Sonhos negros
Alguma vez os tiveste?
Capa traçada
Alguma vez a sentiste?
Capa estendida, suja, desamparada
Capa de amor que nos une nesta jornada
Negros sonhos, de meia rasgada
Estudantes juntos, tocaram uma balada
Dançaram p’la madrugada
E ansiaram notas, de coração tremido
Juntos, choraram canções
Aprenderam lições
E superaram, possantes, o coração partido…
Foram anos, dias e horas
De vivências e histórias
Fúrias e glórias de um curso vencido
Negros sonhos, de pés doridos
Pelos caminhos percorridos
Difíceis de ultrapassar
Mas o estudante? Esse superou
E aqui conquistou, memórias para amar!
Memórias de fitas embutidas na pasta
Memórias de capas erguidas na mão
Memórias com que eu quero
Cantar o hino da vitória
De que estes anos de história não foram em vão
Eu quero, cantar o hino do meu curso
Enquanto caminho o percurso
Desta bonita tradição
Eu quero, cantar na minha cidade
O nome da minha faculdade
E o orgulho na associação
Eu quero, quero cantar ao meu país
E gritar de capa ao peito que aqui …
Eu fui feliz!
Nós queremos erguer as nossas fitas
De capa suja, de pés doridos, de meia rasgada…
Nós queremos erguê-las com os nossos,
Com as pessoas abraçadas
Por isso, tu, sim, tu que andas por aí
Ouve o nosso pedido:
Tu, que deixaste o mundo em casa,
Que nos cortaste a asa
Vai!
Tu, que trouxeste receios,
Que quebraste devaneios,
Vai!
Tu, que cancelaste eventos,
Que nos tiraste pessoas e momentos
Vai!
Desvanece entre as nuvens que não nos deixa sentir
Desvanece entre as árvores que não nos deixas tocar
Desvanece nos rios, nos oceanos, no mar
E compra o teu bilhete de ida… para nunca mais voltares
Porque nunca, em nenhum sonho negro
de uma estudante que sou
Pernoitou tamanho parasita
Nunca, em nenhum pesadelo
Se deixou por queimar uma única fita
E agora? Quando somos finalistas?
Tornaste tudo uma incógnita, um segredo,
O dia de finalista por que tanto se ansiou
E que por enquanto não passou
De um mero… sonho negro.