Medicina: prova de acesso à especialidade passa a custar 90 euros

Beneficiários de bolsa de estudo estão isentos de qualquer pagamento. Prova terá 150 questões de escolha múltipla a que os médicos podem responder em 240 minutos. Para preparação, há seis livros de referência, adianta o Público.

A prova dos médicos conhecida como Harrison tem o seu fim anunciado e a que lhe sucede, no próximo ano, será, em parte, paga pelos candidatos. Os médicos que queiram fazer a nova Prova Nacional de Acesso à Formação Especializada terão que comparticipar em 90 euros a sua realização.



Isentos estão os alunos que beneficiam de bolsa de estudo no último ano do curso. Os restantes terão que pagar o valor da comparticipação, que não pode ser devolvida, quando se forem inscrever na prova que permite o acesso à especialidade, lê-se no despacho, publicado nesta sexta-feira em Diário da República, que implementa o novo modelo do exame, com a respectiva matriz de conteúdos e referências bibliográficas.

 

Esta comparticipação, diz o gabinete do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, que emitiu o despacho, “será exclusivamente utilizada para a profissionalização e sustentabilidade do Gabinete da Prova Nacional de Acesso (GPNC)”. O montante será cobrado pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), sendo depois transferido para este gabinete criado para preparar a realização do exame e sediado na secção Norte da Ordem dos Médicos. A Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) já se tinha mostrado contra este pagamento, quando ainda não era conhecido o valor. Actualmente o Harrison não é pago.

Este despacho surge no culminar de um trabalho conjunto entre o Ministério da Saúde, a ACSS, a Ordem dos Médicos, a ANEM, especialistas ligados ao actual exame e colégios da especialidade que, por considerarem que o Harrison está “esgotado”, procuraram criar um modelo de prova assente no “raciocínio clínico que um médico recém-licenciado deverá possuir”, como classificava no ano passado o coordenador da comissão formada para o efeito. António Sarmento distanciava, assim, o novo exame de um Harrison focado apenas nas áreas da medicina interna e “na capacidade de memorização”.

A nova prova terá 150 questões de escolha múltipla, em vez das 100 do anterior exame, a que os médicos podem responder em 240 minutos (duas partes de 120 minutos, com intervalo).

 

A matriz de conteúdos que deverão ser avaliados contempla cinco áreas – medicina (50%), cirurgia (15%), pediatria (15%), ginecologia/obstetrícia (10%) e psiquiatria (10%) –, sendo indicados seis “potenciais livros de referência” para preparação da prova. Para o anterior exame estavam apenas indicados os dois volumes do manual de medicina interna de Tinsley Harrison.

E outra mudança relativamente ao Harrison é que as respostas “podem requerer a mobilização de conhecimentos e capacidades relativos a mais do que um dos domínios/áreas do conhecimento da matriz”. Afinal, a prova “avalia aprendizagens de forma integrada e articulada”, lê-se no despacho.