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Praxe – “um monstro papão”?

A Praxe? Todos questionam o que é a praxe, atualmente ou as pessoas deixam-se levar pelo que dizem ou realmente sabem o que é e dão as suas opiniões.

Em minha casa, a praxe sempre foi falada como uma opção minha, no entanto, quando souberam que não ia estudar perto de casa ficaram assustados pelo o que ouviam dizer, e a única frase que me diziam era “Não deixes que os capa negra te assustem, ou te tratem como um animal!”.  Realmente comecei a questionar-me do que realmente era a praxe, e ficara um pouco assustada.

Chegou o dia da mudança, o dia de ir para longe de casa, o dia de conhecer os “capa negra”, o dia de decidir ser praxada ou ser anti-praxe.  Sinceramente, cheguei lá ainda com as lágrimas a escorregar-me pelo rosto e muito assustada, mas fui recebida com um sorriso no rosto de uma doutora – “capa negra” – , não do mesmo curso que eu, mas que fez logo questão de me apresentar a pessoas do meu curso que me colocaram logo a vontade e que fizeram o que nunca esperaria, apresentaram-me as unidades curriculares e os malucos dos professores e de seguida me levaram até a minha comissão de praxe e me apresentaram.



 

Naquele dia, apenas me introduziram algumas das “regras” para ser identificada como caloira de Engenharia Informática, e o que me esperava no dia seguinte, e logo me disseram que a praxe era uma escolha minha, podia ou não ser praxada nada era obrigatório. Ao longo do tempo vivi momentos únicos, gritei por mim pelo meu curso, sujei-me de tinta ou de lama, conheci pessoas magnificas,  aproveitei dia ao dia ao máximo.

Depois de conhecer e viver apenas um momento ao lado dos “capa negra”, dos meus colegas caloiros percebi que a praxe não é aquele monstro assustador que eu li e ouvi. Só quem vive, só quem sente, só quem é protegido pelas capas negras da chuva, só quem entra na casa dos doutores e é tratado como “um filho”, só quem vive a praxe e dá-se a ela é que algum dia pode escrever e falar sobre ela.

Na praxe não há grupos, “o caloiro é solidário”, não há culpados de nada, “o caloiro é só um“, lutamos  todos uns pelos os outros, dei por mim a dizer ao meu colega do lado “não te rias” ou ele a dizer-me a mim, apoia-mos-nos e lutamos juntos.

Na praxe todos gritamos até a voz falhar e mesmo quando não aguentava-mos mais, nós continuava-mos a defender aquilo que temos no coração – o nosso curso -, falo por mim, Engenharia Informática SEMPRE!

 

Podemos ser caloiros e ser bestas, mas durante esse tempo somos a atenção , a preocupação, somos como filhos para os nosso doutores, que nos praxam mas que também nos abrem a porta de casa, que nos praxam mas que também se preocupam, que nos praxam mas que nos tratam como se fossemos da familia.  Contradições para quem não sabe o que é a praxe, mas definições perfeitas para quem sabe o que realmente é a praxe.

Se não fosse a praxe, não conhecia metade das pessoas que conheci, não tinha ido tão longe e não teria significado ou o mesmo orgulho de trajar o Traje Mazantino.

Com a praxe tornei-me uma pessoa melhor, cresci e aprendi! O meu limite está bem longe do que eu imaginava.

Caloira ontem, caloira hoje, caloira para sempre! A praxe não acabou, ainda agora começou!
“Ser caloira no IPT, ter como “capa negras” quem tive, não é outro nível e outra classe!”

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Este texto faz parte de uma nova série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

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