e me distrair das saudades de casa. Não nego que me custou muito ter que me levantar cedo todos os dias, olhar sempre para o chão e tratar os Doutores por “você”, mas à medida que as semanas foram passando fui percebendo que tudo aquilo tinha uma razão de ser e se outrora usava a praxe como escape às saudades que sentia da minha família, esta acabou por me dar a minha nova família.

Tive praxes de todos os tipos! Praxes temáticas como a praxe de pijama, troca de sexos ou a praxe de slide, praxes que exigiam mais de mim como a praxe psicológica e as típicas praxes de cantar as músicas de curso, gritar umas baboseiras que faziam os meus Doutores rir como perdidos e encher até eles se cansarem… Faz tudo parte!

Sempre vi e continuo a ver a praxe como um método de integração para os novos alunos que estimula o espírito de equipa e a união que inevitavelmente criamos uns com os outros e, sendo a praxe uma opção, acho que toda a gente deveria experimentar, nem que fosse por umdia, para assim poder tomar uma decisão sobre a qual dos dois grupos quer pertencer. A praxe muda de universidade para universidade e de curso para curso, felizmente tive a sorte de entrar em Ciências da Comunicação na UTAD!

“E se hoje te levo no peito com todo o respeito e com a dedicação, por ti grande curso eu grito: CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO!”

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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

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