Não se desabituem de sonhar

Não se desabituem de sonhar. Não se desabituem de lutar. Não se desabituem de acreditar. O ser humano tem muito essa coisa de desistir antes de concretizar. Sejam mais inteligentes que a vontade que vos leva para o fundo, sejam mais inteligentes que todas as pessoas que dizem que não são capazes, mas, acima de tudo, sejam mais inteligentes que o sussurro que vos diz que vai dar tudo errado.

A minha história é mais uma no meio de tantas outras… Mas é a minha e que pode servir de exemplo a muitos. Tenho vinte anos e só agora é que sou caloira. É verdade, fui caloira há dois anos atrás mas não com o mesmo sentimento. O sentimento pelas pessoas que conheci e por tudo que me passaram está, sem dúvida, no meu coração, e de uma maneira muito especial, mas a única diferença é que desta vez o sentimento pelo curso e pela casa à qual pertenço também está, enquanto isto antes não existia. Existem muitas pessoas que lutam pelo seu lugar em Medicina, eu lutei pelo meu lugar em Ciências Farmacêuticas, mas acreditem que a forma de lutar e o que se sente é igual.



A luta começa a partir do momento em que entro em Química (a última opção) e que não me identifico com o curso. Decidi abandonar o curso e aplicar-me apenas nos exames nacionais durante um ano. É verdade que tudo tinha para dar certo até ao momento em que voltei a não entrar. No ano a seguir entrei em Engenharia Química e por muito que não fosse a minha primeira opção, as pessoas e casa onde tinha entrado faziam-me sentir bem e todo aquele espírito académico. Acreditei durante muito tempo que o meu sonho não iria passar apenas de um sonho, até porque naquele momento Engenharia Química estava a fazer todo sentido, mas nem sempre as coisas são como parecem ou como nós queremos que elas pareçam. Nesse mesmo ano em que tudo estava a parecer começar a resultar vejo-me por momentos a entrar pela porta do hospital e a perceber que estava com uma depressão e que mais um ano iria ter de deixar tudo para trás. É verdade que a depressão não apareceu nesse ano, mas manifestou-se mais nesse ano. Mais uma vez estava em casa sem poder estudar e a única coisa que podia fazer era descansar. Por entre consultas com psicólogos e com psiquiatras é que se encontra novamente a força para lutar. Mal pude voltar a estudar, decidi que mais uma vez ia voltar a fazer os exames nacionais. Sabem, hoje estou no curso com que sempre sonhei e na casa onde sempre quis.

 

Não desistam nunca. Por muito que as coisas sejam complicadas demais, vai haver sempre algo ou alguém que nos vai mostrar que existem coisas bem piores e que mesmo assim existe solução para elas. Como é óbvio isto não passa apenas de um exemplo, porque existem mil e uma maneiras de encontrarmos o nosso verdadeiro lugar. Acredito muito que o segredo seja aproveitar todas as oportunidades, sejam elas boas ou más. Se entrarem num curso que não queriam e mesmo assim se virem nele no futuro, de certeza que o caminho certo será esse, mas se isso não for bem assim, lutem!! Ninguém é condenado por lutar naquilo que acredita que faz sentido.

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Este texto faz parte de uma série de textos de opinião de alunos do ensino secundário e superior sobre a sua visão do ensino e da educação.

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