Young woman with his laptop computer at the library.

À conversa com um aluno de Línguas, Literaturas e Culturas

Maria (M.): Fala-nos um pouco do teu curso, em que consiste e quais são as suas saídas profissionais.

António Oliveira (A. O.): O curso de Línguas, Literaturas e Culturas (LLC) combina uma grande variedade de disciplinas na área das Humanidades, e permite ao aluno escolher o seu próprio percurso.

É um curso assente em três disciplinas obrigatórias, uma língua (têm de ser feitos pelo menos três níveis dessa língua) e quatro disciplinas condicionadas (estas quatro são escolhidas de uma lista com várias disciplinas). A este conjunto de disciplinas juntam-se Majors, Minors e opções livres, possibilitando ao aluno escolher aquilo lhe interessar mais. Tendo em conta que é um curso bastante abrangente, é aconselhável seguir para um Mestrado.

As principais saídas profissionais são: administração central e local, área editorial, programação e gestão cultural, indústrias da cultura, tradução e interpretação, relações internacionais, instituições comunitárias, ensino de línguas (requer Mestrado em Ensino) e investigação especializada em Humanidades.

 

Márcia Cruz (M. C.): LLC é uma licenciatura que te permite aperfeiçoar o teu nível linguístico em determinado(s) idioma(s), e para além disso, construir uma base sólida de conhecimentos literários e culturais desse(s) determinado(s) idioma(s). A saída profissional mais comum para um estudante de LLC, é o ensino dos mais variados idiomas. Contudo, existem mais saídas profissionais, como a tradução, relações internacionais, relações interculturais, comunicação social, turismo, recursos humanos, investigação científica, e edição.

Mercedes Fernandes (M. F.): Primeiramente preferia explicar um pouco melhor o curso em si, ou seja, para começar LLC é necessário eleger duas línguas que serão um pilar do desenvolvimento do curso: Português, Espanhol, Francês, Inglês, Alemão e porventura, Latim. Ao longo de três anos, atendendo à decisão inicial, o curso oferece cadeiras como: Introdução à Linguística, Introdução ao Estudo Literário, Cultura I e II de ambas as línguas e Literatura I e II, Cultura Clássica, Temas de Cultura da Europa Atual, entre outras.

É um curso bastante teórico, penso que sem um mestrado se torna um pouco desnecessário. Contudo é também uma licenciatura que funciona como uma excelente base para fazer mestrados em outros cursos, como LRE, Turismo, Ensino Básico, Administração Publica, LEE e Tradução. Considero portanto que servirá como uma excelente base para um futuro na área das humanidades.

Ricardo Jorge (R. J.): A licenciatura em Línguas, Literaturas e Culturas tem por base, assim de uma maneira muito resumida, línguas estrangeiras e as respectivas literaturas e culturas.

 

Na Faculdade em que estudo, a FLUL, o curso está organizado em Majors e Minors, que os alunos podem escolher de acordo com o que querem ou até nem seguir um percurso definido, escolhendo apenas disciplinas que gosta. A meu ver, este modelo acaba por dar uma maior flexibilidade no que toca às saídas profissionais, pois podem-se estudar áreas que à partida só seriam estudadas em cursos diferentes.

Relativamente às saídas profissionais, para além daquelas que são tradicionalmente associadas a LLC (edição de texto, tradução, investigação em Humanidades, etc…), um licenciado também é capaz de atuar em áreas não tão ligadas ao curso, mas que exijam competências que este pode fornecer como relações internacionais, indústrias da cultura, ensino, turismo, animação cultural, marketing, relações empresariais…



 

M.: O que te levou a escolher o teu curso e que factores tiveste em conta? Foi a tua primeira escolha?

A. O.: Foi a minha primeira escolha. No ano anterior tinha estado em Engenharia Informática, e após um semestre vi que aquilo não era para mim. Foi nessa altura que descobri este curso. Sempre tive um interesse por línguas, e assim que vi a estrutura do curso acabei por decidir que ia mudar para LLC.

Ao ínicio ainda estive um pouco indeciso: FLUL ou FCSH? Acabei por escolher LLC na FLUL, pois tinha interesse na área de estudos asiáticos, e LLC na FLUL permite a escolha de um minor em estudos asiáticos. Claro que também podia ter escolhido a licenciatura em Estudos Asiáticos, só que como eu tinha interesse em mais áreas, achei que LLC seria a escolha ideal.

