Exames nacionais, para quê?

Exames? Qual é mesmo a necessidade? Andamos 3 anos no secundário a construir uma média, a trabalhar dia a dia, a esforçar-nos e a obter resultados, sejam eles mais ou menos positivos, a prepararmo-nos para conseguir uma boa média final, para conseguirmos seguir o que queremos, para quê? Para em 120 (ou 150) minutos de exame, baixarmos essa média? Para nesses minutos, com o exame a valer 30% da nota, deitarmos por água abaixo o trabalho feito em 3 anos? Felizmente, não acontece a todos, mas acontece a muitos.

Estamos em junho, estamos todos estafados, cansados e sem cabeça, a desejar arduamente que cheguem as férias, e somos obrigados a andar em stress, a estar fechados em casa a estudar para, em 120/150 minutos, uma prova decidir em parte o nosso futuro, mais que não seja, o número com que ficamos na pauta e que conta para quem quer entrar na faculdade. Além de cansados, não temos vontade de os fazer, entramos na sala da prova com a cabeça pesada, nervosos e ansiosos, com horas de sono mal dormidas. Será que ainda acreditam mesmo que naquela prova, naquelas duas horas, vão ver aquilo de que o aluno é capaz?



No meu caso, não será a nota dos exames a provocar grandes diferenças. Mas no de muitos, é. É o decidir de um futuro. E que sentido é que isso faz?

 

Obrigada por desvalorizarem o trabalho feito em 3 anos por nós, alunos, e também pelos professores, e darem um peso de 30% a uma prova feita numa manhã/tarde, em que, por sinal, até podemos nem estar nos “nossos dias”. Ou será que não temos esse direito? Pois, temos de estar formatados para fazer tudo daquela forma, àquela hora, com aqueles critérios.

Obrigada também pela tortura que é andar estes 3 anos a ouvir falar de exames, e chegar a esta hora e ser derradeiro. Porque naquelas horas de prova, ou é, ou não é. E se não for, azar para nós.

Obrigada, ainda, pela frustração, pelos nervos e pelo desânimo.

Eu ainda não acabei este festival que são os exames. Falta-me um. Motivação já tenho pouca. Cansaço é que já é muito. E só tenho a dizer, seja o que Deus quiser. Quanto a mim, trabalhei nestes 3 anos e fui avaliada com base nisso. Mas por uns quantos minutos fechada numa sala a fazer um exame, poderei deitar ao “lixo” a média com que vou. Ridiculamente, algo feito em 2 horas, vai valer-me 30% da nota de secundário, que durou 3 anos (26280 horas).

 

Realmente, há coisas no ensino português que têm mesmo de ser alteradas. E se nada fizermos, as mudanças não acontecem sozinhas.

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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

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