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Não entraste no ensino superior? Eis 6 alternativas para aproveitar o ano ao máximo

Os resultados das colocações no ensino superior saíram e, para alguns estudantes, o desfecho não foi o esperado. Não entrar no curso desejado — ou em qualquer curso — pode ser frustrante, especialmente depois de meses de estudo e ansiedade.

Mas a verdade é que não entrar este ano não significa ficar parado. Há várias alternativas que te podem ajudar a continuar a crescer, ganhar experiência e preparar o teu futuro académico e profissional. Eis algumas opções que deves considerar.

1. Apostar num Curso Técnico Superior Profissional (CTeSP)

Os Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP) são uma excelente alternativa para quem procura uma formação prática e mais próxima do mercado de trabalho. Com duração de dois anos, estes cursos incluem uma forte componente técnica e um estágio curricular obrigatório, o que te permite aplicar desde cedo os conhecimentos em contexto real.

São oferecidos principalmente por institutos politécnicos e conferem o nível 5 do Quadro Nacional de Qualificações, ficando entre o ensino secundário e o superior. Além disso, depois de concluíres o curso, podes ingressar diretamente numa licenciatura na mesma área, através de concursos próprios.

 

👉 Exemplo: um estudante que faz um CTeSP em Gestão Comercial pode depois transitar para uma licenciatura em Gestão ou Marketing, com equivalência a várias cadeiras. É, portanto, uma forma prática de entrar no ensino superior, mas com um caminho mais técnico e gradual.

2. Fazer um gap year — um ano de pausa com propósito

O conceito de gap year tem vindo a ganhar espaço em Portugal. Trata-se de um ano de pausa entre o secundário e o ensino superior, dedicado a experiências pessoais e de crescimento. Mas atenção: não é “um ano sem fazer nada”. É um período para investir em ti, seja através de voluntariado, intercâmbios, viagens, formações, estágios ou projetos pessoais.

 

Durante este tempo, podes descobrir novas áreas de interesse, desenvolver competências como autonomia e resiliência, e ganhar uma perspetiva mais madura sobre o que queres estudar e fazer no futuro. A Gap Year Portugal é uma das associações que ajuda estudantes a planear este tipo de experiências, com programas, bolsas e testemunhos de jovens que decidiram parar — mas para avançar melhor.

👉 Dica: um gap year bem planeado pode ser uma excelente forma de enriquecer o teu currículo e de te destacar mais tarde em candidaturas, tanto a universidades como a oportunidades profissionais.

3. Trabalhar e ganhar experiência profissional

Entrar diretamente no mercado de trabalho é outra opção válida. Trabalhar durante um ano pode trazer-te não só independência financeira, mas também competências transversais muito valorizadas, como trabalho em equipa, responsabilidade, gestão de tempo e comunicação.

Mesmo que o trabalho não seja na área que pretendes seguir, é uma experiência que te faz crescer. Podes, por exemplo, procurar empregos temporários ou part-time, estágios em pequenas empresas, ou até oportunidades em projetos locais e startups.

👉 Exemplo: um estudante interessado em Engenharia Informática pode aproveitar o ano para aprender programação online e colaborar em pequenos projetos freelance — acumulando experiência prática antes de entrar no curso.

Além disso, o dinheiro ganho ao longo do ano pode ajudar a suportar despesas académicas futuras, o que também é uma vantagem importante.

4. Fazer um “ano zero” ou inscrever-se em unidades curriculares isoladas

Nem todos sabem, mas muitas universidades e politécnicos permitem aos estudantes inscreverem-se em unidades curriculares isoladas — ou seja, cadeiras individuais de uma licenciatura, sem estarem oficialmente matriculados no curso. Isto permite-te experimentar uma área de estudo, melhorar o teu currículo e até credibilizar essas unidades no futuro, caso entres nesse mesmo curso.

Outra alternativa é o chamado “ano zero”, um programa de preparação oferecido por algumas instituições. É pensado para quem quer reforçar bases em disciplinas fundamentais ou conhecer melhor o ambiente académico antes de ingressar no ensino superior.

👉 Exemplo: se queres seguir Medicina, podes aproveitar o ano para fazer cadeiras de Biologia ou Química, ao mesmo tempo que te preparas melhor para os exames nacionais.

5. Focar-te nas melhorias e tentar novamente

Se o teu objetivo continua a ser entrar no ensino superior pelo Concurso Nacional de Acesso, então este pode ser o ano ideal para melhorar as notas dos exames nacionais. Ao repetires os exames com mais tempo para estudar e menos pressão, consegues frequentemente subir as classificações e aumentar a tua média de candidatura.

Muitos estudantes que hoje frequentam os cursos mais concorridos só o conseguiram à segunda tentativa, depois de um ano dedicado a melhorias. Há até explicadores, centros de estudos e plataformas online que te podem apoiar na preparação.

👉 Dica: aproveita também para rever as notas de candidatura das últimas edições e definir estratégias — talvez valha a pena alargar as opções de curso ou instituição na próxima candidatura.

6. Outras opções: formações curtas e online

Com o crescimento das plataformas digitais, há cada vez mais cursos online certificados — desde línguas até programação, marketing digital ou design gráfico. Formações em entidades como o IEFP, escolas profissionais ou academias privadas também podem ser boas alternativas para ganhar novas competências e enriquecer o teu percurso.

Alguns destes cursos são gratuitos e oferecem certificação reconhecida, o que pode ser útil tanto para o futuro académico como para o mercado de trabalho.

Um ano para te descobrires — e não para desistires

Não entrar no ensino superior à primeira tentativa não é um fracasso, é apenas uma pausa num caminho que pode ser feito de diferentes formas. Podes usar este tempo para aprender, amadurecer e perceber o que realmente queres seguir.

Cada percurso é único, e o mais importante é não deixares que a desmotivação te paralise. O próximo ano pode ser o teu melhor ponto de partida — e não um ponto final.