M. C.: O que me levou a escolher o meu curso foi pura e simplesmente a paixão que possuo pela literatura, desde sempre. Devo também confessar que vários professores me foram influenciando ao longa da vida pela positiva, e que a aprendizagem do alemão no ensino secundário me fez querer continuar a estudar línguas. Para além disso, é do conhecimento de toda a gente que a língua alemã tem vindo a ser um fator muito importante no currículo de qualquer estudante de línguas, e que muitas empresas procuram nos jovens que ingressam no mundo do trabalho após a sua licenciatura ou mestrado. Felizmente, LLC foi sim a minha primeira opção.

M. F.: Costumo pensar que foram um conjunto de fatores: localização da própria universidade e o desenvolvimento da mesma (academicamente falando claro), a média final e quiçá a vontade de permanecer ligada às humanidades . Foi a minha primeira escolha.

R. J.: O meu percurso entre o fim do Secundário e a entrada em LLC não foi uma coisa tão linear assim. E não, LLC nunca foi a minha primeira opção em nenhuma das candidaturas.

Quando me candidatei ao Ensino Superior pela primeira vez nem sequer inclui LLC na candidatura. Talvez por não ter pesquisado bem, e de ter na altura a ideia que LLC em qualquer Faculdade se resumia a: ensino de uma/duas língua(s) estrangeira(s) e/ou Português durante o curso e das respectivas literaturas e culturas. Como este plano não me interessava particularmente acabei por excluir o curso da minha candidatura.

A minha ambição era um curso relativamente semelhante – Línguas Aplicadas –  no qual não consegui entrar, pelo que nem fui colocado em nenhuma das minhas opções na 1ª fase. Fui colocado em 2ª fase, mas num curso que acabou por não abrir devido à falta de número mínimo de inscritos, pelo que fui colocado noutro curso. No entanto, como não era o que eu queria inicialmente, e depois de  ter ponderado bem, cheguei à conclusão que aquele curso (ou as possíveis saídas) não era(m) para mim e voltei a candidatar-me ao Ensino Superior no fim do ano.

Candidatei-me então pela segunda vez ao Ensino Superior, tendo desta vez colocado LLC na FLUL como terceira opção, pois pensei que caso não conseguisse uma das primeiras (Línguas Aplicadas, como anteriormente), LLC poderia dar-me alguma flexibilidade em relação a saídas profissionais, pela sua organização em Majors e Minors.

 

M.: O que é que te surpreendeu pela positiva e pela negativa no curso?

A. O.: Não houve grandes surpresas, mas talvez possa destacar aqui duas cadeiras que tive no primeiro semestre: O Estudo das Culturas e O Estudo da Literatura. A primeira não foi bem aquilo que tinha em mente, e acabei por não gostar muito das aulas; a segunda também não correspondeu ao que tinha em mente, se bem que neste caso fui surpreendido pela positiva.

Depende muito do professor com quem se tem cada cadeira, pois cada um tem o seu próprio programa e método de avaliação.

M. C.: Estando ainda apenas a começar o segundo ano letivo deste curso, não posso dar opiniões muito fiáveis, contudo, tentarei ser o mais sincera possível quanto àquilo que penso da sua organização e conteúdo. O primeiro ano é um ano de solidificar bases, o que penso ser normal em todos os cursos, ou quase todos. Ainda para mais num curso de línguas, existem certos factores a considerar: é preciso explorar toda a vertente da línguística, assim como certos conceitos que irão ser essenciais para o domínio de certo idioma. Isto pode ser, para muitos jovens universitários, e utilizando uma linguagem mais corrente, uma “seca”. Na verdade, embora pareça um ponto negativo do curso, e embora eu já o tenha achado, tenho de admitir que estas bases, muitas das vezes não tão cativantes ou direcionadas para o nosso objetivo enquanto inscritos no curso, são fundamentais para a nossa evolução enquanto alunos de línguas. Todo o curso está bem estruturado, e pelo o que prevejo do segundo ano, posso já adiantar que será bem mais interessante. As cadeiras irão resumir-se todas a língua e discussão sobre a respetiva literatura e cultura.

