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Programa Erasmus+: a Europa aos olhos de Portugal


Em 2022 celebra-se o 35º aniversário da existência do Erasmus+, o principal programa da União Europeia para os setores da educação, formação, juventude e desporto, que já permitiu a mais de 3 milhões de estudantes a frequência dos seus estudos numa instituição de ensino superior estrangeira.

Sendo um programa de mobilidade internacional, o Erasmus+ acarreta vários benefícios não só de cariz social como ainda contribuindo para o desenvolvimento pessoal e profissional, permitindo aos estudantes a aquisição de experiências de vários tipos no seu dia-a-dia, a expansão da sua rede de contactos e capacidades linguísticas e o desenvolvimento da independência. Todos estes benefícios são bastante valorizados no meio laboral, por demonstrarem que os envolvidos se adaptam a meios que podem, muitas vezes, ser diferentes daqueles a que foram habituados e que possuem uma mente aberta a novos desafios e oportunidades.

No artigo anterior, demos-te a conhecer a perspetiva de duas estudantes estrangeiras que realizaram Erasmus em Portugal. Contudo, e porque sabemos da importância que é estudar no estrangeiro, apresentamos neste artigo o testemunho da Carlota Pinheiro, alumni da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), da Maria Chaves, alumni da Universidade Católica Portuguesa (UCP) e da Kayla Bruyneil, alumni da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL).

Enquanto a Carlota e a Maria realizaram os seus Erasmus em 2021, na Universidade de Liubliana na Eslovénia, a Kayla optou pela Universidade de Leeds no Reino Unido, em 2019.

“O programa apresentava uma hipótese de conhecer pessoas de várias culturas e nacionalidades, todas concentradas num só lugar e presentes pela mesma razão: alargar os seus horizontes”

Kayla Bruyneil, alumni da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

O que te levou a escolher o programa Erasmus+?

C.P.: Fui inspirada por amigos que já tinham feito, e atraiu-me muito o facto de poder viver noutro país por uns meses com tudo tão facilitado: uma bolsa, os estudos, e muitas pessoas a passar pelo mesmo que eu!

M.C.: Desde sempre ouvi familiares e amigos contarem as suas experiências em relação ao programa Erasmus ou outros programas de mobilidade. Todas as pessoas à minha volta contavam-me o quanto cresceram e se divertiram em Erasmus, o que me motivava a querer fazer também. Portanto, quando comecei o meu percurso universitário sabia que queria fazer Erasmus, contudo não sabia que país escolher.  Quando chegou a altura de tomar uma decisão pensei que não queria fazer num sítio “óbvio” e que, como tal, queria escolher um país em que dificilmente fosse viver numa outra fase futura da minha vida. Surgiu então a ideia de ir para a Eslovénia: um país com imensa natureza, calmo e barato.

K.B.: Mesmo antes de ter entrado na universidade já tinha conhecimento do programa Erasmus. As minhas primas mais velhas, sabendo que sempre mostrei interesse em viajar e comunico bem em inglês, falaram-me do mesmo (elas na altura é que estavam na universidade). Pesquisei e de facto o que me levou a escolher fazer Erasmus foi a oferta de acompanhamento durante todo o processo de adaptação, a variedade de países e cidades que podia escolher para passar o meu semestre e o facto de, independentemente do lugar que escolhesse, os custos das propinas seriam as mesmas que pagava em Portugal, o que, comparado às propinas nos restantes países europeus, é bastante barato. E o programa apresentava uma hipótese de conhecer pessoas de várias culturas e nacionalidades, todas concentradas num só lugar e presentes pela mesma razão: alargar os seus horizontes.

Como foi a tua adaptação à cidade e à Universidade que escolheste para este programa?

C.P.: A universidade acolheu-me muito bem, mesmo durante o Covid e praticamente sem aulas presenciais, sempre mostrando presença e preocupação pela minha integração na cidade e na aprendizagem! A cidade é simplesmente maravilhosa, e rapidamente me integrei também.

Não senti discriminação nenhuma – todos os locais, especialmente os alunos, fizeram sempre de tudo para que nos sentíssemos bem. O país tem uma onda inexplicável de tranquilidade, beleza… e embora a língua seja totalmente oposta à nossa, todos falavam perfeitamente inglês e senti-me mesmo em casa.

O custo de vida era ligeiramente mais baixo que em Portugal, e a bolsa facilitou-me muito (porque basicamente tinha o quarto pago, e comidas e transportes também teria que pagar em Portugal – é o argumento que uso para convencer as pessoas que têm medo a ir de Erasmus! Não se gasta dinheiro a mais do que gastaria aqui, só em viagens de fim‑de‑semana!)

