Uma família com um filho no segundo ano de licenciatura, em que os pais recebam cerca de 900 euros brutos de salário, já não tem direito a bolsa de estudo. A simulação foi feita pelo Diário de Notícias (acesso pago) e põe a descoberto que muitas famílias portuguesas estão a perder o apoio da bolsa de estudo por margens curtas.
O jornal baseia o exemplo numa família de três pessoas, que tem de pagar renda de uma casa por não ter património imobiliário, com rendimentos unicamente obtidos a partir do trabalho dependente e em que cada elemento do casal receba em torno de 900 euros brutos (cerca de 860 euros líquidos), com um filho a tirar uma licenciatura num cenário em que paga propina máxima.
Em causa, um rendimento anual do agregado em torno de 23.800 euros. Segundo o Diário de Notícias, mesmo partindo de uma análise conservadora, uma família com estas características já não tem direito ao apoio da bolsa de estudo.
Neste caso avançado pelo Diário de Notícias, o apoio não é dado à família analisada porque, na prática, o rendimento per capita do agregado é maior do que 7.925,87 euros, ou seja, 16 vezes superior ao IAS, o indexante dos apoios sociais, que se fixa atualmente em 428,90 euros.
As contas foram feitas pelo jornal no simulador da Direção-Geral do Ensino Superior e denuncia que “fontes da área” estão a queixar-se de que muitos estudantes estão a ficar sem apoio por uma “curta margem”.