M. F.: Pela positiva: o facto de a UA conseguir garantir aulas de línguas dirigidas por nativos da mesma (fator decisivo para aprendizagem da mesma, na minha opinião) e o próprio plano curricular, todos os temas abordados considerei fascinantes sem exceção (quiçá Linguística alemã fuja um pouco das minhas favoritas). De negativo, apenas a falta de estimulo por parte de certos colegas. Considero que, infelizmente, humanidades enquadra-se numa área que tendencialmente as pessoas procuram ou por gosto ou por desinteresse noutras áreas.

R. J.: Como não era o meu primeiro ano no Ensino Superior provavelmente eu já sabia mais ou menos o que esperar. Penso que o que mais me surpreendeu foi o facto de as aulas não estarem organizadas por curso, nem por anos curriculares propriamente, ou seja, em aulas de disciplinas que eram transversais a vários cursos (como as línguas estrangeiras) eu cheguei a ter na mesma turma colegas não só de LLC, assim como de muitos outros cursos, quer fossem de 1º ou até de 3º ano. Acho que é uma boa maneira de conhecermos sempre novas pessoas.

No entanto, esta organização também traz um ponto negativo: ao termos 5 cadeiras por semestre temos também 5 turmas diferentes a cada semestre, ou seja, há sempre aquela pessoa que tem 2 ou 3 cadeiras em comum contigo, mas não é a mesma coisa que o Secundário.

Fiquei surpreendido também pelo facto de algumas cadeiras que eu tive em primeiro semestre e que me pareceram uma seca e que andei a fazer quase que “por arrasto” até se revelavam úteis para cadeiras de assuntos completamente diferentes.

Fiquei marcado pela negativa com a abordagem excessivamente teórica que algumas cadeiras têm. Também, ainda só fiz o 1º ano e que escolhi fazer cadeiras do Tronco Comum, visto que são as que nos aconselham a fazer logo no 1º ano, já que são assim uma espécie de “cadeiras introdutórias”, tendo à partida uma base mais teórica.



 

M.: Como tem sido a experiência de estudar nesse curso? O que é que te marcou mais?

A. O.: Tem sido uma boa experiência, uma experiência que gostava que nunca acabasse.

Houve fases em que me senti mais em baixo, mas é normal passarmos por momentos menos bons. Acaba por haver sempre algo que não corre como queremos, mas olhando para este primeiro ano de curso que ficou para trás, vejo que valeu a pena.

Quando me ponho a pensar, chego à conclusão que a frase “Estes são os melhores anos da tua vida.” é bem capaz de ser verdade.

M. C.: Frequentar o primeiro ano de LLC foi uma conquista, para ser sincera. Apesar de todo o trabalho árduo de pesquisa e leitura extensiva que este curso envolve, penso que o que mais me marcou foram as aulas de discussão de crítica literária, onde expomos todas as nossas perspectivas quanto a determinadas correntes literárias que ocorreram ao longo dos tempos.

M. F.: A realidade é que de momento estou unicamente com Alemão IV, V e VI por concluir e assim sendo concluir a licenciatura. O que me marcou mais foi o facto de ter perdido a bolsa de estudo no ultimo ano. Tentar gerir aulas e trabalho acabou por ser mais custoso do que realmente estava à espera. Contudo é a minha realidade e a de muitos outros estudantes no mundo.

R. J.: Eu acho que o que me marcou mais foram mesmo as aulas em que temos que pensar fora da caixa, num um estilo muito diferente do secundário, em que era decorar, decorar, decorar, despejar na altura do teste e esquecer tudo. Notei também uma diferença considerável de Ciências para Humanidades em que na primeira, em muitos casos temos que chegar aquela resposta, especificamente daquele modo. Em Humanidades as coisas não tomam um rumo tão linear assim, pois pode haver mais que uma solução para um problema, ou até se pode chegar a uma mesma solução através de caminhos diferentes. Diria que em muitas das cadeiras são pedidas respostas mais abertas, com aso a interpretações diferentes consoante as perspectivas tomadas.

 

M.: Como descreverias a tua adaptação ao ensino superior? Quais foram os teus principais desafios?

A. O.: Como referi anteriormente, já tinha estado noutro curso superior, portanto no início deste último ano letivo não estava tão nervoso como em 2014. Tinha praticamente a certeza de que entrava em LLC, o que também ajudou a não estar muito ansioso durante o período de espera pelos resultados do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior.

