Um estudo hoje divulgado pelo Edulog, o think tank da Fundação Belmiro de Azevedo, revela que trabalhadores com mestrado em Portugal podem ganhar quase o dobro do que aqueles que apenas concluíram o ensino secundário. O relatório, com base em dados do PlanAPP (Centro de Competências de Planeamento, de Políticas e de Prospetiva da Administração Pública), analisa as diferenças salariais consoante o nível de escolaridade e confirma que o investimento em estudos superiores continua a ter retorno, especialmente ao nível do mestrado.
De acordo com os dados, em 2021, o chamado “prémio salarial” — ou seja, o ganho adicional em relação a quem apenas concluiu o 9.º ano — era de cerca de 15 % para quem terminou o ensino secundário. Para quem obteve uma licenciatura, esse prémio subia para 40 %. Já os detentores de um mestrado apresentavam um ganho ainda mais expressivo, aproximando-se do dobro do salário de quem tem apenas o ensino secundário.
Apesar de os ganhos associados à licenciatura ainda serem significativos, o estudo mostra que têm vindo a diminuir ao longo do tempo. Em 1996, o prémio salarial de um licenciado face a quem tem o secundário era de 54 %, caindo para 47 % em 2010 e para 40 % em 2021. O mesmo aconteceu com o prémio salarial do próprio secundário, que atingiu um pico de 27 % em 2006, descendo para os atuais 15 %. Em sentido contrário, o mestrado tem vindo a ganhar cada vez mais relevância no mercado de trabalho, sendo hoje o nível de qualificação com maior retorno salarial.
O estudo destaca ainda que as áreas de formação têm um impacto determinante nos salários. Os cursos ligados às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) são os que apresentam os prémios salariais mais elevados, chegando a mais do dobro do salário de um trabalhador com o secundário. Seguem-se áreas como engenharias, ciências exatas e saúde, onde tanto a licenciatura como o mestrado garantem retornos consideráveis. As ciências empresariais e o direito também se destacam, sobretudo ao nível do mestrado, com prémios salariais acima da média nacional.
Os autores do estudo alertam, contudo, para uma crescente desigualdade interna a cada nível de escolaridade. Isto significa que, embora existam prémios salariais elevados associados ao ensino superior, uma parte significativa dos licenciados e mesmo dos mestres recebe salários apenas ligeiramente superiores aos do secundário, revelando uma dispersão considerável nos rendimentos.
Em síntese, o relatório sublinha que, apesar de os prémios salariais da licenciatura e do secundário estarem em queda, o mestrado surge como o grande diferencial no mercado laboral português. Apostar num mestrado, sobretudo em áreas técnicas e de elevado valor acrescentado, continua a ser uma das formas mais eficazes de melhorar significativamente as perspetivas salariais no país.