Querem acabar com uma coisa que é nossa!

Mais uma semana em que aquela palavra aterrorizante, devastadora e com uma capacidade extraordinária de acabar com a feliz vida dos pupilos que entram na Universidade volta a ser tema de conversa no Parlamento… Senhoras e senhores: “A Praxe”!

Através das mais recentes notícias consegue-se reter que o Governo quer criar uma rede de apoio psicológico e jurídico aos estudantes que o solicitem por serem deparados com o tormento da praxe… Pois bem, meus senhores, a Praxe é opcional! Faz praxe quem quer, quem tem espírito para tal, quem se quer entregar a uma Academia, ser acolhido e ser tratado como parte integrante dela!

A comunicação social reforça que o Governo está cada vez mais intolerante com a prática de praxes abusivas… Mas o que é isto? Qual é a necessidade de compararem a Praxe a algo mau? A algo aterrorizante? Qual é a necessidade de colocarem medo nos pais dos novos alunos que acabam por pensar que o filho/a vai sofrer nas mãos dos doutores, superiores, veteranos…



Eu estudo no interior, fui praxada… BEM PRAXADA… e sabem? Que saudades! O meu ano de caloira foi o melhor ano da minha vida e tenho real pena por aqueles que não conseguem ou não sabem aproveitar como deve ser o seu ano de caloiro.

Sabem… Se não fosse a praxe, se não fosse aquela receção calorosa no dia da minha matrícula, eu não sei se ainda estaria na minha instituição de ensino… Caí lá sem saber como, sem conhecer rigorosamente nada e foi a praxe, foi quem me praxou, que acabou por fazer parte da minha segunda família.

Sim “família” e sabem porquê? Porque me transmitiram valores, partilharam comigo momentos excecionais, ensinaram-me e incutiram em mim excelentes princípios… princípios como a humildade, que é uma coisa que falta a muito boa gente.

Acham que estar horas a olhar para o chão, não poder olhar nos olhos dos trajados ou não os poder tratar por “tu” é algo mau? Não! É sinal de respeito, coisa que teremos de ter numa futura vida profissional em que, aí sim, nada vai ser facilitado.

Acham que ter de dizer bom dia e todo e qualquer trajado é mau? Não! É sinal de boa educação, de bons princípios e mais uma vez de respeito. Um dia terão de o fazer, “respeitar para ser respeitado” não é?

Ou será que são os horários que são maus? O ter que fazer flexões por cada minuto de atraso? Acordem! Durante um estágio, se houver atrasados, podem ser chumbados ou durante a vida profissional podem acabar por ganhar um livre direto para o desemprego.

Na praxe são transmitidas coisas boas e tudo aquilo que se faz tem um fundamento… um bom fundamento. Acredito que exista muita genteque não saiba praxar mas como em tudo na vida, a maneira como essas pessoas agem está diretamente relacionado com os ensinamentosque lhe foram incutidos e como tal, quando se fala em “praxes abusivas”, deve-se atuar sob o cerne da questão e não generalizar, não tentar asfixiar aqueles que defendem a praxe e não tentar acabar com esta tão boa e bonita tradição.

Hoje praxo! E agradeço de uma forma pura e sincera a todos aqueles que me praxaram, que me fizeram lutar, acreditar e que me ensinaramque a praxe pode ser encarada como algo extremamente enriquecedor a nível pessoal e que nos pode preparar a muitos níveis para aquelaque será a real e esta sim “abusiva” vida profissional em Portugal ou, cada vez mais, fora dele!

É irritante o facto da comunicação social não passar nenhum momento bom na televisão ou tão pouco nos jornais, momentos bons como os ensinamentos da praxe, as noites de serenata, a receção dos caloiros a uma cidade muitas das vezes desconhecida, as praxes solidárias… preferindo descarregar sempre conteúdo negativista e opiniões retrogradas sobre aquilo que desconhecem.

Entreguem-se à praxe, façam parte dela e teçam comentários ou formem opiniões só depois de passarem por tudo aquilo que é a base deuma academia… Aproveitem cada minuto porque um dia… “Sentes que o tempo acabou” e a única coisa que restará é uma capa negra de saudade!

DURA PRAXIS SED PRAXIS

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Este texto faz parte de uma nova série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

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