Ser finalista é isto. É sentir a maior alegria do mundo por findar mais uma etapa. Mas, ao mesmo tempo, sentir a tristeza e a saudade de partir da casa que nos abrigou, da família que nos acolheu, e das ruas que nos viram crescer.
O caminho começa quando chegamos novos e ingénuos a uma cidade diferente. A mesma cidade que nos ajuda a vencer os medos é aquela que, de braços abertos, nos recebe, e que agora nos vê partir. Faz parte. Faz parte da vida do estudante chegar a medo ao desconhecido, chorar por não querer ficar, chorar mais ainda por não querer partir.
O tempo não acaba, mas passa a correr. E o que passa não volta mais. É por isso que nos custa a despedida. É por isso que nos custa deixar os amigos, a família que vamos ganhando de tantas maneiras possíveis. Custa-nos, porque iremos vê-los com menos frequência. Porque nem todos escolhemos o mesmo caminho para andar.
É por isso que nos custa. Porque as responsabilidades crescem. Não que isso seja mau. Mas porque pensamos que as nossas noites de diversão estão a terminar. Não que terminem por completo. Mas ganham um significado diferente. Não é em vão que se diz que os anos de estudante são os melhores anos da nossa vida.
É por isso que nos custa. Porque nos habituamos ao nosso próprio ritmo. Ao nosso próprio horário, às nossas próprias rotinas. Fazemos o que queremos, porque ninguém impede um estudante de ser feliz. De aproveitar a cada momento a sua vida académica. De sair quantas vezes quiser. De apanhar a borracheira quantas vezes apetecer. De se apaixonar duas ou três vezes numa noite só. De chegar a casa às dez da manhã depois de mais uma noite a “bater chinelo”. De entrar numa frequência sem saber sequer o nome da cadeira.
É por isso que nos custa. Porque aprendemos a viver tudo como se fosse a última vez. E a última vez da nossa vida académica sempre chega. Onde todos os finalistas carregam nas mãos as memórias que viveram e as pessoas com quem as partilharam.
É por isso que nos custa. Porque temos de deixar as ruas onde crescemos. Onde fizemos amigos. Onde estudamos. Onde rimos. Onde choramos. Onde nos apaixonamos. Onde nos tornamos aquilo que hoje somos.
Partimos, mas um bocadinho de nós ficará sempre nestas ruas. E estas ruas farão sempre parte da nossa vida.
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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