Overall, eu diria que é o país perfeito para ter uma experiência destas – é pequeno, mas tem de tudo: praia, montanhas, cidade; todos falam inglês; fica pertíssimo de tantos países e fica muito barato fazer viagens. O escritório de Erasmus funciona super bem e apoia-nos muito. Não tenho mesmo nada a apontar, foi excelente!

M.C.: Comecei o meu Erasmus em Fevereiro de 2021, quando a Eslóvenia tinha acabado de sair de um confinamento bastante longo, pelo que quando cheguei a Liubliana estava tudo aos poucos a voltar ao normal. A cidade é pequena, com cerca de 300 000 habitantes e embora os transportes sejam baratos, as pessoas deslocam-se maioritariamente de bicicleta (o passe anual de bicicleta custa 3 euros e há estações em vários sítios). Há um grande incentivo por parte do Estado Esloveno para que estudantes venham estudar para a Eslóvenia. Todos os estudantes têm direito a um desconto (student boni) em vários restaurantes nos quais o valor máximo que pagam por um menu com prato, sopa e sobremesa é 4,30€. Existiam mesmo alguns restaurantes em que não tínhamos de pagar nada, ou por exemplo no McDonald’s, em que qualquer menu era 2,10€. Este desconto podia ser utilizado de 4 em 4 horas.

Liubliana é uma cidade com uma vida muito universitária, com vários pontos em que os estudantes se encontram. A cidade é mesmo bastante segura e o seu tamanho permite que rapidamente se conheça outras cidades ao pé. Todos os fins de semana alugávamos um carro e conhecíamos cidades relativamente perto. O facto de ser uma cidade no centro da Europa permitia também que rapidamente estivéssemos noutro país.

K.B.: Assim que entrei no segundo ano de faculdade, procedi à minha candidatura ao programa e, após imensa pesquisa e contacto com outros estudantes de Erasmus, e perante a disponibilidade, escolhi passar o meu último semestre universitário na cidade de Leeds, em Inglaterra, na universidade com o mesmo nome. A adaptação à universidade foi mais fácil do que estava à espera. A universidade é composta por um campus composto por várias faculdades; é uma verdadeira cidade universitária! Como cheguei ao país uma semana antes das aulas, tive a oportunidade de participar na reunião de introdução à Universidade de Leeds e tive direito a uma visita guiada pelo campus. Nunca me perdi pelo campus porque estava tudo bastante bem indicado e sinalizado. E também todas as minhas aulas apenas davam-se em três edifícios diferentes, por isso não precisava de andar muito. Por outro lado, perdia-me sim era dentro dos próprios edifícios! Nas primeiras semanas tive dificuldades em encontrar as salas de aulas, chegado um pouco atrasada, mas depois como as salas eram sempre as mesmas todas as semanas, acabei por decorá-las.

Em termos do programa de ensinamento inglês, aí sim foi uma verdadeira adaptação, mas bastante positiva. A universidade tinha dois tipos de aulas: seminários e palestras. As palestras ocorriam sempre em auditórios e eram lecionadas sem interrupção ou intervenção por parte dos alunos (claro que havia momentos em que os professores queriam a participação dos alunos). As palestras eram meramente para ouvir e tirar apontamentos, e o melhor é que a presença não era exigida, pois todas as palestras eram filmadas e lançadas no site da universidade, incluído os Powerpoint apresentados em aula.

Os seminários ocorriam em edifícios mais pequenos e em salas que apresentavam ser mais de reunião do que propriamente de aula. As turmas das palestras eram divididas em grupos de menos de dez pessoas e cada grupo tinha o seu seminário para frequentar. Os seminários eram lecionados muitas vezes por professores em treinamento, que estavam a tirar mestrado ou doutoramento, sendo o cenário perfeito para treinarem o seu próprio método de ensinamento. Estas aulas eram imensamente descontraídas e nelas falávamos do que tinha sido dado nas palestras e onde realizávamos exercícios e onde discutíamos a matéria. Havia sempre muita participação por parte dos alunos e como éramos poucos, os professores podiam dar atenção a todos os alunos. Um sistema que de facto Portugal podia pensar em adaptar.