Conheci colegas rapidamente (um dos quais já tinha falado comigo no Uniarea ainda antes de começarem as aulas), já estava relativamente habituado à cidade e tive um horário bastante bom. Foi uma adaptação sem problemas.

Os maiores desafios têm sido principalmente estes: ter de controlar o que tenho em casa e o que é preciso comprar, ter em atenção horários, tentar não faltar muito às aulas e tentar fazer frente à procrastinação.

M. C.: A minha adaptação ao ensino superior não foi um sucesso, mas também não posso dizer que foi um fracasso. Prefiro utilizar o termo “sobrevivência”. Os meus principais desafios estão claramente relacionados com o conciliar de uma vida saudável, onde possa fazer exercício e dormir pelo menos 8 horas diárias, e ainda sobreviver ao stress diário que a vida numa grande cidade implica, assim como ter tempo suficiente e forças para estudar numa quantidade que eu considero essencial. Ser estudante universitário não tem receita ou manual de instruções, mas tem os seus truques, e isso só se aprende com o passar dos anos letivos.

M. F.: A adaptação ao novo circulo de amigos terá sido o mais custoso. Sinceramente apenas senti dificuldade com o acompanhamento das aulas de Alemão. Talvez por ser uma língua relativamente complicada e a partir de alemão III as aulas passarem a ser lecionadas exclusivamente em alemão.

Confesso contudo que todas as burocracias associadas à inscrição em si foram complicadas no início.

R. J.: Como eu já tinha estado noutro curso, estava habituado ao ambiente de Ensino Superior, mas no curso onde estou agora o sistema das aulas é diferente, na medida em que não temos uma turma fixa para o curso – varia consoante as cadeiras que escolhemos – e isso pode fazer com que nos sintamos um pouco perdidos no início. Mas ao longo do tempo e à medida que vamos conhecendo os colegas das várias turmas a adaptação torna-se mais fácil.

 

M.: Achas que o teu curso te prepara para o exercício da profissão, isto é, que adquires as principais competências que um profissional dessa área deve ter?

A. O.: Este curso não me restringe a uma única profissão, visto ser muito abrangente, e por ser muito abrangente penso que é importante fazer um Mestrado. Contudo, acho que cada um consegue adquirir competências suficientes nas Humanidades, que servirão de base para uma maior especialização. As competências que cada um adquire vão depender do percurso escolhido, isto é, das cadeiras que cada aluno escolhe fazer.

M. C.: Após todas as opiniões das quais tenho sido alvo, não considero que de momento uma só licenciatura possa preparar um jovem para entrar logo no mundo de trabalho, isto é, na sua área. Não podemos estudar 3 anos e esperar ser igualados a um profissional que exerce na área há alguns anos, e possui técnicas de trabalho que por muito que se queira, não se adquire numa licenciatura. Na minha opinião, uma licenciatura é um primeiro passo, que terá de ser complementado com um mestrado ou então um estágio que se mostre muito completo e benéfico para o jovem em questão.

M. F.: Depende da área e depende imenso da vontade da pessoa. A diferença entre ser um número mecanográfico numa folha assinada ou um aluno interessado.

R. J.: Devido ao curso ser muito abrangente e em maior parte teórico eu penso que não nos prepara especificamente para uma profissão. Diria antes que ganhamos competências que nos permitem atuar em várias áreas. Na minha opinião ficamos, de facto, melhor preparados para uma profissão ao complementarmos LLC com uma pós-graduação ou mestrado.



 

M.: Consideras o teu curso difícil? Porquê?

A. O.: Não acho que seja muito difícil. Até agora não tive grandes problemas, mesmo sem estudar o suficiente (admito que ao longo deste ano letivo não estudei muito, devido a vários fatores). Tenho conseguido passar, com melhores ou piores notas, mas tenho conseguido, excepto numa cadeira que tive no 2º semestre. De qualquer modo, passei a todas as outras, e tenho a noção de que se tivesse estudado mais passava a tudo com boas notas. Ainda assim, acho que foi um 1º ano positivo e penso que não terei grandes problemas no resto do curso.

Fácil ou difícil? Depende muito se a pessoa gosta daquilo que está a estudar.

