Um em cada cinco jovens considera-se sobrequalificado para o emprego que tem, revela o INE

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Cerca de 21% dos jovens portugueses sentem-se sobrequalificados para os empregos que desempenham, segundo os dados divulgados esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). A estatística mostra que um em cada cinco jovens, entre os 16 e os 34 anos, considera ter mais competências ou qualificações do que aquelas que o seu trabalho exige.

O estudo, que analisa a participação dos jovens no mercado de trabalho e no sistema educativo, revela que a maioria (72,9%) dos jovens empregados ou com experiência profissional anterior reconhece uma correspondência entre as suas qualificações e as exigências laborais. No entanto, 20,8% afirmam possuir um nível de escolaridade superior ao necessário para o trabalho que desempenham, sendo que uma proporção semelhante (22,7%) diz ter mais competências do que aquelas requeridas.

Este sentimento de sobrequalificação é mais comum entre as mulheres (22,1%) do que entre os homens (19,5%), e varia com a idade — sendo mais prevalente entre os mais novos (26,3% entre os 16-19 anos) — e com o nível de escolaridade. Entre os jovens com ensino superior, 23,8% dizem estar mais qualificados do que o seu emprego exige, contrastando com apenas 9,8% entre os que concluíram, no máximo, o 3.º ciclo do básico.

Além das questões ligadas ao mercado de trabalho, os dados do INE mostram também fragilidades nos percursos educativos. Quase 17% dos jovens inquiridos indicaram ter, pelo menos, um nível de escolaridade não concluído. Desses, mais de metade (50,8%) abandonou um curso do ensino superior.

 

As razões para o abandono são diversas, destacando-se motivos financeiros ou profissionais (30,1%) e a perceção de que o curso era demasiado difícil ou desadequado às expectativas (28,2%). Outros jovens apontaram questões de saúde ou responsabilidades familiares (7,1%), e cerca de um quinto (20,5%) justificou o abandono com motivos pessoais, como mudanças de residência, desmotivação ou conflitos no ambiente escolar.

Os dados agora divulgados sublinham os desafios que muitos jovens enfrentam ao tentar articular o seu percurso educativo com a inserção profissional, mostrando também sinais de desajuste entre as qualificações obtidas e as oportunidades existentes no mercado de trabalho.