Foto de José Coelho

Voltei às ruas da cidade que apesar de não ser minha a sinto como tal


Redescobri que todos os caminhos vão dar à Sé e que, mesmo sem se comentar, toda a gente sabe onde é a rua direita (que na verdade é tudo menos direita…).

Voltámos à rotina dos cafés com “os amigos da faculdade”. Às noites em que recordamos o primeiro dia, as primeiras percepções mas onde pensamos no futuro e tentamos arranjar respostas para as eternas perguntas de um futuro profissional. Senti de novo a confusão de “mudar de casa”. Mais uma casa, um quarto, mais pessoas, mais oportunidades, mais tudo… Até dores de cabeça!

Saboreei de novo o “tenho que acordar cedo”, que muitas vezes se tornou num “nem sequer me cheguei a deitar”. O despertador tocou insistentemente durante 2 semanas sempre às 7h30. E o motivo de acordar tão cedo tem um nome algures escondido entre lágrimas e sorrisos: a saudade de estar do outro lado. “Deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer”. E deitar tarde e cedo erguer? Sim… Também me deitei tarde porque era noite académica, também cheguei a casa de madrugada porque tínhamos que aproveitar enquanto o verdadeiro lado da faculdade estava longe.

Recomeçaram, algures aí no meio, as noitadas no Casulo (estudar em casa não dá direito a cappuccinos e risadas entre pausas), as discussões comigo própria a tentar perceber que mais posso fazer para os dias passarem a ter 48 horas ao invés de 24.

Ouvi o Linda Leiria e senti um arrepio na espinha como se fosse a primeira vez. Os acordes de uma daquelas que é a música dos estudantes e da cidade do coração faz com que, dentro de mim, todos os sentimentos se transformem em lágrimas. Não de tristeza mas de orgulho e alguma nostalgia.

Regresso a casa praticamente todos os fins de semana. Aos recantos do meu quarto e aos sunsets que enchem o coração. Mas todos os domingos a rotina recomeça: fazer malas, preparar os avós para mais uma semana, a mãe para menos uma semana na minha presença e a mim mesma… Recomeça mais uma semana e o único pensamento que me ocorre quando volto à cidade do Lis é sempre o mesmo: “Quantas mais semanas passarem, mais perto estamos de ir.”

Todos os dias penso que estudar em Leiria é, sem sombra de dúvida, a melhor oportunidade que tive.