Não entrei na primeira fase e… não foi o fim do mundo

Como assim deve ser, terminei o 12º ano dentro dos 3 anos previstos. Não posso dizer que fui uma aluna brilhante, porque na verdade nãofui tão boa como desejava e apenas fiquei pelo satisfatório.

Fui das tais que decidiu à última da hora o que queria seguir no ensino superior, embora sempre soubesse que um dos meus maiores objetivos era mesmo entrar para a faculdade e viver uma vida académica de sonho, dentro dos possíveis e dentro dos meus limites.

Chegou junho e os exames nacionais foram realizados com sucesso e só pensei em preencher a candidatura. Assim foi. Preenchi as 6 opções, submeti e vivi o verão. Talvez o mais angustiante de todo a minha vida. Diverti-me, obviamente, mas todos os dias, nas conversas entre amigos, o assunto da saída dos resultados da candidatura vinha ao de cima. No início estava confiante, mas com o passar do tempo as esperanças começaram a diminuir e o stress a aumentar. Toda a gente, principalmente a minha família, tinha imensas expectativas em relação à minha entrada na faculdade e ao meu futuro. Estavam todos tão ou mais ansiosos do que eu. A certa altura só pensava que os iria desiludir, se não corresse como o esperado, e já nem pensava na desilusão ainda maior que iria ser para mim, também.



 

Chegou o derradeiro dia. Ler “a” frase que te diz que não foste bom o suficiente para seres colocado na primeira fase dói. Fiquei perdida e posso dizer que fiquei com esperança que o DGES estivesse errado e só me acreditei verdadeiramente no sucedido quando, de madrugada, recebi o e-mail a confirmar.

Chorei, chorei durante dias a fio. O meu sonho tinha ido “por água abaixo”. E as soluções? Candidatar-me à segunda fase (onde seria ainda mais difícil entrar em algum curso, do que na primeira fase) e voltar ao secundário, fazer melhorias e voltar a tentar 1 ano depois. 1 ano. 1 ano em que todos os meus amigos tinham seguido em frente e eu tinha ficado para trás. Um ano de desmotivação e solidão. Porque quando pensavas que ias seguir em frente, ficas parado no tempo, sem conseguir avançar e a única solução em vista é voltar atrás e percorrer o mesmo caminho de novo, mas desta vez sozinho. Demorou uns dias a entender e a aceitar o que estava a acontecer. Mas, afinal, era o meu futuro que estava em causa.

Lá fui fazer mais uma “visita” à minha antiga escola, mas desta vez para tentar assistir às aulas e pedir a ficha ENES da segunda fase. Não custa tentar, afinal, pode não estar tudo perdido. E aí começaram a surgir mais hipóteses. Porque não ir para fora? Porque não ir para uma privada? Primeiro, coloquei uma faculdade privada de parte porque nunca tinha pensado no assunto. Em relação a ir para fora comecei a pesquisar. Braga e Aveiro. Também queria ficar perto de casa. E comecei a pensar: “porque é que não me candidatei logo na primeira fase? Tinha conseguido entrar…”. Selecionei algumas faculdade, onde tinha média suficiente para entrar na segunda fase e falei com os meus pais. E aí surgiu a hipótese de uma privada, porque feitas as contas, ficaria mais barato pagar a mensalidade de uma faculdade privada e estar perto de casa, do que pagar todas as despesas que acarreta ter um filho a estudar longe de casa. Para ser sincera a solução não me agradava e pensei seguir em frente, sem sequer tentar. A meio da semana recebi um telefonema de uma familiar a falar-me de uma escola privada, que ela conhecia e que tinha boas referências. Mais uma vez, falei com os meus pais. Candidatei-me. Entrei! Matriculei-me e não estou minimamente arrependida. Hoje, tenho orgulho de dizer que faço parte da família ESE de Paula Frassinetti, onde estudo educação básica.

Por isso, se esta história também é tua não desanimes! As soluções estão em todo o lado. Mantém-te alerta! Para mim o mundo não acabou e para ti, com certeza, também não irá acabar. Procura, informa-te, fala com amigos, familiares, conhecidos. A partilha de experiências leva-nos sempre algures. E se a solução for mesmo voltar ao secundário? Força, de certeza que não estás sozinho. Ninguém te vai deixar para trás. Vais conhecer muitas pessoas novas e objetivo é partilhares a tua experiência com elas. Esforça-te e tudo correrá pelo melhor!

 

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Este texto faz parte de uma nova série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

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