Relação peculiar com a avaliação contínua

Há dois ou três dias estava a caminhar em direção a uma sala de aulas com um amigo meu, conversando acerca do Uniarea, quando ele me colocou uma questão: “Nunca mais escreveste nada para o site? Porque é que não te inspiras na tua história?” ao que eu respondi: “Como assim? Isso foi o que eu sempre fiz. Aliás, até hoje, escrevi sempre artigos de opinião.” A resposta dele?: “Fala dos recursos!!!”

Bom, quem ler isto pela primeira vez, provavelmente achará que não somos muito coerentes ou, simplesmente, estávamos como que a pescar um qualquer tema num mar de opções para que eu escrevesse um artigo para este site. A questão é que as coisas não são bem assim, nada lineares, mesmo.

O B. referia-se à minha estranha relação com as avaliações contínuas. Sim, leram bem: estranha relação com a realização de trabalhos e frequências no decorrer das aulas ou, até, fora das mesmas, como ocorreu em duas cadeiras cujas frequências se realizaram na época normal.



 

Creio que obter notas medíocres ou, até mesmo, más no decorrer do primeiro semestre seja algo com que (quase) todos os alunos do primeiro ano tenham que lidar. Pessoalmente, decidi abdicar das minhas férias do primeiro semestre e dei-me por satisfeita somente com três notas de cadeiras de avaliação contínua. As três cadeiras restante, às quais não obtive notas muito famosas (tive 9 numa delas em exame), foram os motivos pelos quais me fechei literalmente no meu quarto em fins de Janeiro e durante quase todo o mês de Fevereiro.

Encontrava-me desmotivada, cansada… Cheguei mesmo a ponderar desistir do curso em meados de Outubro. Para além de ter mudado para este curso na segunda fase e ter tido uma experiência não muito positiva no curso da primeira, deparei-me com um mundo completamente novo e não me sentia capaz de gerir tudo. Os trabalhos, testes, em suma, todas as tarefas, surgiam em catadupa e eu não conseguia absorver toda a informação e, muito menos, ser brilhante nos primeiros meses da minha vida académica superior.

Portanto, realizar exames de recurso (ou melhoria) pareceu-me a melhor decisão. Para o primeiro, sentia-me nervosa, mas não muito. Afinal, tinha uma nota razoável e não existia nada a perder. Subi dois valores. No segundo, ia desmaiando, porque ter duas horas para responder a três perguntas complicadíssimas e extensas não me deixava confortável, mas terminei por subir cinco valores. No último exame, da cadeira a que tinha tido negativa no exame, subi sete valores.

Devo dizer que me senti incrédula três vezes quando abri o portal da universidade e me deparei com tais melhorias. Se estudei mais? Sim, mas tinha-me esforçado quase de maneira igual para as avaliações contínuas. Se estava menos nervosa? Provavelmente, estive muito mais nervosa que habitualmente no decorrer de dois dos três exames de melhoria que realizei. Se estou feliz? Claro. Se pretendo caminhar na corda bamba novamente? NÃO.

 

Achava que perder as minhas férias não seria “assim tão mau” e que, se melhorasse nos exames, sentiria que tudo tinha valido a pena. O problema? Tive apenas dois dias de férias (Sábado e Domingo!!!!) entre o último exame e o início do segundo semestre. Se me arrependo? Nem por isso, mas espero conseguir criar uma relação mais agradável e produtiva com as avaliações contínuas, pois o cansaço acumulado (devido ao primeiro semestre e aos exames de melhoria) que sinto é tudo excetuando benéfico.

De qualquer forma, acredito que faria tudo novamente.

Aprendi que quem corre por gosto, também se cansa (definitivamente!!!), mas a felicidade e a autorrealização que advêm da concretização de determinados objetivos são, sem dúvida, os elementos que nos fazem querer caminhar em direção ao sucesso, por mais lágrimas, férias perdidas, frustração, falhas e horas de estudo que sejam necessários para ultrapassar os obstáculos e ir mais além.

Devido a um erro no servidor, este artigo foi republicado a 25 de Março de 2016.

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