O tempo voa…. Calmamente e com o seu ritmo próprio, mas segue o seu destino sem nunca voltar atrás. E se ontem estavas a chegar à tua faculdade, cada vez mais se aproxima o fim de um primeiro ano, o fim de mais um ano para alguns ou até o fim de mais uma etapa para outros… Para alguns será a primeira vez a vestir o traje, para outros a última. E assim se faz o tempo que se passa na Universidade.
Quando chegar a serenata, quando as primeiras notas soarem e encherem as ruas de silêncio estudantil, mas de melodia de saudade, mais uma etapa estará quase concluída e pouco faltará para uma mudança na vida de alguns. Alguns sentirão pela primeira vez o peso de uma capa nos ombros, uma capa ainda leve e com poucas histórias, com muitos risos já, mas poucas aventuras com ela ao ombro ou traçada. Outros desejarão que a capa não esteja tão pesada, com tantas histórias e, se pudessem voltar ao inicio. Sim para uns será o começo e para outros um recomeço. Mas esse dia ainda não chegou…
Nesse dia todos nós caloiros, olharemos ao espelho e após arranjarmos pela enésima vez a gravata que insiste em estar torta, teremos a noção do caminho que fizemos para chegar ali. Das praxes, dos medos, das escolhas e das aventuras. Olhar-nos-emos ao espelho achando que fomos tão pequenos e que crescemos tanto num ano que passou. Pensaremos no que vivemos e se alguém nos viu crescer, se alguém cresceu connosco… E de repente um medo tomará parte de nós. Serei eu capaz de ter este peso? De carregar esta capa que hoje experimento e que amanhã, naquela serenata, será minha por fim e será minha “companheira” nos anos que me restam? Todas estas dúvidas nos enchem e nos impelem de caminhar…, mas caloiro, se fizeste tudo não temas pelo caminho que falta percorrer. Olha antes a todo o caminho feito e sorri…. Sorri porque fizeste tudo o que podias e viveste até sentires que não dava simplesmente para viver mais. Riste, choraste e cantaste. Os teus pulmões falharam e a voz desapareceu. Recebeste tudo aquilo que tinhas para receber e quando não pensavas também caíste. Sim caloiro, tiveste tempestades até chegares a essa pessoa que se olha ao espelho antes da serenata, antes do jantar com a “família” que deixou de o ser porque sim para ser tão real que vê-los partir é como perder um pedacinho do que foi a tua vida aqui, neste momento.
E caloiro, não tenhas medo de viver, não tenhas medo de abraçar o desconhecido nem de cair. Tal como tu muitos caíram, muitos caem para se levantar logo a seguir, joelhos em sangue, mas mais fortes. Não deixes que ninguém te limite nem que ninguém te oprima. Sê quem és e levanta-te quando fores ao fundo. Sabe sempre que a pessoa que escolheste caminha ao teu lado, de uma forma ou de outra, mas caminha contigo. A pessoa que escolheste para te guiar nesta vida académica vai estar lá sempre para te dar a mão e ajudar a recomeçar. Para que quando aquele dia chegar tu te sintas pronto, para que a gravata fique perfeita à primeira e para que ao saíres à rua sintas que é o dia, que tudo acontece naquele dia…
Por isso caloiro, não cais no erro. Um semestre já passou e outro vai já a meio… Em breve para muitos este dia vai chegar e para outros aproxima-se em largos passos. Não desistas de nada e faz tudo, vive tudo ao máximo. Caloiros só somos e seremos uma vez na nossa vida e se puderes vive, com os sorrisos, as gentes que já não são estranhos e até chamas de tuas ou até com a pessoa que escolheste para caminhar contigo. Vive, aprende e ouve, um dia serás tu ali, um dia serás tu a sentir que a capa voa, um dia chegará o dia do teu adeus…
E os segredos que criaste, as palavras que citaste e as brincadeiras que criaste? Os sorrisos e as lágrimas que caíram e tudo o que viveste? São os segredos que terás, são, caloiro, o que te acompanhará pela vida.
E quando a balada te abraçar, caloiro, confia, fizeste tudo.
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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