Após a conclusão do ensino secundário com toda uma felicidade agregada de “agora é que vamos viver os nossos melhores anos”, juntamente a um sentimento de “já somos alguém”. Damos aquele que é o primeiro grande passo das nossas vidas, a entrada no ensino superior, com a escolha de um curso que à partida já começa a desenhar o nosso futuro. Verdade, aquela licenciatura que promete ser um veículo para chegar a patamares superiores dos nossos sonhos, revela-se um verdadeiro casulo, onde crescemos imenso, percebemos que afinal aquele sentimento referido há pouco, “já somos alguém”, é desmoronado com o sentimento de novidade, insegurança, e de instabilidade que a nova vida de caloiro nos traz. Parece que voltamos ao início e somos pequenos seres com forma de adulto a precisar de ajuda que encontramos nos mais velhos, a que chamamos num sentido praxista de Doutores.
Também é facto que com o processo de Bolonha as licenciaturas na sua maioria ficaram com a duração limitada a 3 anos, o que significa também um encurtamento naquilo vivenciamos como “os nossos tempos áureos”. São três anos de muitos sentimentos à mistura, num curso que queríamos, ou no meu caso nem sabia bem o que era, onde aprendemos tanto dentro das portas da faculdade como fora. São 3 anos, que nos descobrimos a nós mesmos como seres mais autónomos e sonhadores, onde alargamos vastamente a nossa rede de amigos e conhecidos, as experiências vividas, contextos onde nos vamos inserindo, entre muitas outras coisas. Aprendemos uma cultura, que não passa de uma tradição que se repete todos os dias e todos anos passando de geração em geração, e no meu caso não foi diferente tive oportunidade de viver isto na cidade que mais nos envolve nesta experiência: Coimbra.
Hoje vejo que desde o dia que entrei naquela faculdade para “o primeiro dia de aulas” (sim, eu pensava mesmo que ia às aulas e que a praxe iria ser um mito urbano), até hoje em que posso dizer sou licenciada, foram os melhores anos da minha vida e tenho a certeza que mesmo que vá para mestrado já não vai ser a mesma coisa, logo pelo simples facto de as pessoas já não serem as mesmas. Nestes três anos cresci, aprendi e tenho noção que mudei muito e não foi só os meus objetivos, por isso posso dizer que carrego um sentimento felicidade agregado a este novo estatuto.
Mas…
Chegou a hora de preencher uma nova candidatura, rumo a novas metas, que agrega decisões tão importantes como há três anos atrás. Num verdadeiro replay de sentimentos, de incertezas, e dúvidas. Porém agora já tudo fala em 2 anos (que por ser menos tempo que a licenciatura, o casulo já não é tão seguro), e este é o prazo, para de repente correr para uma fila para me alistar no centro de emprego.
Chegou ainda o sentimento que tudo planeei para um futuro longínquo, torna-se cada vez mais perto e mais sério, a cada dia que penso na nova decisão. Num verdadeiro “e agora?”, parece que o meu futuro foi entregue á sorte ou a Deus.
As perguntas multiplicam-se: “Continuo nesta cidade?”; “Continuo na mesma faculdade?”; “Que mestrado escolho?”; “Será mesmo isto que quero?”; “Será que isto vai me realizar?”; …
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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