O aluno universitário, tal como todos os outros no resto do país ,é mandado para casa, para evitar a rutura do sistema de saúde.
O aluno universitário depara-se então de novo com o regime online.
O aluno universitário é avaliado, por escolha, via online (a outra opção era a meio do 2º semestre, onde já teria marcadas no calendário frequências e trabalhos às novas unidades curriculares.)
O aluno universitário, por lutar e escolher a melhor época para ser avaliado, tem a sua época especial retirada.
O aluno universitário faz os 12 exames a que tem direito, e só pede um tempo de realização da prova adequado à sua extensão. No entanto, o aluno universitário esquece-se que estamos num país em que evitar a fraude é mais importante que fornecer um ensino de qualidade. Tanto o é, que os exames seriam realizados presencialmente em Março, mas alunos de saúde estão a ter aulas de laboratório via Zoom.
O aluno universitário é avaliado a duas componentes (teórica e prática) de uma cadeira em 55 minutos. Nunca antes visto. O aluno universitário, por mais que se mate a estudar, ao ver o seu tempo tão limitado quando comparado com o que devia ser adequado, tenta fazer o máximo para os 9,5. Ainda assim, os seus professores acham que tem tempo para copiar no exame.
O aluno universitário recebe a pauta. 67 chumbos.
O aluno universitário deteta erros na prova. O erro não foi dele. Pode ter pecado pela quantidade de e-mails que enviou ao regente da cadeira, mas o erro não foi dele. O aluno universitário só quer comunicar calmamente com o professor, pois toda a gente erra. O docente acusa-o de achar que o respetivo tem falta de profissionalismo, e demonstra-se ofendido. O aluno universitário não responde, pois tem medo do que o professor fará com as notas ainda não recebidas, e se voltar a lecionar e avaliar noutras cadeiras.
O aluno universitário cala-se, sente-se oprimido na luta pelos seus direitos. O professor tem demasiado poder dentro da faculdade que o aluno também frequenta.
O aluno recebe as notas de outra cadeira. Já saturado, cansado, e oprimido, pede revisão de prova. E é-lhe dito que devia lutar pelos seus direitos e contra o sistema de ensino. Como?
O aluno universitário escreve este texto. E tem medo que possa acontecer algo.
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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