Quanto à própria cidade de Leeds, é uma cidade moderna, muito bonita e com uma vida noturna recheada. Adaptei-me rapidamente a uma rotina diária. Ia às compras como se estivesse em Portugal, nunca tive problemas de comunicação, pois a língua inglesa é como uma segunda língua materna para mim. Passeava todas as semanas, havia sempre algo para fazer pela cidade. Uma grande variedade de lojas e restaurantes. Admito que gastei bastante dinheiro durante a minha estadia no Reino Unido, já que a libra, na altura, valia mais que o euro, e o custo de vida é mais elevado que em Portugal. Mas não me arrependo de nenhum cêntimo que gastei! Fui lá para aproveitar e foi o que fiz. Durante a noite, Leeds oferece vários pubs com várias temáticas. E em termos de transporte usava sempre o Uber, mais prático e com imensa disponibilidade em Leeds.

Durante toda a minha estadia não houve momento algum em que me sentisse discriminada pela população inglesa por ser estrangeira. Os ingleses com quem tive contacto sempre foram simpáticos comigo, mas também só interagia com britânicos na universidade, supermercado e qualquer estabelecimento comercial, pois os meus círculos sociais eram compostos por outros estrangeiros em Erasmus.

“Fazer Erasmus foi muito importante para o meu crescimento pessoal. Foi a primeira vez que vivi sozinha e tive outro tipo de responsabilidades.”

Maria Chaves, alumni da Universidade Católica Portuguesa

O que mais te marcou nesta experiência?

C.P.: Definitivamente as pessoas que conheci – fazer amigos de todas as partes do mundo – e a liberdade que senti pela primeira vez ao viver longe de casa.

M.C.: Fazer Erasmus foi muito importante para o meu crescimento pessoal. Foi a primeira vez que vivi sozinha e tive outro tipo de responsabilidades. Conheci várias cidades na Eslovénia que desconhecia totalmente, bem como outras cidades europeias. Conheci várias pessoas e fiz amigos de várias partes do mundo. Foi um semestre em que saí da minha zona de conforto e diverti-me bastante.

K.B.: As pessoas. O círculo social internacional que criei nos 6 meses em que vivi na Inglaterra.

Apercebi-me que um lugar é marcado pelas pessoas que conhecemos nesse lugar. E que sem elas, esse lugar perde todo o seu significado. Do grupo, eu fui a última que regressou a casa, então eu tive a oportunidade de me despedir de cada um deles. E quando me encontrei sozinha, passeando pelas ruas de Leeds, já não me sentia em Leeds. O significado tinha-se fragmentado e tinha sido levado na forma de uma pessoa a afastar-se de carro em direção ao aeroporto.

É verdade que com o tempo e com a distância já não falo com frequência com nenhuma destas pessoas que conheci em Leeds, mas eu estou imensamente agradecida por terem sido meus amigos durante a experiência e por terem-me acompanhado naquela aventura e por me terem dado o privilégio de conhecê-las. Pessoas de países diferentes, culturas diferentes, com histórias de vida diferentes, personalidades variadas – eu adorei-os a todos com tanta facilidade num curto espaço-tempo. E eles proporcionaram-me a melhor altura da minha vida.

Eu nunca esperei que eles me ajudassem tanto a entender quem eu não era e quem eu não queria ser. Depois de voltar a Portugal senti-me imensamente assustada porque acabara a faculdade, havia decidido que não ia continuar os meus estudos e não fazia a mínima ideia o que fazer. Mas sabia o que não queria fazer: não queria desperdiçar nem mais um minuto sentada na secretária a desperdiçar o meu tempo e a minha juventude a aprender coisas que eu nunca mais iria usar na vida real. Os meus amigos de Leeds fizeram-me aperceber quem eu no fundo sempre quis ser: uma mulher ativa, que se expõe e que quer conhecer constantemente pessoas novas de países diferentes.

Após três anos dessa aventura Erasmus, passando por vários desafios tanto exteriores (o aparecimento da Covid-19 e os dois confinamentos que se seguiram em Portugal) como interiores (depressão, ansiedade, solidão, coração partido), finalmente encontrei a área que desejo seguir: a hotelaria. Tornei-me rececionista de hotel há quatro meses, praticamente sem experiência prévia ou sem sequer alguma vez ter estudado a área, e nunca me senti tão no meu elemento. Graças ao programa Erasmus desbloqueei a pessoa em que sempre me quis tornar.

Sentiste-te acompanhada ao longo do processo?

C.P.: Sempre muito acompanhada; penso que as universidades, no geral, estão muito preparadas para apoiar alunos de Erasmus com processos burocráticos e de integração. Sempre obtive respostas rápidas, e nunca fiquei com problemas para resolver. Inclusive, na Eslovénia, têm uma coisa chamada ‘tutores’ que são alunos locais que acompanham os alunos de Erasmus durante todo o semestre.

