Ser tunante

Olá, sou a Inês tenho 21 anos e gostaria de partilhar a minha história na tuna.

Tudo começou naquele primeiro semestre do primeiro ano de faculdade, onde tudo era novo e tudo parecia perfeito. Nessa altura pareceu-me uma excelente ideia entrar para a tuna da minha faculdade. E com o espírito de querer viver novas experiências, fui então para a tuna.

Naquele primeiro ano tudo parecia bem entre atuações e saídas à noite. Era realmente o máximo, adorava cantar para as pessoas aquelas músicas que faziam vibrar. Podia cantar mal, mas cantava com paixão. Adorava ir aos ensaios, faziam-me sentir viva. Só que depois havia também as praxes… Que supostamente são só para quem quer e não são obrigatórias, pois mas não foi bem assim, pelo menos na tuna em que eu estava.



Levei sempre na brincadeira, mas muitas vezes ser caloiro era sinónimo de ser rebaixado pelos mais velhos. Sim, eu senti isso, e a minha vontade foi sair da tuna logo no segundo ano em que lá estava. Para não falar nos caloiros que podem fazer o que querem, e outros que não podem como foi o meu caso algumas vezes.

Isto aconteceu mais concretamente em festivais de tunas. Ir a festivais é muitas vezes motivo para festejar, mas no meu caso ir a um festival de tunas não foi de todo… Eu detesto festivais, descobri isso no primeiro a que fui. Fui a outro e foi melhor, mas não gosto dos ambientes de confusão e de festival. E por muito que me custe admiti-lo, para ser tunante é necessário gostar de festivais, do barulho, da confusão. No entanto, continuei na tuna porque gostava das atuações que fazíamos nos mais diversos sítios.

Segurava com toda a alma o estandarte da tuna, porque me fizeram acreditar que isso era necessário, e na realidade não era assim tão importante.

E agora vou vos contar a parte mais triste desta história. Pouco tempo depois de ter entrado, fui posta na ponta da tuna porque era basicamente a que cantava pior, e assim fizeram-me acreditar que como estava na ponta tinha de segurar o estandarte da tuna, então assim fiz durante dois anos.

Até começar a desmotivar devido a ensaios onde não ia quase ninguém, onde havia montes de trabalho para fazer, mas eram sempre os mesmos que iam (caloiros e poucos veteranos), estava-se sempre a adiar tudo e mais alguma coisa, já para não falar dos atrasos que sempre houve. Por tudo isto, acabei por tomar a difícil decisão de sair da tuna.

Agora que saí, o estandarte já não está na ponta da tuna, e penso que foi para o meio… Ou seja,  isto doí-me porque carreguei algo que podia ter sido outra pessoa a fazê-lo, pois afinal eu tinha de estar na ponta, mas ele não. Pelo que tenho vindo a perceber pode estar em qualquer sitio.

O que quero realmente dizer é que se querem pertencer a uma tuna, força. Apenas imponham sempre, sempre os vossos limites, aceitem se que quiserem e rejeitem tudo o que não vos fizer bem. Não tenham medo de falar, quando não gostarem de algo como eu tive. Sim eu tive medo de falar, e acabei por aceitar certas regras, e fazer certas coisas que na verdade eu não queria.

Ouvir, calar e obedecer nada mais havia a fazer quando algo não me agradava. Não me calei por não me darem oportunidade para falar, simplesmente percebi que a minha palavra não tinha valor praticamente nenhum. Era caloira e eles eram veteranos, ou seja, eles mandavam, eu obedecia. Se tu vais ser caloiro no próximo ano letivo vai às praxes, vai para a tuna, vai para onde tu quiseres ir, desde que te sintas bem contigo mesmo. Não aceites nunca que sejam injustos contigo, e te obriguem a fazer algo que não queiras, e muito menos que te humilhem. Se isso acontecer, fala, grita, vai embora, só não aceites absolutamente nada que não queiras.

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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

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