A minha experiência com a praxe académica teve um percurso conturbado de altos e baixos. Entrei a medo, mas cheguei à última de todas a adorar o que tinha feito enquanto caloiro e todas as oportunidades que me tinha proporcionado.
No entanto, cheguei tarde. Acabei por me aperceber quando o meu ano de caloiro chegou ao fim.
Quando entrei na faculdade era bastante retraído e não tinha qualquer auto-estima. Isso impediu-me, numa fase inicial, de optar por não frequentar as primeiras praxes, e com isso, perder a oportunidade de conhecer os meus colegas e trajados de 2º e 3º ano.
Isolei-me, e como não conhecia as pessoas e a praxe, acabei por não ter ninguém que me integrasse. Senti-me bastante perdido.
Até que um dia pensei bem e decidi que não podia continuar a proceder da mesma forma. Fui às praxes! Muitas vezes contrariado, confesso! Mas fui e arrisquei! Enfrentei o meu medo!
Que impacto teve? Todo! A minha vida académica ganhou um novo sentido, pelo facto de me entregar sem medos a algo que temia.
Todavia, só senti na pele o verdadeiro impacto de não ter ido a muitas praxes aquando da purificação do pompom, que na minha faculdade dá, entre outras coisas, a possibilidade a um trajado de poder praxar.
Estou a estudar em Leiria e, ao contrário de outras academias, o processo que possibilita que um trajado possa praxar oficialmente denomina-se purificação, uma cerimónia que junta todos os trajados de 2ºano, que recentemente deixaram de ser caloiros e vestiram o traje pela primeira vez.
O símbolo da purificação é o pompom, que é benzido e colocado na lapela do traje. A purificação teve duas fases, tendo estas decorrido entre os meses de setembro e outubro, respetivamente.
Na primeira fase, não fui purificado! No fundo sabia, porque tinha consciência que não era merecedor do pompom da mesma maneira que os meus colegas, que mereciam por todo o empenho.
Não purifiquei por presenças em praxe, um dos principais critérios para decidir a purificação ou não purificação de um trajado. Também tinha consciência disso, apesar de não saber exatamente a quantas praxes tinha ido. Mas sabia que não tinham sido muitas.
Neste processo, eu e os restantes colegas que não tinham sido purificados fomos informados que teríamos de frequentar algumas praxes com os caloiros do curso, de modo a perceber se eramos merecedores do pompom na 2ª fase.
A maioria desistiu! Não queria voltar por momentos ao ano de caloiro apenas por um pompom! Eu continuei, e fui em frente! Era, inclusive, uma forma de me integrar com os caloiros e de conhecerem a minha história e o meu percurso.
Assim foi! Frequentei as praxes e fui purificado na 2ª fase. Fiquei bastante feliz por ter o pompom e orgulhoso de todo o percurso que tinha feito, desde a 1ª purificação até ao momento em que fui purificado, passando pelas praxes e pelo recuperar de todo um ano de caloiro.
A meu ver, e por tudo o que passei e presenciei, deixo o seguinte conselho a todos aqueles que vão ingressar no ensino superior no próximo ano letivo: quando confrontados com a praxe académica, decidam logo na primeira semana se querem ir ou não. E mantenham essa decisão até ao fim!
Naturalmente que uma pessoa que não frequentou as praxes ou que teve um número de presenças insuficiente não será merecedor de um pompom, pelo menos numa 1ª fase. A minha experiência revela isso mesmo!
Podem sempre fazer como eu! Frequentar a praxe, não de uma forma muito regular, mas fazerem o máximo que conseguirem, e serem bons caloiros, porque tudo conta quando falamos de purificação.
É muito importante não baixar os braços à primeira tentativa! Acaba por mostrar quem verdadeiramente são, a nível pessoal e em contexto de praxe, quando confrontados com decisões como a vossa purificação ou não purificação.
Acreditem que, independentemente da minha opinião, as várias situações que vão surgindo com a praxe são muito mais ricas e entusiasmantes quando vividas na altura. Por isso, desafiem-se a vocês próprios, arrisquem, divirtam-se e no final, valerá a pena ter passado por todo o processo.
Desejo a todos a maior sorte nesta nova etapa!
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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