O Governo vai voltar a abrir a porta ao aumento de vagas nos cursos procurados pelos melhores alunos, mas as faculdades de Medicina voltam a fechá-la.
De acordo com o jornal Público, o Governo vai voltar a permitir que os cursos procurados pelos melhores alunos aumentem as vagas até 15%, mas as faculdades de Medicina não o vão fazer.
Uma vez que “as condições se mantêm, a decisão também será no mesmo sentido” da que foi tomada no ano passado, avança ao matutino Henrique Cyrne Carvalho, presidente do organismo que agrupa todas as faculdades de Medicina.
O Conselho de Escolas Médicas Portuguesas (CEMP) diz que o número de estudantes que as faculdades de Medicina recebem neste momento já é “bem superior ao número de vagas” que os seus responsáveis entendem ser “adequadas”.
Além disso, destacam os responsáveis destas faculdades, já existem limitações dos estudantes no acesso às práticas clínicas durante a formação e tem vindo a aumentar o número de médicos que, depois de concluído o curso, não conseguem acesso à especialidade.
“Não há falta de médicos em Portugal”, dizem ainda, contrariando o Ministério da Ciência e Ensino Superior, tutelado por Manuel Heitor.
Na perspetiva de Fausto Pinto, diretor da faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, formar mais médicos seria condená-los “ao desemprego ou a terem que emigrar”.
No ano passado, quando foi publicado o despacho que permitia às faculdades de Medicina aumentarem o número de vagas, o CEMP já tinha manifestado a sua “discórdia e estupefação”.
Segundo o organismo, “o aumento do número de alunos, a verificar-se, iria naturalmente degradar a qualidade do ensino, sobretudo nas vertentes clínicas, dada a manifesta incapacidade de cumprir rácios aceitáveis”.
O CEMP realçou que as faculdades de Medicina esgotaram a capacidade “há muito”, por falta de “espaços físicos” e pela carência de “recursos humanos que permitam um rácio aluno:tutor de acordo com as recomendações internacionais”.