Dia de Luta, Dia Nacional do Estudante


Em 2024 celebramos 50 anos do 25 de abril. 50 anos de liberdade. 50 anos de democracia. 50 anos de avanços.

Em 2024 celebramos meio século desde a revolução que libertou o nosso país do sufoco da ditadura, da censura e da opressão. Volvidas cinco décadas, muitas foram as conquistas da sociedade portuguesa. Muitos foram os avanços civilizacionais.

Contudo em 2024 muitos são muitos os desafios e os obstáculos enfrentados pelas novas gerações e pela Academia portuguesa.

As universidades portuguesas não podem continuar a viver sob o sufoco financeiro que as têm condicionado ao longo dos últimos 10 anos. Sub-financiamento tal que faz com que estas mesmas instituições tenham que consecutivamente cortar nos vários apoios sociais aos alunos mais necessitados.

 

A aposta no ensino e no conhecimento é vital para assegurar o desenvolvimento do nosso país. Mas isto por si só não chega, pois bem sabemos que os problemas da nossa juventude se estendem muito além das batalhas enfrentadas ao longo do seu percurso académico. Imigrar e procurar uma vida melhor no estrangeiro passou para muitos, nos últimos anos, de uma “maldição” para uma “ambição”. Aqui nesta frente temos de saber dar resposta às necessidades das novas gerações.

A economia portuguesa tem de evoluir de forma a poder suportar as necessidades da nossa geração. Não podemos ter três quartos dos jovens portugueses a ganhar menos de 950 euros por mês. Não podemos ter 25% dos jovens portugueses em situações de pobreza ou exclusão social. Seis em cada 10 jovens empregados têm vínculos de trabalho precários.

Os jovens anseiam por esperança. Anseiam por soluções para os seus problemas e, como as mais recentes eleições legislativas comprovaram, são cada vez mais aqueles que caíram nas armadilhas retóricas de forças populistas e extremistas. Forças que se alimentam do nosso medo e da nossa insatisfação com a incapacidade dos nossos principais decisores políticos em responder aos reptos do presente.

Nós estudantes temos de ser a força do esclarecimento e da sensibilidade. Rejeitando sempre aqueles que preferem o conforto da facção à exigência do diálogo. Lutar por Abril, é lutar contra as forças que se alimentam da nossa divisão. Dentro e fora da Academia.

 

No dia 21 de março o movimento associativo a nível nacional vai estar unido nos seus desígnios comuns. Unidos nas diferenças e unidos na luta pelo futuro das novas gerações. Já dizia João Marecos, antigo Presidente da Mesa da RGA da AAFDL e antigo Presidente da AAUL, na abertura do académico de 2013 num discurso que ecoa nos dias de hoje “quem nos governa acredita que os últimos anos nos tiraram a arrogância juvenil, a rebeldia, a firmeza e os ideais. Acham-nos preguiçosos, mal preparados, brindam-nos com paternalismos eloquentes. Não acreditam que os estudantes sejam capazes de se mobilizar por grandes causas. Deixam que o desemprego jovem chegue a níveis históricos porque acreditam que não nos revoltaremos; incentivam-nos a ir para fora porque, dizem, estamos acomodados, estamos letárgicos; cortam-nos apoios sociais porque nos acham conformistas, acham que nos formataram, nos corromperam, que nos quebraram.”

Dia 21 de março é dia nacional de luta e convidamos todos os estudantes a juntarem-se a nós a demonstrar aqueles que nos governam, que não estamos letárgicos, que não somos conformistas e que não nos quebraram. Longe disso!

Em 1962 a luta dos estudantes hasteou o rastilho que 12 anos depois fizeram o regime do Estado Novo cair. Em 2024 faremos para que a luta do estudante hasteio o rastilho que levará às mudanças que queremos na nossa sociedade. A essência do estudante é nunca se acomodar e dia 21 de março estamos Juntos pela nossa Academia.

Viva a Academia

Vivam sempre os Estudantes