Sei como te sentes. Chegaste à escola no dia da saída dos exames e não passaste. Tu já sabias, a tua esperança é que não. Vais ter que ficar um ano a repetir uma disciplina e os teus amigos vão todos para a faculdade, parece que olham para ti com superioridade ou então como coitadinho, há até quem goze contigo e nos familiares sente-se aquele olhar de desilusão e de “como é que vai ser agora?”.
Primeiro, tem calma, está tudo bem, não é o fim do mundo. Eu sei do que falo. Fiquei um ano a repetir Matemática A, mesmo tendo média de 15 no geral. Reprovei.
Chorei. Gritei. Deitei a casa abaixo, descarreguei a minha frustração em toda a gente (que não merecia) e quis até mudar de escola. Ninguém tinha culpa mas eu achava que o mundo estava contra mim. Fiz de tudo para passar mas nem na segunda fase consegui obter a nota que precisava. Se calhar não fiz tudo, não foi suficiente.
Chorei tanto. Foi um verão terrível e quando saíram as colocações ainda chorei mais, chorei até ficar doente. Não tinha conseguido concluir o 12º ano e não ia para a faculdade. Se tive vontade de desistir? Sim. Se queria seguir outra coisa sem ser o ensino superior? Sim. Se ia desistir dos meus sonhos? Sim. Se os outros acreditavam também nisto? Sim. Sim, sim e sim.
Mas eu não fiz nada disto.
Eu levantei a cabeça, limpei as lágrimas e fui repetir a Matemática A com toda a determinação do mundo. No primeiro dia de aulas levei com piadas mas superei de uma maneira que nunca pensei superar. Nem todos os dias foram fáceis, sentia-me deslocada e cheia de ouvir a repetição da matéria. Foi muito difícil!
Foi um ano em que aprendi muito sobre mim e sobre aquilo que realmente queria, ou melhor, tive a certeza daquilo que realmente queria. Estudei o dobro ou o triplo daquilo que antes estudava e lutava contra as minhas dúvidas e as minhas dificuldades. Não vou contar uma história de heróis, não foi nada fácil, nem cheguei ao exame e tirei vinte valores, não. Eu estudei o ano todo, eu foquei-me e esqueci aquilo que os outros estavam a viver, vivi a minha vida e no fim, eu passei, eu passei no exame e concluí os meus estudos. E melhor? Entrei no curso que sempre quis! O curso dos meus sonhos. (Que fica para outro texto)
Não é impossível e não são os outros que te têm de dizer isso, és tu, a ti próprio. Não há nada que não possas fazer e nada que não consigas alcançar. Na vida vais cometer muitos erros e ter vontade de recuar e fazer as coisas de maneira diferente mas não é assim que vais crescer, a vida tem a obrigação de te meter à prova e se estás na situação em que eu estive há um ano atrás, só te posso pedir que não desistas de alcançar os teus objetivos, toda a gente tem contra-tempos, toda a gente tem um ritmo. Não precisas de acompanhar os outros, não precisas de andar à mesma velocidade que os outros, será quando tiver de ser, quando te sentires preparado.
Não somos todos iguais mas devemos ter todos a mesma vontade de vencer na vida e perseguir aquilo que faz o nosso corpo vibrar. Este ano não conseguiste mas ainda vais conseguir e nessa altura, espero que te lembres das minhas palavras, TU CONSEGUES, PORQUE TU ÉS O/A MAIOR. Vai em frente, luta, luta, luta e luta. Serás feliz, serás muito feliz.
A vida só faz de ti vencedor, depois de te ensinar a lutar.
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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