Já de sempre oiço a minha mãe, que nada perdeu da sua alma estudantil, falar da importância das associações de estudantes, das comissões dos cursos e dos estudantes em geral no nascimento do sentimento de revolta pré 25 de Abril.
Fala do medo, sim, mas fala das discussões políticas (muito discretas) e das manifestações estudantis que a mim só me sugerem força e vontade de mudar.
Muitas vezes sinto falta dessa energia nos dias de hoje. Não é que não sejamos seres políticos, mas falta-nos a garra. Tenho discussões ou pequenas conversas políticas praticamente todas as semanas no bar da Faculdade, ou porque nas notícias se diz que a Europa fez mais uma das suas, ou porque o Governo é novo, ou porque o Presidente da República falou demais… E como gosto dessas conversas, aprendo sempre, aprendemos sempre, floresce Democracia nelas. Mas também não são poucas as vezes que me deparo com o “Eu não ligo nenhuma a política” ou “Eu ainda não percebi a diferença entre Esquerda e Direita” ou “Os políticos são todos iguais, não há volta a dar” e quem me conhece sabe que a irritação se apodera logo de mim.
Somos estudantes universitários, a grossa maioria detentores do Direito ao Voto, e como assim preferimos ignorar a política em vez de a compreender, criar uma posição, reagir e mudar o que tanto criticamos? Por vezes pergunto-me como é que a alma estudantil se transformou num carácter de Velho do Restelo? E a culpa não é da Praxe, que a coitada não pode ser culpabilizada por tudo o que vem nos Jornais sobre estudantes universitários!
Mais uma vez não quero de todo ser conotada com generalizações, mas acho que a política devia ser incentivada por nós para nós próprios, com intervenção ou não das associações de estudantes e comunidades nas quais estamos integrados.
E já agora depois de mil discussões políticas com os vossos colegas, nunca se esqueçam de ir votar!
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Este texto faz parte de uma nova série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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