COVID-19: Estudantes de Fisioterapia acompanham reabilitação à distância


Estudantes de Fisioterapia da Escola Superior de Saúde do Politécnico de Setúbal (ESS/IPS) estão a implementar, desde meados de março, um programa de telerreabilitação para pessoas que ficaram com sequelas respiratórias deixadas pela COVID-19.

O projeto comunitário, denominado RECOV19, é de caráter gratuito e está neste momento a acompanhar 25 utentes à distância, via plataforma Microsoft Teams, permitindo-lhes uma solução alternativa de acompanhamento após alta hospitalar, com a duração de oito semanas.

O programa, que se inscreve na área científica de Fisioterapia Respiratória, é apoiado e divulgado pela Associação INPIRO2, através da qual qualquer pessoa em recuperação pós-COVID-19 poderá fazer a sua inscrição. 

A intervenção, que consiste num conjunto de exercícios terapêuticos a realizar em grupo e que ajudam a melhorar o controlo da respiração, é desenhada e acompanhada por fisioterapeutas da área cardiorrespiratória, e conduzida no terreno por estudantes de Fisioterapia da ESS/IPS. 

 

De acordo com a coordenadora do curso, Margarida Sequeira, trata-se de um projeto com evidentes benefícios para ambos os lados da relação terapêutica. Para os utentes participantes, que atualmente não encontram nas unidades de saúde resposta ao seu problema, pretende-se “que sejam reduzidos os sintomas de dispneia e fadiga, que melhorem a resistência ao exercício e a força muscular e que aprendam a gerir as atividades e a energia, além de aumentarem os seus hábitos de atividade física autónoma”.

Já no caso dos estudantes, adianta, “conseguimos que realizem o seu estágio na área específica da Fisioterapia Cardiorrespiratória, mas também que desenvolvam competências de telerreabilitação, que certamente farão parte do futuro da Fisioterapia”.

Sendo uma patologia nova, sobre a qual há ainda escasso conhecimento produzido, este projeto prevê igualmente uma componente de investigação, que permitirá partilhar com outros profissionais da área as aprendizagens que estão a ser adquiridas no terreno.

 

“Queremos tentar perceber a efetividade desta intervenção, não só no que toca à fisioterapia respiratória, mas também no que respeita à intervenção específica por telerreabilitação, através da perspetiva dos próprios participantes, já que é uma forma de intervenção, possível e útil em fisioterapia, mas sobre a qual ainda se sabe pouco”, conclui a docente responsável. 

O programa de Fisioterapia Respiratória RECOV19 que está a ser implementado na ESS/IPS baseia-se em orientações clínicas internacionais, nomeadamente da Organização Mundial de Saúde (OMS), para uma intervenção segura e efetiva na fase de recuperação pós-infeção por SARS-CoV-2, considerando que estes utentes mantêm sintomas muito distintos e que se podem manter durante semanas.