O que te move?

E pur si muove (no entanto [a terra] se move) – Galileu Galilei.

O que te move? Acabar o curso? Conseguir boas notas? Ser o(a) melhor aluno(a) do curso? Ser reconhecido(a) pelo elevado desempenho?

Adquirir competências para ser um(a) bom/boa profissional? Compreender com profundidade a tua área de estudo?

Que tipo de objetivos defines para ti próprio(a)? Cada um de nós pode mover-se mais pelos aspetos mencionados no primeiro conjunto de questões (objetivos relacionados com o produto) ou mais pelo segundo (objetivos relacionados com o processo e a aprendizagem) ou, ainda, pelos dois. O problema é quando definimos exclusivamente objetivos relacionados com o produto final. É interessante definir a meta final (por exemplo, acabar o curso), contudo, por si só, não é suficiente. Como chegar até lá? Qual o caminho (o processo) para atingir essa meta? Qual a qualidade do teu envolvimento na aprendizagem? A resposta a este tipo de questões depende essencialmente de ti! Depende, por exemplo, da tua frequência às aulas, da tua preparação prévia para uma aula, da atenção e participação ativa nas aulas, das estratégias que utilizas para estudar, se optas por estudar de forma mais profunda (analisar de forma crítica diversos materiais para compreender um determinado tópico) ou superficial (foco nos mínimos, por exemplo, lendo apenas os powerpoints das aulas). Esta caminhada é dura e, por vezes, surgem diversos obstáculos (por exemplo, a carga de trabalho é demasiado elevada, os docentes poderão não providenciar a ajuda ou feedback expectável, os conteúdos poderão não ser tão interessantes como haviam pensado) que interferem com o envolvimento e desempenho. Contudo, não determinam o teu comportamento!

 



Como Angela Duckworth escreve no seu livro ‘Grit: The power of Perseverance and Passion’, “quando procuramos formas de mudar a nossa situação para melhor, temos hipótese de as encontrar. Quando deixamos de as procurar, partindo do princípio de que não podem ser encontradas, já estamos a garantir que não as encontraremos. Ou como Henry Ford afirmava muitas vezes: “Quer pense que pode ou que não pode…tem razão” (p. 205). Se projetarmos esta premissa para a experiência de um aluno universitário, não nos espantaríamos com as semelhanças. Quantas vezes já pensaram ou ouviram dizer “é isto a Universidade?”, “de que me serve assistir às aulas?”, “nunca mais conseguirei alcançar o mesmo rendimento que tinha no secundário…e esforçava-me menos”, “sinto-me perdido(a) e sozinho(a)”!

Os desafios que acompanham este contexto são, de facto, muitíssimos e variados. A diferença reside na forma como cada um encara os sabores e dissabores desta jornada. Há quem encare as dificuldades e os fracassos como novos desafios a superar, acreditando que o seu esforço e foco constantes permitirão alcançar os objetivos pretendidos; como também há quem desanime perante as contradições e ausência de progresso, deixando-se dominar frequentemente por um discurso interno derrotista (“nunca conseguirei”). Todos nós podemos olhar para as dificuldades com “lentes de desafio ou de ameaça”. Que lentes escolhes usar? Talvez possamos todos aprender algo com a perseverança e a paixão de Galileu pelo conhecer.