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“Dêem-me a morte”, diz a Ana enquanto estuda


“Dêem-me a morte” ou “Please deliever to me the sweet release of death I crave” é um meme que ainda hoje circula pela internet. Se tivesse um euro por cada vez que ouço alguém dizer este meme, tinha dinheiro suficiente para pagar um mestrado e ainda sobrava para o doutoramento. Com a saúde mental não se brinca, mas um universitário tem de aprender a lidar com o stress e a ansiedade e o humor é uma boa forma de o fazer.

Lidar com exames, frequências, orais, apresentações, trabalhos académicos, aulas teóricas, práticas, laboratoriais, dormir 8h por noite e comer 3 refeições por dia arranjando tempo para nós próprios, amigos e família não é fácil. Não vos posso oferecer uma solução milagrosa e dizer que se torna mais fácil. Não se torna mais fácil, apenas ganhamos resistência e nos habituamos a esta vida.

Portanto em vez de dizer o que faço para lidar com a vida universitária como se fosse expert na matéria (o que não sou), permitam-me que partilhe convosco os comportamentos que tenho (e me ajudam) quando as coisas, mesmo que sejam simples e de curta duração e para os outros não tenham valor, se complicam na minha cabeça.

Dicas da Cristo para lidar com a dor da vida universitária:

  • Organização: Já ouviram esta várias vezes, mas a verdade é que quanto mais organizados formos, quanto mais em controlo das situações nos sentirmos, melhor será para nós. Não falo apenas em organização académica (que é muito importante) mas falo em organização pessoal – fazer a cama todos os dias, lavar os dentes todas as noites, ter o armário arrumado, fazer aquela skin care routine que tanto gostam, pôr o vosso aparelho dos dentes (se for o vosso caso como é no meu), entre outras coisas. Assim, mesmo se a nossa vida académica não estiver no sentido que queremos em dado momento, ao menos temos o quarto arrumado e a cozinha limpa.

No final de contas: Parecendo que não, só o facto de uma parte da nossa vida estar organizada, faz-nos sentir melhor com nós mesmos e dá-nos um sentido de paz ou controlo sobre a nossa situação mesmo que tenhamos matéria acumulada por pôr em dia.

 
  • Saúde Física: Não sei se vão ao ginásio (eu certamente não vou) ou se têm alguma work out routine, mas por favor não fiquem um dia inteiro fechados numa sala a estudar. Vão dar em doidos e podem até ficar com défice de vitamina D (como foi o meu caso). Eu não tenho nenhum exercício físico rotinado ou estipulado, mas gosto de fazer algo que vai de acordo com as minhas necessidades e capacidades – a “voltinha dos tristes”. Não me perguntem porque se chama assim, apenas se chama assim, mas é algo que faço nas manhãs (depois do pequeno almoço) quando vou passar o dia inteiro a estudar. Saio de casa, dou uma voltinha pelo bairro e volto para estudar. E dou tantas voltinhas quanto aquelas que preciso. Depois do almoço, ao final do dia… Sempre que sinto que não estou a ser produtiva e estou apenas a perder tempo a “scrollar” nas redes sociais levanto-me e saio por uns minutos. Às vezes bastam apenas cinco.

No final de contas: Mente sã em corpo são, já diziam os antigos. Não é preciso ir ao ginásio todas as manhãs para concretizar este objetivo (se gostam de o fazer, go for it, eu aplaudo a vossa força de vontade para ir ao ginásio). Mas se são como eu – sem disciplina rigorosa, com preguiça e capacidades físicas media-fracas – uma caminhada aqui e ali basta para se sentirem melhor.

  • Comida: Escusado será dizer que adoro comer, mas o que aqui interessa é simples – tomar pelo menos 3 refeições por dia. Pequeno almoço, almoço e jantar e não estou a falar de tomar um pseudo almoço+pequeno almoço do Kebab da esquina ou do MacDonalds ali ao lado (sou culpada destas duas, mas já aprendi a minha lição e já quase não faço isto) e depois um darker dinner fora de horas.

No final de contas: É simples. Como queremos ser produtivos e despender energia em estudar, se não comemos o suficiente e por isso não temos nutrientes suficientes no nosso sangue onde o nosso cérebro possa ir buscar essa energia? (e café não conta como refeição).

  • Sono: Não vos vou dizer para dormirem 8h por noite porque isso já sabem e isso já estou farta de ouvir e dizer. Eu preciso de 10h para me sentir bem descansada e repousada. Há quem precise de menos, há quem passe com 6h ou 7h, mas por favor nunca menos de 6h ou vão ficar exaustos. Cada um sabe de si e o que resulta melhor para si, mas deixem-me lembrar-vos que porque é que é importante dormir 8h por noite e como nos beneficia no estudo: dormir bem diminui o stress, controla o apetite, melhora o humor, ativa a memória, estimula o raciocínio e rejuvenesce a pele (ainda bem que existem sites sobre saúde à mão para pesquisar esta informação).

No final de contas: Para quê prejudicarmos o nosso corpo, a nossa mente e o nosso estudo, quando podemos dormir bem e tirar partido disso? Bem sei (e sinto) que é difícil dormir tantas horas quando o estudo acumula e o stress aperta, mas é importante organizarmo-nos no sentido de poder dormir um número de horas que nos beneficie.

Seja porque queremos passar a todas as cadeiras, ser o melhor aluno da turma, ter aquela média para ter bolsa ou deixar a família orgulhosa, irão sempre existir elementos que nos causam stress e ansiedade (até nós próprios com os nossos padrões elevados e expetativas para nós mesmos nos causamos stress). O stress não é necessariamente mau, aliás, dentro dos vários tipos de stress, alguns são saudáveis e motivam-nos, mas não nos podemos esquecer que a nossa saúde mental vem primeiro.

 

Nós estamos em primeiro lugar, a nossa saúde é importante, as nossas horas de sono são importantes e por muito mais apertados que estejamos com estudos e datas de entrega de trabalhos, temos sempre de pensar no futuro e no que é que isto significa. Será que é este 12 na frequência escrita de economia que irá ditar toda a minha vida académica? Será que vale a pena ficar a fazer direta antes de uma frequência? Será que ficar o dia inteiro no quarto a estudar sem pausas é boa ideia? Será que é bom para mim deixar o almoço de lado para ir estudar? São tudo questões com as quais nos vamos debater mais cedo ou mais tarde. Cada um sabe qual a melhor resposta a estas perguntas. A minha sugestão? Não, o 12 não me vai tornar numa má profissional; Não, não é boa ideia ficar fechada um dia inteiro em casa; Come o almoço e de preferência sem estudares ao mesmo tempo.

Não é fácil, durante um semestre temos vários mental breakdowns e questionamos se realmente precisamos desta educação, mas a verdade é que sim, precisamos. Temos é que saber medir os custos e os benefícios das nossas ações e perceber o que resulta melhor para nós sem nos esquecermos de cuidar de nós próprios e tomar decisões que nos beneficiem, especialmente, mentalmente.

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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

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