M.C.: A minha faculdade em Portugal na altura era a Universidade Católica (onde frequentei o curso de Gestão). Desde o início ajudaram-me bastante, disponibilizando-me feedback de antigos alunos no que toca a cadeiras bem como plataformas para procurar casas, ou mesmo partes mais burocráticas do processo. A representante dos estudantes de Erasmus em Liubliana foi também bastante profissional e rápida sempre que precisava.

K.B.: Mais guiada do que acompanhada. O programa Erasmus é constituído por três processos: antes da viagem, durante a estadia e o regresso.

A candidatura do programa tem de ser realizada com um ano de antecedência, por isso assim que se iniciou o segundo ano letivo fui logo a correr para o Departamento Internacional da Faculdade de Letras. Já se passaram alguns anos, não me lembro de tudo detalhadamente, mas lembro-me de me explicarem onde e como tinha de me candidatar, se tinha qualquer dúvida podia falar com eles e proporcionavam-me com as informações necessárias, como por exemplo as cidades e respetivas universidades que aderiam ao programa.

Uma vez aceite no programa lembro-me de fazer toda a burocracia sozinha e só me dirigir à Universidade de Lisboa quando tinha dúvidas ou dificuldades. Admito que na altura custou-me um pouco e senti-me um pouco abandonada, pois nunca tinha feito isto antes, mas olhando para trás vejo mais como um desafio de autonomia e ajudou-me a aprender a ser mais independente.

Basicamente este primeiro processo era o mais burocrático e chato. O maior desafio era tratar das equivalências das cadeiras. Isto é, primeiro, tinha de ver quais eram as cadeiras que hipoteticamente iria frequentar na Faculdade de Letras, quantos créditos eram obrigatórios eu completar. Depois, eu sozinha tinha de pesquisar as cadeiras que a Universidade de Leeds oferecia e ler o programa das mesmas e ver se a matéria que lecionavam equivalia à matéria que seria lecionada nas cadeiras portuguesas. Em caso de dúvida enviava vários emails à Universidade de Leeds e à minha coordenadora de cá. Com base nas minhas pesquisas tinha de formar o “Contrato de Aprendizagem”, que tinha de ser aprovado e assinado pela coordenadora. Este contrato foi várias mas várias vezes revisto e alterado, quando a coordenadora não concordava com as equivalências que o estudante apresentava. Foi a parte mais frustrante de todo o programa Erasmus.

Para além disto, eu é que me tive de candidatar para a universidade estrangeira quando a época de candidaturas abriu. Nisto não tive ajuda. E muito menos quando tive de procurar residência na Inglaterra. Tudo o que o Departamento Internacional oferecia era um portefólio com as residências das universidades que faziam parte do programa, e o mesmo tinha sido criado por iniciativa de outros estudantes que tinham feito parte de Erasmus anteriores, não pelos docentes da universidade. Foi ao entrar em contacto com outra estudante que havia frequentado a Universidade de Leeds no seu Erasmus que encontrei a residência ideal para mim, que ela mesmo tinha frequentado e recomendado. E claro, também fiz sozinha a candidatura para a residência.

Este processo foi tão burocrático, frustrante e deixou-me num estado de stress constante durante meses, mas passava pelo mesmo outra vez porque a experiência posterior compensou.

Os processos durante e após a estadia são facílimos em comparação com o processo inicial. A Universidade de Leeds tinha eventos de introdução e integração ao campus e à residência, aliviando a ansiedade inicial de estar num sítio novo e estrangeiro. O meu coordenador em Leeds era amigável e estava sempre disponível, mas não houve necessidade de entrar muito em contacto com ele. A única coisa burocrática durante a minha estadia era estudar, fazer os trabalhos de casa, escrever ensaios e realizar os exames. E claro, tirar boas notas!

Após voltar a Portugal só tinha de dar à minha coordenadora a aprovação das minhas cadeiras em Leeds, a mesma aprovar e receber o meu certificado de conclusão, não só do programa Erasmus como também do meu curso.

“O desconforto inicial é a melhor coisa que se pode sentir! Quando o ultrapassamos, abre-se um leque de coisas boas à nossa frente. Um semestre parece muito, mas passa a voar, por isso ir sem medo e aproveitar cada momento é o melhor conselho que posso dar.”

Carlota Pinheiro, alumni da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

Que conselhos gostarias de dar a um futuro aluno de Erasmus?

C.P.: O desconforto inicial é a melhor coisa que se pode sentir! Quando o ultrapassamos, abre-se um leque de coisas boas à nossa frente. Um semestre parece muito, mas passa a voar, por isso ir sem medo e aproveitar cada momento é o melhor conselho que posso dar. Escolhe uma universidade em que sintas apoio – podes enviar um e-mail antes de te inscreveres por exemplo – porque mesmo que as aulas não sejam em inglês, eles facilitarão o teu processo!

