Quase um quinto dos estudantes do Porto ainda não tem alojamento

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De acordo com um inquérito realizado pela Federação Académica do Porto, as residências públicas estão esgotadas e os alunos enfrentam grandes dificuldades no que diz respeito ao alojamento.

Quase um quinto dos estudantes do ensino superior do Porto ainda não conseguiu encontrar um quarto, sendo que o ano letivo começou há mais de um mês.

Quem o diz é a Federação Académica do Porto (FAP), que realizou um inquérito na semana passada e confirmou as dificuldades sentidas pelos alunos em relação ao alojamento. A lotação está esgotada nas residências públicas.

De acordo com os dados disponibilizados ao Público pela FAP, 17% dos estudantes deslocados ainda não encontrou um quarto. Mesmo em relação aos que já têm quarto para o novo ano letivo, 43% demorou “pelo menos um mês” a encontrá-lo.

Este cenário resulta de uma diminuição acentuada da oferta, com o número de anúncios de quartos para estudantes a cair 80%, face ao ano passado e do aumento dos preços. Arrendar um quarto junto a uma instituição de ensino superior custa mais 10%, em média, do que há um ano.

Estes números são “preocupantes”, mas não são “uma surpresa”, de acordo com Ana Gabriela Cabilhas, a presidente da FAP. “Já prevíamos encontrar esta situação, porque o número de pedidos de ajuda não tem reduzido à medida que o ano letivo vai avançando”, sublinha a dirigente.

A FAP recebe relatos de alunos que passam a noite dentro de automóveis à entrada das faculdades — são casos “pontuais”, mas “muito preocupantes”, nota Cabilhas.

A maioria dos estudantes que ainda não encontrou alojamento ou está a viver em casas de colegas ou familiares, ou faz viagens mais longas de ida e volta para cidades como Braga ou Aveiro, a cerca de uma hora do Porto em transporte público.

O inquérito foi realizado pela FAP entre domingo da semana passada e a última sexta-feira. Incluiu alunos de diferentes instituições de ensino superior do Porto, tanto públicas como privadas.

Do estudo fizeram parte 1.325 estudantes, 87% dos quais estão inscritos na Universidade do Porto ou no Instituto Politécnico do Porto. Cerca de 20% dos inquiridos ficaram colocados este ano, pela primeira vez, no ensino superior.

O inquérito é o único exemplo deste género, não havendo dados de outras cidades do país, com os quais pudesse ser feita uma comparação.

A “perceção” do presidente da Federação Académica de Lisboa é que o número de pedidos de alojamento na capital “está a diminuir muito” nas últimas semanas. “Ou já encontraram casa ou desistiram de procurar”.

Os dados da FAP mostram que um em cada três estudantes está a fazer “um grande esforço financeiro” para pagar o alojamento. Para cerca de 20% dos alunos do Porto, um quarto custa mais de 400 euros.

A grande preocupação das duas Federações Académicas é que as dificuldades para encontrar casa contribuam para um aumento do abandono do ensino superior.