Boa parte dos que vivem ou viveram no passado recente o ensino superior terão tido oportunidade de se aperceber que algo estaria… deslocado.
A vivência no ensino superior, nos dias que correm, padece de algo que julgava intrínseco às relações sociais… a partilha: de momentos; opiniões; talentos; receios; conhecimentos; sensações. As pressões da conjuntura económica fizeram sentir-se na conjuntura social e esta, inevitavelmente, na estudantil. A moldura relacional no meio do ensino superior parece cinzenta, quebrada, desenquadrada do espectável.
O percurso é simples: entrar; alcançar resultados; conseguir o(s) diploma(s); ingressar no mercado de trabalho. A par destes objetivos deveriam encontrar-se a convivência académica, o ingresso nos órgãos representativos, a colaboração com direções, a constituição de organismos, a experiência relacional de partilha de conteúdos e interpretações sobre os diversos temas.
Todos os supostos frutos da relação social proporcionada pelo ensino superior estão, progressivamente, a caminhar no sentido da obsolência, estando num ponto de mera ocasionalidade.
Mais que conhecimentos científicos, mais que diplomas, mais que resultados estatísticos, aprender a conviver, partilhar opiniões, dar um novo impulso à nossa identidade junto dos que nos rodeiam e tanta vez ignoramos.
O anonimato estudantil arrasa o que de melhor temos nesta vida académica, nós próprios e os outros e por isso mesmo há que revalorizar as competências que advêm da relação académica, há que dar relevo à capacidade relacional a par, ou mesmo em detrimento da capacidade técnica.
Abandone-se o egoísmo crónico e os “ideais do canudo”, pois dignificam o conhecimento mas não a vivência.
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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.
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