Vai sem medos! É a experiência de uma vida.

M.C.: Fazer Erasmus é uma experiência única. Como tal aconselho qualquer estudante a sair da sua zona de conforto e arriscar. Foi das melhores decisões da minha vida, e foram seis meses onde conheci pessoas que hoje em dia são dos meus melhores amigos. São meses em que viajamos, divertimo-nos e conhecemos pessoas e cidades novas!

Se estás na dúvida se faz sentido ou não, arrisca. Escolhe um sítio em que te sintas confortável, procura feedback de antigos alunos na faculdade para onde pensas ir (quer em relação a que cadeiras fazer, quer em relação ao estilo de vida no país), pois ir com recomendações facilita sempre o processo. E quando fores aproveita!

K.B.: Eu digo que toda a gente que vai à universidade devia fazer Erasmus. Sair da nossa zona de conforto dá-nos uma perspetiva diferente da nossa vida, e pode levar-nos a apreciar ainda mais as nossas escolhas de vida e a ter saudades da vida que tivemos de temporariamente deixar, ou, mudar completamente o conceito que tínhamos de nós mesmos, abrindo um novo caminho e provavelmente o caminho que nos foi sempre destinado.

Ora, conselhos… sobre o processo, mantenham uma mente aberta e tenham muita paciência. Eu sei que custa e vai haver momentos em que vos apetece desistir. Não o façam! Vai valer a pena.

Aconselho vivamente a entrarem em contacto com estudantes que já fizeram o programa Erasmus. Eles sim vão ser a vossa verdadeira ajuda. Não adiem a burocracia. Quando mais tarde tratarem das candidaturas, mais complicado e stressante se tornam. Algo que recomendo caso optem por realizar Erasmus durante um semestre é fazerem-no no primeiro semestre letivo, não no segundo. Foi o que fiz e afetou-me a nível académico porque muitas das cadeiras as quais me queria candidatar já não estavam disponíveis. Por norma há mais vagas no primeiro semestre do que no segundo.

De forma a desfrutarem melhor desta experiência apoio vivamente que passem o menor tempo possível fechados em casa. É verdade que este é um programa académico e temos as nossas responsabilidades. Por isso aconselho, principalmente àqueles que têm conhecimento do Erasmus antes de entrarem na universidade, a dedicarem-se aos vossos estudos nos dois primeiros anos de faculdade, para caso tiverem dificuldades com as cadeiras estrangeiras a vossa média não irá baixar demasiado. E a dedicação e o empenho inicial irão compensar no último ano, quando viajarem para o estrangeiro. Porque isto só vai acontecer uma vez. Saiam de casa, andem pelas ruas, conheçam a cidade e a universidade que vos acolhe. Mas acima de tudo, não se acanhem e façam amizades. Se se sentirem tímidos, participem nos programas de introdução e integração que a universidade oferece; vão dar-vos esse pequeno empurrão. Acreditem em mim quando vos digo que garantidamente, após a experiência e passados alguns anos, vão se arrepender do tempo que não passaram com outras pessoas e a viver a experiência intercultural, não do tempo em que não estavam sentados na vossa secretária a estudar.

Posto isto, não estou de todo a desvalorizar as nossas responsabilidades e quem tem em foco dedicar-se aos estudos para poderem aceder aos mestrados ou aos postos de trabalho que mais desejam. Eu estive no vosso lugar, eu sei como se sentem. Mas eu sigo a linha de pensamento do carpe diem: só se vive uma vez. O passado nunca mais vai voltar, e o futuro é a coisa mais incerta e incontrolável que o ser humano pode enfrentar. O único momento que podemos controlar é o presente, a maneira como o encaramos e como reagimos às coisas que nos acontecem no preciso momento em que acontecem.

Por isso, caros e caras colegas e futuros e futuras colegas, se estiverem a ponderar em entrar nesta aventura, aproveitem-na e vivam o momento.


Se já terminaste os estudos mas gostavas de ter uma experiência internacional, temos boas notícias: o programa Erasmus+ possui várias oportunidades de intercâmbio para professores, formação de pessoal docente e não docente, estágios e programas de voluntariado, entre outros.

Por fim, se desejares seguir o exemplo da Carlota, da Maria e da Kayla, sair da tua zona de conforto e ser o próximo membro da comunidade Erasmus, consulta esta página para saberes como te podes candidatar e quais os documentos que necessitas obter para tirar o máximo partido desta aventura.

Artigo elaborado em parceria com a Comissão Europeia.