Olá, caro vindouro colega! Espero que te encontres bem.
Nestes últimos dias, como milhares de estudantes no nosso país, deverás ter recebido o e-mail da tua colocação num curso e numa instituição de ensino superior. Que novidade louca, sísmica, até (como o abalo que na madrugada desta segunda-feira ocorreu), não? Há praticamente um ano estava a dar os parabéns a muitos colegas teus. Hoje, dou-tos a ti. Portugal viu quase 50 000 alunos a entrarem em faculdades e politécnicos e isso é uma notícia excelente para o avanço da qualificação no nosso território. Sem ti, sem a visão juvenil e o gosto pelas artes, pelas letras, pelas ciências ou pelo desporto, o desenvolvimento técnico e humano não seria possível.
Sabes, há 7 anos que recebi a mesma notícia que tu. “Colocado”, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, no curso de Sociologia. Como sempre, os resultados saíram mais cedo do que aquilo que era previsível e as partilhas nas redes sociais de amigos e colegas meus surgiram como cogumelos. Foi um momento animador, de muito receio, claro, mas também de muita esperança. Era um avanço, individual e também ao nível familiar, nos conhecimentos educativos. Estava prestes a partir para um mundo novo.
Mais tarde, há 2 anos, quando me encontrava a terminar o Mestrado em Ciências da Educação, redigi e defendi uma dissertação (tese) que abordava, precisamente, as expectativas de bem-estar dos estudantes do ensino superior. Isto é, com que pensamentos e sentimentos entraram os alunos nos seus cursos e se essas expectativas estavam ou não a ser correspondidas ou, até, se teriam sido alteradas. Entrevistei 16 colegas teus, de cursos bastante diferenciados: Sociologia, Matemática, Bioengenharia e Direito. Mesmo perante a diversidade de perfis de estudantes com quem falei, encontrei neles a mesma vontade de utilizar o ensino superior como algo útil, uma aprendizagem e, igualmente, uma panóplia de competências para um destino melhor.
Por tudo isto, sei o que poderás estar a sentir. Vivi e estudei estes temas e antevejo que, a partir do momento em que pisarás a tua instituição de ensino, o que até então parecia minimamente pacífico e controlável poderá passar a ser um turbilhão interno. Independentemente da tua maior calma ou ansiedade, queria transmitir-te que as coisas vão correr bem. Claro, o ensino superior terá, como tudo na vida, as suas complexidades: professores menos simpáticos, matérias mais difíceis, computadores ocupados ou livros requisitados quando precisas urgentemente deles ou aulas com uma duração “interminável”. Mas pensa comigo: não serão maiores e melhores as vantagens? Irás conhecer imensos colegas novos, que poderão tornar-se amigos, família; docentes e profissionais da tua área, com conhecimentos vastos que te darão a conhecer mais da sua esfera científica de atuação; edifícios com variados serviços (alimentares, de saúde, administrativos, pedagógicos, técnicos…) que te ajudarão na tua jornada; e uma série de atividades recreativas – de caráter artístico, desportivo, literário, etc. – que certamente despertarão o teu interesse.
O ensino superior é o primeiro passo rumo à educação para toda a vida. As experiências que acontecem neste contexto podem ser tantas e tão diversas que, decerto, em algum momento do futuro, recorrerás às mesmas como guias. Por isso, o conselho que te dou é o contrário daquilo que se costuma dizer quando se pensa nesta fase da tua vida, o famoso “só se vive uma vez! Vive como se não houvesse amanhã!”. Eu proporia antes o seguinte: como os cursos costumam ter pelo menos 3 anos, aproveita cada dia como um elemento único, com tranquilidade. Existe um amanhã, pelo que o tempo para a diversão e o tempo para a concentração certamente serão conciliáveis.
Para qualquer coisa, dispõe! Estarei por aqui, contactável. E aproveita esta plataforma, que também é tua amiga, a Uniarea.
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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