Programa ERASMUS+: Portugal aos olhos da Roménia e Itália

Foto de Jason Briscoe / Unsplash

Criado em 1987, o programa de intercâmbio ERASMUS+ combina atualmente todos os planos da União Europeia nos setores da educação, formação, desporto e juventude. Desde a sua criação, este programa já permitiu a mais de 3 milhões de estudantes a possibilidade de realizarem parte do seu percurso académico numa instituição de ensino superior no estrangeiro.

Este programa permite, assim, desenvolver uma série de competências que, de modo contrário, seriam adquiridas de forma muito mais lenta. A participação em programas de intercâmbio como o caso do ERASMUS+, possibilita não só o desenvolvimento de competências linguísticas, sociais e culturais, como ainda potencia o ganho de independência, novas experiências internacionais e o contacto com outras realidades.

Contudo, o programa ERASMUS+ não se destina única e exclusivamente aos estudantes. Sabias que também podes encontrar oportunidades de intercâmbio para professores, formação de pessoal docente e não docente, estágios e programas de voluntariado, entre outros?

Neste artigo trazemos-te a perspetiva de duas estudantes de Erasmus: a Alexandra Diaconiţa, alumni na Universidade Alexandru Ioan Cuza, localizada em Iasi, na Roménia e a Chiara Ceriola, estudante na Universidade de Roma Tor Vergata, em Itália.

Ambas escolheram Portugal como destino de Erasmus, mais concretamente, a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Enquanto que a Alexandra optou por um estágio, tendo realizado outros Erasmus antes, esta foi a primeira experiência da Chiara, que frequentou algumas Unidades Curriculares como complemento ao curso da Universidade de Roma: Línguas na Sociedade da Informação.

“Chegar num país que fica muito longe do teu próprio, conhecer lugares, aprender hábitos, criar ligações com pessoas de outros países, e principalmente não ter rotina, foi incrível.”

Alexandra Diaconiţa, alumni na Universidade Alexandru Ioan Cuza

O que te levou a realizar Erasmus em Portugal?

A.D.: O meu primeiro Erasmus em Portugal foi em 2018, no Leitorado Romeno que faz parte do Departamento de Linguística e Línguas Românicas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Naquele momento concluía a licenciatura na Universidade de Iasi, Roménia, na especialização língua e literatura romena-francesa e este estágio parecia muito interessante, segundo os meus interesses profissionais. Também tinha muita curiosidade em conhecer a cultura portuguesa. Naquela altura, fiz a promoção do Leitorado, criando posters e vídeos para atrair mais alunos.

Os anos passaram e a minha experiência Erasmus cresceu, tal como a saudade de Lisboa, da cultura portuguesa e paixão pela língua romena ensinada aos estrangeiros. Comecei a aprender português e voltei em Portugal em 2021 e até agora continuo o mesmo estágio no Leitorado, mas as minhas responsabilidades mudaram. O Leitorado Romeno tem realizado cursos livres, de tradução e retroversão, como opção de licenciatura. Organizamos palestras sobre a cultura e civilização romenas, cursos intensivos de verão para todas pessoas interessadas em aprender a língua. Recentemente, organizámos um curso interdisciplinar, em inglês, chamado Identity and Intercultural Communication in Past and Present Romania, com a participação de alguns professores convidados de Iasi e Bucareste.  Em breve, vamos organizar um curso gratuito de conversa em romeno.

C.C.: Eu estudei português na minha universidade desde o segundo ano. Durante a Pandemia de Covid-19 senti a necessidade de melhorar o português e decidi fazer a inscrição no programa Erasmus+ e escolher Portugal e aulas em português.

Como foi a tua adaptação à cidade de Lisboa e à Universidade?

A.D.: Gostei imediatamente da cidade. Foi a minha primeira viagem fora da Roménia e ainda hoje acho que foi a melhor decisão que tomei. Todos os medos que tive, as experiências pelas quais passei e as pessoas que conhecei ajudaram-me imenso. Sempre que olhava para as fotografias prometia voltar um dia, o que acabou por acontecer.

C.C.: A minha adaptação não foi boa ao início, pois fiquei sozinha porque não falava com ninguém, sendo que o meu português não era bom. No início falei muito inglês porque não me sentia segura, mas depois decidi falar só português. Agora posso falar com mais facilidade e sou feliz.

Eu adorei poder falar todos os dias uma língua diferente, poder viajar através do país, poder conhecer novas pessoas, especialmente pessoas portuguesas ou em Erasmus como eu.”

Chiara Ceriola, estudante na Universidade de Roma Tor Vergata

O que mais gostaste nesta experiência?

A.D.: Os desafios que existiram sempre ao meu redor. Chegar num país que fica muito longe do teu próprio, conhecer lugares, aprender hábitos, criar ligações com pessoas de outros países, e principalmente não ter rotina, foi incrível. Todas essas coisas mudaram-me pouco a pouco. Nos outros Erasmus que fiz, em Estrasburgo e Poitiers (França) e Puerto de la Cruz (Tenerife) tudo foi mais fácil, porque já sabia o que fazer, onde procurar as respostas que necessitava. De mesmo modo, no meu primeiro estágio no Leitorado, descobri que gosto de criar designs digitais, uma paixão que ainda estou a desenvolver no meu tempo livre.

C.C.: Eu adorei poder falar todos os dias uma língua diferente, poder viajar através do país, poder conhecer novas pessoas, especialmente pessoas portuguesas ou em Erasmus como eu.

Existe alguma coisa que aches que pudesse melhorar a tua experiência enquanto estudante de Erasmus?

A.D.: Estou quase a acabar o meu Erasmus, mas não queria mudar nada. Cada experiência ajudou-me bastante.

C.C.: Acho que gostaria de ter recebido informações sobre os encontros Erasmus na minha faculdade. Não recebi notícias disso e acho que poderia ser importante, mesmo para alunos futuros.

Como correram as aulas? Os professores fizeram alguma adaptação das mesmas para os estudantes Erasmus?

A.D.: Em 2018, como foi um estágio de prática, não tive aulas na universidade. A situação é a mesma neste momento (2022). A minha professora coordenadora é romena, então a comunicação e as tarefas foram bem explícitas.

C.C.: Na minha aula conheci novas pessoas, mas falo só com algumas. A professora não teve um comportamento diferente comigo (sou a única Erasmus com dificuldades). Apenas lhe pedi, ao início, se poderia falar um pouco mais devagar e a professora aceitou.

Quais as dicas e conselhos que gostarias de dar a um estudante que pense fazer Erasmus, de modo particular, em Portugal?

A.D.: Ter coragem e viver ao máximo esta experiência única.

C.C.: Eu recomendaria aproveitar ao máximo Lisboa e Portugal em geral, porque é um país que tem muito para dar e de onde podemos tirar grandes experiências. Lisboa é uma cidade ensolarada e criativa. Recomendo não ter medo de falar português e participar de todas as atividades.


Se gostaste do testemunho da Alexandra e da Chiara e gostavas de fazer parte da comunidade Erasmus, consulta esta página para saberes como te podes candidatar e quais os documentos que necessitas obter para tirar o máximo partido desta aventura.

Não permitas que o mundo coloque barreiras aos teus sonhos e atreve-te a superar as tuas próprias expetativas. Boa sorte!

Artigo elaborado em parceria com a Comissão Europeia.