Prémio Salarial vs IRS Jovem: o que vale mais a pena?

Foto de deagreez | Depositphotos.com

Para os recém-licenciados e mestres que entram agora no mercado de trabalho, a escolha entre devolução das propinas e IRS Jovem tornou-se uma decisão central. Até aqui, era possível acumular os dois apoios, mas a partir de 2026 os novos pedidos vão obrigar a optar. A pergunta é inevitável: qual destes benefícios compensa mais?

A devolução das propinas, também conhecida como prémio salarial, foi criada para apoiar jovens até 35 anos que concluíram o ensino superior. O seu funcionamento é simples e garante um valor fixo: 697 euros por cada ano de licenciatura e 1.500 euros por cada ano de mestrado. Assim, quem terminou uma licenciatura de três anos pode receber três prémios anuais de 697 euros, enquanto um mestre de dois anos pode receber dois prémios de 1.500 euros. É um benefício previsível, independente do salário ou da retenção de IRS, o que lhe dá alguma segurança.

Já o IRS Jovem é um regime fiscal que isenta ou reduz o imposto a pagar sobre os rendimentos do trabalho durante vários anos após a conclusão dos estudos. Em 2025, foi reforçado e passou a abranger jovens até aos 35 anos, com possibilidade de beneficiar ao longo de dez anos. A grande diferença em relação à devolução das propinas é que o valor do benefício não é fixo: depende diretamente do salário e da carga fiscal de cada trabalhador. Para quem tem rendimentos médios ou elevados, o impacto pode ser muito significativo, traduzindo-se em milhares de euros de poupança.

Mas afinal, onde está a linha que separa a melhor escolha? As simulações realizadas pelo Doutor Finanças para 2025 ajudam a perceber. Nos casos de licenciatura, quem recebe até cerca de mil euros brutos por mês ganha mais em optar pela devolução das propinas, uma vez que a poupança com o IRS Jovem neste patamar é inferior ao prémio de 697 euros. Porém, a partir de salários brutos na ordem dos 1.680 euros, a balança vira claramente a favor do IRS Jovem, que permite poupar muito mais do que o valor fixo do prémio. Para os mestres, os limiares são diferentes: até cerca de 1.261 euros brutos mensais, os 1.500 euros anuais da devolução compensam mais. Mas acima de valores próximos dos 2.500 euros, o IRS Jovem passa a trazer um benefício superior.

 

Há ainda um caso especial: o salário mínimo nacional. Quem aufere este rendimento paga pouco ou nenhum IRS, pelo que o regime de IRS Jovem praticamente não traz vantagem. Nessas situações, a devolução das propinas surge quase sempre como a escolha óbvia, garantindo um reforço certo no rendimento anual.

Em resumo, a decisão depende sobretudo do salário bruto mensal. Para rendimentos baixos, incluindo o salário mínimo, a devolução das propinas é a opção mais vantajosa, porque oferece um ganho seguro. Para rendimentos médios e elevados, o IRS Jovem permite poupanças muito mais expressivas, sobretudo nos primeiros anos em que a isenção é maior. Seja qual for a escolha, a regra de ouro é simples: antes de decidir, vale sempre a pena simular os dois cenários e perceber qual traz mais retorno no caso concreto de cada jovem.