M. C.: Não considero o meu curso difícil, se tiver de o comparar a outros tantos cursos que o nosso ensino nos oferece. Todavia, também não posso dizer que se faz o curso “de perna às costas”. Exige concentração, investigação, leitura extensiva, e elaboração de bastantes ensaios. Um aluno que não saiba, por natureza, escrever extensivamente sobre determinado assunto e com o conteúdo correto, não deve à partida achar LLC um curso acessível. Por outras palavras, é um curso que se faz com prazer, mas precisa muito do empreendimento e dedicação de qualquer aluno.

M. F.: Não, consoante a devoção de cada um acredito que o nível varie, contudo em si o curso é relativamente fácil. A matéria é lecionada por excelentes profissionais e ainda existe sempre época de exames, recursos e épocas especiais.

R. J.: Não o considero particularmente difícil… diria antes trabalhoso. Eu, especificamente, que vim de Ciências e Tecnologias, deparei-me com temas, ou que nunca tinha abordado, ou que tinha abordado há muito tempo, pelo que não me eram estranhos, mas sim um pouco vagos, e assim exigiam da minha parte um pouco mais de empenho.

 

M.: Quais são as tuas expectativas no que toca à entrada no mercado de trabalho? Que perspectivas tens?

A. O.: Para dizer a verdade, ainda não pensei muito nisso. Para já estou apenas a desfrutar do curso e da vida universitária.

M. C.: Neste momento, ainda não consigo elaborar um leque vasto de expectativas quanto ao mercado de trabalho, contudo, sei que não as devo elevar. Para um aluno de línguas e humanidades, que durante todo o seu percurso, desde o ensino secundário até à faculdade, é constantemente “bombardeado” com fracas esperanças quanto à sua futura entrada no mercado de trabalho, não é difícil chegar a um momento e sentir que o mais importante, é fazer tudo com “amor à camisola”.

M. F.: Não me agarro a grandes planos. Tento não ser levada por pensamentos derrotistas, mas sempre com os pés assentes na terra. Vivemos num século quase ausente de cultura (sendo extremamente generalista vá) mas a realidade é que as humanidades sempre foram deixadas de lado nas grandes carreiras e oportunidades. As pessoas têm tendência a esquecer que o diálogo é a base de qualquer sociedade, sendo a cultura e a literatura a riqueza da mesma. Com esse tipo de conhecimento somos capazes de encontrar soluções, é igualmente importante explorar o espaço como saber manter a paz entre as nações através da melhor conduta possível. Essa etiqueta social apenas se educa se conhecermos e acima de tudo, reconhecermos o outro como igual.

R. J.: Agora em 1º ano eu tenho tentado não pensar muito nisso, focando-me mais em como construir o meu plano de curso da melhor maneira. É verdade que aqui para o lado das Humanidades as coisas não estão tão fáceis assim… Mas eu não tenho uma ideia concreta do que queira fazer quando acabar os estudos. Sempre acreditei que poderia ter alguma hipótese visto que este curso é relativamente abrangente e combina várias áreas, mas não tenho certezas muito concretas acerca daquilo que quero para o futuro.

 

M.: Pensas em continuar a estudar para um mestrados/doutoramentos ou pós-graduações?

A. O.: Penso em frequentar um Mestrado. Ainda não sei bem em quê, mas será a melhor opção.

M. C.: Sim, penso. Acho que desde o momento em que decidi prosseguir estudos, decidi que nunca me ficaria pela licenciatura. Qual mestrado escolher, será mais difícil. Contudo, já me vagueiam algumas opções pela mente, entre elas o ensino de alemão e inglês, ou estudos alemães.

M. F.: Mestrado sim, provavelmente em Ciência Politica se tudo correr como planeado. Ou mesmo manter me pela literatura e pensar em politica na altura do doutoramento.

R. J.: Sem dúvida! Insisto mais uma vez em dizer que o curso tem uma componente teórica relevante, pelo que acho que um curso de Pós Graduação ou Mestrado vinha complementar de uma boa forma o curso tão abrangente que LLC é.



 

M.: Se soubesses o que sabes hoje, candidatavas-te para o mesmo curso novamente? Porque?

A. O.: Sim, faria a mesma escolha, visto que é um curso que me possibilita o estudo de disciplinas escolhidas por mim, e de áreas que me interessam.

