Olá. Hoje trago-te mais um artigo sobre doenças mentais. Aproveito o meu testemunho para te dizer o quão difícil pode ser viver com uma doença mental. Aos olhos dos outros, podes chegar a ser julgado e apelidado de “esquisito”, “anormal” e mesmo uma ovelha diferente de todo o rebanho, mas as pessoas com um coração bom, uma mente aberta e moderna e sobretudo os teus verdadeiros amigos entenderão cada emoção, cada dor e estarão sempre ao teu lado. São essas pessoas que deves manter por perto e lembra-te que não estás sozinho nessa luta. Ao contrário do que possas pensar, os serviços de psicologia e psiquiatria das universidades estão a abarrotar e muitas pessoas escondem que frequentam estes serviços pelo medo do julgamento mas acredita que muitas pessoas que não dirias terem problemas, acredita que muitas vezes são as primeiras a sofrerem. Daí haver aquelas surpresas de alunos brilhantes e populares que se suicidam.
A minha doença mental apesar de grave é muito comum na nossa sociedade. Faz-me querer suicidar muitas vezes, sentir uma dor esmagadora que me tira o fôlego, querer fugir das pessoas e isolar-me no meu quarto e acredita que apesar de tudo posso dizer que tenho amigos verdadeiros que me deixam partilhar a minha dor com eles para que ela seja menor e mais fácil de lidar. Para mim é muito difícil criar rotinas, vivo numa montanha russa de emoções e o que hoje amo, amanhã odeio e é uma confusão mental muito grande. Imagina o que é num dia amares o teu curso e a tua vida e no dia a seguir quereres matar-te porque sentes-te sem rumo. Imagina o que é para os teus pais, entenderem uma coisa destas. Não é fácil, nem para ti nem para os que te rodeiam. Posso dizer-te que tomo muita medicação e que mesmo assim continuo a sentir esta dor que infelizmente é crónica e tende a piorar com o avançar da idade. Por vezes, o mundo parece ameaçador e maior que nós mesmos, sentir que não pertencemos a nenhuma parte do mundo faz-nos sentir pequeninos e inúteis e não é fácil dar a volta por cima. Já faz 3 meses que infelizmente fui invadida por um cansaço extremo que como podes imaginar não tem ajudado nada à minha doença, só a piora e torna-a ainda mais esmagadora que o “normal”. Fez-me ter que deixar a escola, o meu curso, ter-me feito procurar um emprego que infelizmente não gosto mas que tenho que o aguentar porque foi esse que apareceu e os meus pais não são ricos e apesar de tudo precisam de ajuda, porque as consultas e as medicações que infelizmente são muitas não são nada baratas. Não tem sido uma luta nada fácil, se os meus pais soubessem que choro todas as noites, que tenho pesadelos todos os dias e que me sinto com uma dor e uma vontade de suicídio tão grande, com toda a certeza que me tiravam de trabalhar, mas eu não posso ser egoísta a esse ponto. Eles já se sacrificam muito por mim, não posso pedir mais.
Não sei se te consegues rever nas minhas palavras, mas apesar de tudo quero que saibas que não estás sozinho e que como os psicólogos dizem existe sempre uma solução melhor que o suicídio e todo o sofrimento é temporário. Foram muitas as consultas em que ouvi estas palavras e não as consegui assimilar nem acreditar nelas, mas preciso delas para me aguentar a cada dia.
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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