Os últimos três anos foram de grandes conquistas na vida de Guilherme Roque. Atualmente a frequentar o curso de Tradução e Interpretação de Português – Chinês no Instituto Politécnico de Leiria, o estudante já foi duas vezes premiado pela Embaixada da China em Portugal, o que considera ser a sua maior conquista até ao momento. Além disso, ainda recebeu o Prémio Finalista do Concurso de Criação de Vídeos Promocionais sobre os Países de Língua Portuguesa, atribuído pela Universidade Politécnica de Macau, em 2021. Mais recentemente, Guilherme foi aprovado no exame HSK 5, o segundo nível mais avançado de língua chinesa.
Dos prémios atribuídos pela Embaixada da China em Portugal destaca-se o 3º lugar na categoria de escrita de texto em chinês, no Concurso Nacional “Eu e a China”, em 2022. No ano passado, Guilherme foi ainda um dos 20 estudantes em Portugal que receberam a Bolsa de Estudo “Embaixador da China”, cujo objetivo principal é encorajar o entusiasmo pelo envolvimento e aprendizagem da língua e cultura chinesas.
Sabemos que há cada vez mais jovens e adultos a interessarem-se pela cultura oriental e, por esse motivo, o Guilherme decidiu partilhar connosco um pouco mais do seu percurso e interesse pela língua chinesa.
De onde surgiu o teu interesse pela China?
Na verdade, como grande parte dos jovens em Portugal, comecei por ter interesse na animação e comida japonesa. Cheguei mesmo a integrar um curso de japonês em Lisboa, enquanto estava na escola secundária, a fazer um teste de proficiência japonesa (N5) e até a viver em Osaka, no Japão. No entanto, com o passar do tempo apercebi-me que apostar no Japão não seria a melhor escolha. Estamos a falar de um país que já teve o seu apogeu económico (anos 80) e que, ultimamente, tem vindo a desacelerar nesse aspeto. Meter as minhas “fichas” numa economia deflacionária, com uma população envelhecida não seria, de todo, a melhor jogada no tabuleiro.
Foi aí que encontrei a hipótese de seguir chinês. Na altura (2020), após ter terminado a escola secundária, nem sabia bem aquilo que estava a escolher. Apenas me pareceu uma boa ideia em termos de futuro. Hoje, já posso dizer que falo chinês, que vivi na China e que quero continuar a seguir este caminho cheio de oportunidades.
O que poderias dizer sobre a vida na China?
Bem, eu tive a hipótese de não só conhecer a China continental, como também Macau e Hong Kong, portanto diria que tenho uma boa ideia de como funciona a vida na China, e posso dizer que não é nada como as pessoas imaginam.
(1) A vida na China é extremamente segura. Há câmaras por todo lado e, como tal, é quase impossível que haja alguma altercação que passe despercebida. Nos 5 meses que estive lá nunca passei por nenhum problema, fosse de manhã, à tarde, noite ou de madrugada.
(2) A China é incrivelmente desenvolvida e cada vez se desenvolve mais e mais rapidamente. Eu passei algum tempo em Shenzhen, uma das cidades mais desenvolvidas do mundo, conhecida como a “Silicon Valley” chinesa e, de um ponto de vista europeu, a realidade de lá tem verdadeiramente um carater onírico. É uma verdadeira utopia tecnológica: 5G por todo o lado; sistema de faturação em blockchain; pagamento nas lojas através de reconhecimento facial; sistema de trânsito suportado por inteligência artificial; transportes públicos elétricos; robôs trazem a comida ao quarto de hotel, etc.
(3) A China é grande… muito grande. As pessoas por vezes esquecem-se de que a China é quase do tamanho da Europa. Isto significa que a experiência de quem visita a China pode ser radicalmente diferente dependendo dos sítios que ela visita. A China varia em clima (desde o clima de tundra do Tibete ao clima tropical de Hainan), em sabores (desde a comida picante de Sichuan à comida doce de Cantão), em acompanhamento (arroz no sul, massa no norte), em termos linguísticos e culturais (56 etnias e um imensurável número de dialetos diferentes), etc.

Que conselhos gostarias de dar a estudantes de língua chinesa?
A melhor hipótese que vocês têm neste momento para estudar chinês é garantir uma bolsa do Governo Central da China. Dessa maneira, vão ter uma imersão completa ao viver e estudar na China de maneira gratuita. Aliás, não só é grátis, como também vos pagam. Têm direito a estipêndio (250€/500€ por mês), seguro de saúde, alojamento e propinas completamente pagas. Isto aplica-se a cursos de língua, licenciatura, mestrado e doutoramento. Mas este caminho é individual e requer proficiência em chinês.
Caso vocês estejam a começar do 0, a melhor hipótese em termos de licenciatura em Portugal, é a licenciatura em Tradução e Interpretação: Português-Chinês do Instituto Politécnico de Leiria. Digo isto porque têm a oportunidade de viver um ano em Pequim e outro em Macau. Não vos oferece as mesmas regalias nem o mesmo nível de imersão, mas torna o processo incrivelmente mais fácil para quem ainda não tem os conhecimentos necessários.
Em último caso, para quem quer estudar chinês como apenas uma língua secundária, atividade extracurricular ou passatempo, a melhor opção será ter aulas nos Institutos Confúcio de Portugal (Lisboa, Coimbra, Aveiro, Porto ou Minho).
O que ambicionas para o futuro?
Agora em mente tenho 3 objetivos: Em primeiro, realizar o meu estágio curricular na Universidade de Coimbra. Em segundo lugar, atingir o HSK 6, o nível mais alto de proficiência em chinês. Em terceiro e último lugar, candidatar-me a um Mestrado de ensino de chinês na China continental, e prosseguir os meus estudos.
Se gostavas de ter uma experiência semelhante à do Guilherme e aventurar-te pela língua e cultura chinesas, a Embaixada da China em Portugal irá atribuir 6 bolsas de estudo para o ano letivo 2024/2025. As candidaturas estão a decorrer até ao dia 16 de fevereiro de 2024. Podes consultar mais informações sobre estas bolsas através deste link.