M. C.: Se eu soubesse, faria exatamente a mesma escolha, e ainda me sentiria mais feliz por ter tido o presságio de escolher LLC. Não existe, provavelmente, um curso que se adequa tanto a mim e àquilo que espero alcançar enquanto realização pessoal.

M. F.: Sim, creio que ainda não sei ao certo o meu lugar no mundo académico, mas LLC foi um excelente sítio por onde começar!

R. J.: Tecnicamente não. LLC seria uma das 6 opções na minha candidatura, certamente, mas não das primeiras. Por opção colocaria Assessoria e Tradução antes de LLC – a minha 3ª opção e onde fui colocado – pela sua natureza mais prática que LLC e por explorar áreas para além das Letras, como Direito e afins.

 

M.: Que recomendações deixas aos próximos candidatos ao ensino superior?

A. O.: Que sigam aquilo de que gostam. É verdade que a questão do emprego (ou desemprego) é importante, mas acima de tudo devem fazer algo em que se sintam bem.

M. C.: Caloiros, tenham calma. Eu sei que vai ser uma mudança de 360 graus, mas o primeiro ano é para ser feito com calma, e até com muitos momentos agradáveis. Não fiquem à espera de tirar 19 logo no primeiro, segundo ou terceiro teste, ou de ainda ter a mesma energia que possuíam no ensino secundário. Provavelmente terão de ceder algumas horas de estudo para uma breve sesta: mas isso é uma coisa essencial na vida de um estudante universitário. Não se aborreçam muito só porque algumas das cadeiras não correspondem ao que esperavam, ou porque as vossas expectativas ficaram aquém de ser preenchidas. O primeiro ano, é um ano de bases. É um ano de adaptação, de um “upgrade” psicológico, e de novos métodos de estudo e trabalho. Respirem fundo, e estudem na quantidade certa: nem a menos, nem a mais.

M. F.: Visitem sempre que possível diferentes universidades. Conheçam mais do que o curso em que pensam ingressar. Pois a média do curso, as saídas profissionais, etc., serão quase sempre as mesmas. Precisam de conhecer primeiro o sitio que vão chamar de lar e a academia que querem honrar.

Encontrei muitos colegas que se sentiam deslocados. Em Aveiro, no Porto ou em Bragança, haverá sempre um curso que vos faça feliz. Procurem isso também! Vão investir dinheiro, tempo e juízo em algo que vos deverá garantir o ordenado mas felicidade também.

R. J.: Sinceramente, que não escolham um curso só porque sim. Que conciliem da melhor forma o que gostam e o que vos pode dar alguma hipótese no mercado de trabalho. Sigam o coração, claro, mas pensem também de uma forma ponderada e, sobretudo, realista. Tentem analisar os planos dos cursos o melhor que conseguirem (se bem que essa análise nunca se equipara às disciplinas em si) para conseguirem fazer a melhor escolha possível.

 

M.: O que dizem… as tuas notas?

A. O.: Dizem que estou bem encaminhado, mas que ainda assim tenho de me dedicar mais ao estudo no próximo ano!

M. C.: As minhas notas dizem que, devo começar a estudar! É vergonhoso não ter estudado durante um ano inteiro, à exceção da crítica literária. Não que me sinta desiludida com as minhas notas, mas sei que sou capaz de bem mais, e espero que este ano possua todas as capacidades físicas, mentais e emocionais para o alcançar. Nem sempre atingimos aquilo que queremos logo à primeira, por isso é que me sinto confiante para o segundo ano letivo. Até lá, a motivação não faltará.

M. F.: Que me deveria ter esforçado mais quiçá.

R. J.: Ui… Acho que refletem o meu empenho, a minha organização, a maneira como vou gerindo o tempo, que – sejamos sinceros – podiam ter sido melhores… Mas agora com o 2º ano começamos a escolher as disciplinas que realmente queremos, pelo que chega a ser mais motivante que o 1º. Foi apenas o começo… Agora é para aprender com os “erros” e tentar sempre melhorar!

 

António Oliveira é aluno da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa com Minors em Estudos Asiáticos e Comunicação e Cultura; Márcia Cruz da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Vertente de Inglês e Alemão; Mercedes Fernandes da Universidade de Aveiro, Vertente de Inglês e Alemão; e Ricardo Jorge é estudante da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa com Minors em Tradução e Comunicação e Cultura.