Mais de 40% dos portugueses que estudaram numa universidade ou num politécnico dizem que as qualificações que têm são em excesso para aquilo que o trabalho exige. A conclusão surge num estudo sobre o Valor Atribuído pelos Portugueses à Educação.
O trabalho é o primeiro promovido pela EDULOG, o Think Tank de Educação da Fundação Belmiro de Azevedo e foi coordenado por Patrícia Ávila, socióloga do ISCTE-IUL, que admite à TSF que uma das principais conclusões é que existe um fosso entre duas ‘camadas’ de portugueses: os mais escolarizados que acham que precisam de estudar mais; e os pouco escolarizados para quem o que alcançaram já é suficiente.
Sinais que segundo a investigação devem servir de alerta para a necessidade de apostar, de novo, num sistema de incentivos à escolarização dos adultos com baixas qualificações, à semelhança do programa Novas Oportunidades.
Em termos médios, a escolaridade dos portugueses continua a ser baixa e não é por acaso que 62% afirmam que gostariam de ter estudado mais. Contudo, apenas 28% tem a curto (15%) ou médio prazo (13%) a intenção de voltar a estudar, números que sobem entre quem tem mais escolaridade, nomeadamente superior.
A esmagadora maioria dos inquiridos considera que a escolaridade que tem foi útil (50%) ou mesmo muito útil (33%) para preparar para o mercado de trabalho.
No entanto, à medida que aumenta a escolaridade crescem aqueles que consideram terem qualificações superiores ao necessário, chegando aos 41% para os que têm ensino superior e 22% para os que chegaram ao secundário.
Patrícia Ávila admite que estaremos provavelmente perante um problema das oportunidades que existem no mercado de trabalho para os mais qualificados.
A socióloga sublinha, contudo, que apesar dos números anteriores, existe consenso entre os inquiridos sobre a elevada importância da educação escolar não apenas na profissão, mas também como instrumento para a leitura da realidade que rodeia as pessoas, não sendo por acaso que 88% dizem que estudar é importante mesmo que não garanta um emprego.